domingo, 12 de março de 2017

Presidente de Timor-Leste recorda "extraordinária grandeza" da missão do Lusitânia Expresso

Díli, 10 mar (Lusa) -- O Presidente timorense, Taur Matan Ruak, exprimiu hoje "gratidão e reconhecimento" aos participantes na missão "Paz em Timor", a bordo do navio Lusitânia Expresso, há 25 anos, que considerou "um ato de extraordinária grandeza e de profunda solidariedade".

"Num ato de extraordinária grandeza e de profunda solidariedade, um grupo de jovens de mais de vinte países, sob a sua coordenação, reuniram esforços e deram lugar a uma iniciática que deixou marcas no movimento de solidariedade internacional pela causa do povo de Timor-Leste", afirma o chefe de Estado timorense, numa mensagem dirigida aos intervenientes, que este sábado se reúnem em Lisboa, exatamente 25 anos depois da missão "Paz em Timor".

A 11 de março de 1992, a marinha indonésia impediu o 'ferry-boat' Lusitânia Expresso de avançar em direção a Timor-Leste, onde os participantes na missão "Paz em Timor" pretendiam chegar para depositar flores no cemitério de Santa Cruz, em Díli, homenageando as mais de 200 vítimas do massacre perpetrado pelas forças indonésias a 12 de novembro do ano anterior.

A bordo, seguiam mais de uma centena de pessoas, incluindo o antigo Presidente português António Ramalho Eanes, estudantes de 23 países, e 25 jornalistas portugueses e 34 estrangeiros.

Perante a impossibilidade de alcançar Timor, as coroas de flores foram lançadas ao mar.

"Os timorenses receberam as flores que chegaram pelo mar. Mas acolheram nos seus corações este gesto de rara beleza e sentiram os seus efeitos", afirma Taur Matan Ruak, na mensagem escrita.

O Presidente de Timor-Leste recorda que "naquela frágil embarcação -- o Lusitânia Expresso -- estavam dezenas de corações que, a uma só voz, reclamavam justiça e afirmavam solidariedade para com uma causa mil vezes justa".

"Exprimo a nossa gratidão e o nosso reconhecimento pelo gesto, pelo exemplo e pela nobreza dos sentimentos que deram origem à viagem do Lusitânia Expresso às águas de Timor", destacou.

Graças à iniciativa, "uma vez mais, o mundo ficou a conhecer o que se passava em Timor-Leste e, um pouco por toda a parte, foi reavivada a convicção de que a solidariedade é um belíssimo sentimento e gera ações inovadoras".

Meses antes desta missão, em novembro de 1991, tinham sido divulgadas as imagens do "massacre perpetrado contra jovens", no cemitério de Santa Cruz, em Díli, "graças à presença de jornalistas corajosos", apontou Taur Matan Ruak.

A cerimónia de evocação dos 25 anos do Lusitânia Expresso e da Fórum Estudante decorre no sábado à tarde no teatro Thalia, em Lisboa, e tem o objetivo de refletir sobre as grandes causas do século XXI.

Na sessão participam jovens que se dedicam à intervenção cívica e social, nomeadamente responsáveis do Conselho Nacional de Juventude ou da Plataforma de Apoio aos Refugiados.

Haverá também um debate com jornalistas sobre a sua perspetiva sobre as grandes causas, prevendo-se também intervenções da embaixadora timorense em Lisboa, da atual secretária de Estado do Ensino Superior, Fernanda Rollo, e de Nuno Ribeiro da Silva, à época secretário de Estado da Juventude e apoiante da iniciativa.

Estão ainda previstas intervenções do atual presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, Emílio Rui Vilar, e do jornalista Adelino Gomes.

JH // VM

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