Díli,
09 out (Lusa) - Líderes da oposição parlamentar timorense afirmaram hoje que o
Presidente da República se mostrou "ansioso" ao empossar um Governo
minoritário, sem dar tempo às forças de oposição de apresentarem uma
alternativa maioritária.
Os
responsáveis do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e do
Partido Libertação Popular (PLP) - que teceram fortes críticas mútuas durante a
campanha - querem agora liderar uma aliança de maioria parlamentar, tendo
explicado, em declarações à Lusa, os motivos da sua mudança de posição.
"Foi
um ato que foi muito ansioso do Presidente. Quando a bancada do KHUNTO decidiu
sair da coligação, foi mesmo naquele dia que o presidente indigitou o
primeiro-ministro e não tivemos tempo", explicou Arão Noé, chefe da
bancada do CNRT.
O dirigente referia-se ao facto de o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) estar inicialmente na coligação do Governo com a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido Democrático (PD), acabando depois por sair.
"Normalmente os partidos reúnem-se para assentar ideias. Mas aqui no dia seguinte foi a tomada de posse e não deu tempo para reunir. Agora conseguimos encontrar um bloco de oposição, como explica a carta, e clarificamos a nossa posição como um bloco", afirmou.
O dirigente referia-se ao facto de o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) estar inicialmente na coligação do Governo com a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido Democrático (PD), acabando depois por sair.
"Normalmente os partidos reúnem-se para assentar ideias. Mas aqui no dia seguinte foi a tomada de posse e não deu tempo para reunir. Agora conseguimos encontrar um bloco de oposição, como explica a carta, e clarificamos a nossa posição como um bloco", afirmou.
Na
semana passada, as bancadas do CNRT, do PLP e do KHUNTO -- que são maioria no
Parlamento Nacional, onde controlam 35 dos 65 lugares - escreveram ao
Presidente da República a anunciar a sua constituição num bloco de aliança
parlamentar como alternativa de Governo se o Programa do Executivo for
chumbado.
Tanto
a cúpula do CNRT como do PLP se reuniram diversas vezes com a liderança da
Fretilin, que procurou durante semanas formar uma solução de Governo, tendo
Xanana Gusmão, líder do CNRT, comprometido em agosto o partido a ser
"oposição construtiva".
Antes,
Xanana Gusmão referiu que o partido não aceitaria "propostas de
ninguém", nem convidaria "nenhum partido para formar coligações,
porque não pretende participar no Governo". Além disso, declarou que não
iria repetir-se o que ocorreu em 2007, quando o CNRT foi o segundo mais votado
atrás da Fretilin, mas, "para resolver a crise que o país vivia",
optou por formar uma aliança de maioria parlamentar.
Questionado
pela Lusa sobre o que mudou entretanto na postura de Xanana Gusmão - em virtude
da nova aliança de maioria parlamentar -, Dionísio Babo, presidente da Comissão
Diretiva Nacional do CNRT referiu-se a uma carta até agora desconhecida que o
líder histórico enviou ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo.
"A
última carta que enviou ao Presidente da República estava bem clara [...]. Já
vi a carta, em que questionava qual a forma que a Fretilin ia formar. O CNRT
estava à espera dessa resposta", disse Babo.
Não
foi possível à Lusa obter até ao momento uma cópia da carta.
Durante
o V Governo, liderado por Xanana Gusmão, o CNRT beneficiou do apoio quase
unânime da Fretilin, que no VI Governo chegou mesmo a emprestar alguns dos seus
membros do Comité Central para integrar o executivo.
Questionado
sobre o que mudou na postura do CNRT, Arão Noé disse que o CNRT "não
decidiu nada" e que ficou à espera que a Fretilin deliberasse qual das três
opções - coligação, grande inclusão ou incidência parlamentar - preferia.
"Se
naquele momento tivesse optado por uma opção destas, teríamos colocado a nossa
posição. Não decidimos nada. Estávamos à espera de qual seria a opção do
partido mais votado, que não pode usar as três de uma vez", disse.
Por
seu lado, o vice-presidente do PLP, Fidelis Magalhães, explicou o afastamento
da coligação de Governo com o princípio de "não facilitar o controlo de
apenas um partido político a todos os órgãos de soberania".
"O
PLP decidiu não viabilizar uma plataforma de coligação porque a Fretilin
avançou com uma proposta de também ter o controlo do parlamento e naturalmente
também do Governo", explicou.
Atualmente,
em Timor-Leste, o Presidente da República é Francisco Guterres Lu-Olo, que é
presidente da Fretilin. Mari Alkatiri, secretário-geral do partido, lidera a
coligação de Governo e Aniceto Guterres Lopes preside ao Parlamento Nacional.
A
eleição para a presidência do Parlamento Nacional evidenciou as divisões neste
órgão e Aniceto Guterres foi eleito com apenas um voto de diferença e numa
altura em que ainda decorriam as negociações para formação de Governo, que
nesse momento deveria ser maioritário, com a Fretilin, o PD e o KHUNTO.
Depois
do precedente aberto na última legislatura - em que o presidente do Parlamento
Nacional foi afastado do cargo - qualquer das bancadas pode pedir a destituição
do líder do órgão de soberania, sendo necessária apenas a maioria absoluta.
Fidelis
Magalhães constesta ainda a pouca clareza da Fretilin sobre "que
mecanismo" preferia - coligação, grande inclusão ou incidência parlamentar
-, o que para o PLP "não demonstrou nenhuma segurança nem confiança"
criando "um certo desconforto na interpretação da intenção da
Fretilin".
ASP
// ROC
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