Díli,
25 fev (Lusa) - O presidente do segundo partido timorense, Fretilin, Francisco
Guterres Lu-Olo, considerou hoje que o Presidente da República falou no
Parlamento Nacional como "a voz de um puro opositor à governação" de
Timor-Leste, mas sem oferecer alternativas.
"Não
foi nem discurso nem mensagem à nação. O que se ouviu foi, sim, a voz de um
puro opositor à governação do país", escreveu Lu-Olo, numa mensagem
colocada na rede social facebook.
"O
mau da fita e que não conseguiu fazer vincar nenhuma ideia sobre qual seria o
melhor caminho para Timor-Leste se tornar um país próspero e desenvolvido. Se
não consegue desenhar nada de jeito para Timor-Leste, as palavras foram ditas
ao vento que as levou. Não aproveitam, portanto, a ninguém", disse ainda.
Lu-olo
reagia à intervenção hoje no Parlamento Nacional do chefe de Estado, Taur Matan
Ruak, que comparou os benefícios que dirigentes do país como Xanana Gusmão,
Mari Alkatiri e Lu-Olo têm dado a "familiares e amigos" com práticas
do ex-ditador indonésio Suharto.
"Desde
2013, Xanana Gusmão, Mari Alkatiri, Lu-olo [Francisco Guterres, presidente da
Fretilin] usam a unanimidade para quê? Não usam a unanimidade e o entendimento
para resolver todos os assuntos que há por resolver. Usam-na para poder e
privilégio", afirmou.
"O
irmão Xanana [ex-primeiro-ministro e atual ministro] toma conta de Timor, o
irmão Mari toma conta de Oecusse. Eu fico triste. E este vírus está a
espalhar-se. O princípio básico da democracia é a confiança. Sem isso a
democracia não funciona", disse Taur Matan Ruak.
Intervindo
a seu pedido no Parlamento Nacional, o Presidente recordou um diálogo do início
deste mês com o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo.
"Eu
lamentei que familiares e amigos do irmão Xanana e do irmão Mari tenham
beneficiado tanto dos contratos do Estado. O senhor primeiro-ministro
perguntou-me se eu queria fazer inspeção", disse.
"Eu
disse-lhe que não. Que estava apenas a falar do descontentamento que se sentia
sobre os privilégios. Com o Suharto também acontecia", disse.
Taur
Matan Ruak falava no plenário do Parlamento Nacional, a seu pedido, numa altura
em que Timor-Leste vive uma crise política em torno da decisão do Presidente da
República sobre o comando das forças de Defesa (F-FDTL), que não seguiu a
proposta do Governo, o qual defendia a renovação do mandato de Lere Anan Timur.
ASP
// VM
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