sexta-feira, 22 de julho de 2016

Associação diz que Governo de Macau deu "beijo da morte" às corridas de galgos


Macau, China, 21 jul (Lusa) - O presidente da associação de Macau Anima - Sociedade Protetora dos Animais considerou que as corridas de galgos da cidade receberam hoje o "beijo da morte" do Governo, que deu dois anos para a pista mudar de localização ou fechar.

"Isto é o beijo da morte", disse Albano Martins à agência Lusa, acrescentando que "é o beijo da morte para o canídromo", mas também, por outro lado, "provavelmente o beijo da morte para os animais".

A Anima, com organizações de defesa dos animais de vários países, tem liderado uma campanha internacional que se bate pelo encerramento do canídromo de Macau, que consideram "a pior" pista de corridas de cães do mundo.

Dadas as condições da pista, e como o canídromo já não consegue importar cães, devido ao boicote da Austrália e da Irlanda, onde se abastecia, Albano Martins diz que os 698 galgos que, pelas suas contas, estão agora em Macau continuarão a ser usados e "irão desparecendo ao longo dos dois anos".

"Ou então", a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, que explora o canídromo, "começa já a tratar do seu negócio" e "a vender os animais na China, no Vietnam ou no Paquistão, onde há pistas ilegais", acrescentou.

Albano Martins diz que a única opção para o canídromo é fechar neste prazo de dois anos, por não haver em Macau outro espaço para uma pista de cães, e assegura que a Anima vai continuar a bater-se para que lhe sejam entregues os galgos que a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen tem em seu poder, para os recolocar internacionalmente, no âmbito de campanhas de adoção.

O presidente da Anima diz que a 11 de julho escreveu de novo ao chefe do Executivo de Macau e ao secretário da Economia mostrando a disponibilidade da associação para "tomar conta do espaço do canídromo por um ano", o tempo que considera suficiente para dar um destino aos animais.

"Curiosamente, a Nova Gales do Sul [estado da Austrália] dá um ano para fechar todas as pistas e arranjar emprego para cerca de 10 mil pessoas. Macau, mais pequnino, dá dois anos, enfim...", afirmou.

"Nós geríamos o espaço, eles não tinham custos nenhuns, os custos eram nossos, nós tratávamos do pessoal que lá está (...) O Governo, pelos vistos, achou que isto iria violar a economia livre e portanto a economia livre é livre, os animais podem morrer", lamentou.

O Governo de Macau deu hoje dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, segundo um comunicado da Direção da Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ).

A DICJ diz ainda ter optado por este prazo de dois anos para um desfecho depois de levar em consideração "o contributo" das corridas de galgos "para o posicionamento" de Macau como "centro mundial de turismo e lazer" e para a diversificação do setor do jogo, assim como as "expetativas da sociedade" e as conclusões do estudo que encomendou no ano passado à Universidade de Macau, que não foi até agora divulgado.

As receitas do canídromo têm vindo a cair e em 2015 cifraram-se em 125 milhões de patacas (13,7 milhões de euros), menos 13,7% em que 2014, e menos 63% que em 2010. Representaram no ano passado 0,05% do total arrecadado por todo o setor do jogo.

"O canídromo não representa nada. As receitas todas do canídromo são receitas de duas horas ou três, no máximo, dos casinos de Macau", disse Albano Martins.

A operar há 50 anos, o Canídromo de Macau viu a licença renovada por dez anos em 2005, pelo que se gerou a expetativa de que pudesse encerrar no final de 2015.

Contudo, o Governo renovou a concessão da Yat Yuen por mais um ano.

MP (DM/ISG) // APN

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