terça-feira, 30 de agosto de 2016

Timor-Leste pode suspender acordo temporário com a Austrália, prefere negociar fronteiras


Díli, 29 ago (Lusa) - Timor-Leste poderá, unilateralmente, dar por findo o tratado temporário que governa as fronteiras marítimas entre Timor-Leste e Austrália, por não ter cumprido o seu objetivo, disse hoje um advogado do executivo timorense.

"Nunca houve qualquer acordo permanente entre os dois países. O CMATS (Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor) foi expressamente preparado como um acordo temporário, pendente de acordos permanentes", disse o jurista Vaughan Lowe, um dos elementos que acompanha Timor-Leste na questão das suas fronteiras marítimas.

Lowe falava em Haia na sessão de abertura da Comissão de Conciliação solicitada pelo Governo timorense para tentar forçar Camberra a negociar a delimitação das fronteiras marítimas entre os dois países.

"O CMATS falhou como tratado", disse Lowe, que recordou que o seu principal propósito, o desenvolvimento do poço petrolífero de Sunrise, não se concretizou e que Timor-Leste se reserva o direito de o poder suspender.

Timor-Leste já no passado declarou o acordo inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália.

A Austrália, sob cobertura de um programa de ajuda humanitária, instalou equipamento de escuta nos gabinetes de membros do Governo timorense, gravando conversas sobre os negociadores timorenses envolvidos na preparação do CMATS.

Lowe insiste que o CMATS vai terminar em breve, ainda que Timor-Leste prefira que esse processo seja feito em diálogo com a Austrália por forma a garantir uma transição pacífica para os novos acordos para a região fronteiriça.

"Isso garantiria uma transição pacífica para os dois países e para o setor petrolífero. Timor-Leste reconhece que é um país jovem, a sair de um período de grande fragilidade. A forma como lidar com este processo marcara a sua reputação perante outros estados e investidores", disse.

"Timor-Leste é o único vizinho com quem a Austrália não tem fronteira. E em breve não haverá acordos temporários", disse.

ASP // JMR

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