Díli,
09 out (Lusa) - Os partidos da oposição timorense reiteraram hoje que podem ser
alternativa de Governo, se o Programa do Executivo for chumbado, preferindo uma
solução de aliança parlamentar (com o quinto mais votado) em vez de eleições
antecipadas.
Arão
Noé, chefe da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT),
Dionísio Babo, deputado e presidente da Comissão Diretiva Nacional do mesmo
partido e Fidelis Magalhães, líder da bancada do Partido Libertação Popular
(PLP) confirmaram à Lusa que não querem eleições antecipadas.
"Nós
não queremos eleições antecipadas. Se o Governo cai, temos outra opção. Temos
35 deputados que garantem um bloco e a governação até ao fim do mandato da
quarta legislatura", disse Arão Noé, referindo-se aos 22 deputados do
CNRT, oito do PLP e mais cinco do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO).
"O
PLP disse - tem dito várias vezes - que não queremos eleições antecipadas. Mas
como partido estamos prontos a enfrentar qualquer eventualidade, incluindo
eleições antecipadas", disse à Lusa Magalhães.
Na
semana passada as bancadas do CNRT, do PLP e do KHUNTO escreveram ao Presidente
da República a anunciar a sua constituição num bloco de aliança parlamentar
como alternativa de Governo se o Programa do Executivo for chumbado.
O
atual executivo, que tomou posse a 15 de setembro, é liderado por uma coligação
do primeiro e do quarto partidos mais votados, a Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) - 23 deputados - e o Partido Democrático
(PD) - sete.
Arão
Noé, chefe de bancada do CNRT, afirma que a carta - em papel timbrado do
Parlamento Nacional - está "baseada na orientação dos três partidos",
confirmando que os líderes máximos do CNRT e do PLP, Xanana Gusmão e Taur Matan
Ruak, "ainda não" falaram.
Dionísio
Babo também refere que os dois líderes - cuja relação está deteriorada há
vários meses -- não conversaram, ficando pouco clara a posição de Xanana
Gusmão, atualmente fora de Timor-Leste.
"Este
bloco que foi formado tem a bênção da Comissão Política Nacional do partido,
mas no diz respeito ao presidente [Xanana] ainda está fora e até hoje ainda não
tivemos um contacto formal", disse.
Apesar
de contestarem a forma como o executivo foi formado, quer o PLP quer o CNRT
dizem que é "prematuro" avaliar se vão ou não apresentar uma moção de
rejeição do Programa do Governo, preferindo esperar até receber e analisar o
texto.
Porém,
rejeitam que possa ser especulação a carta em que se oferecem como alternativa
caso o programa chumbe, enviada ainda antes de o texto do executivo ser
conhecido.
"A
oposição faz o seu papel que é propor um programa e até governação alternativa.
Isto não é especular. Especular é dizer que o Governo vem ao PN trazer um
programa de que os partidos da oposição podem gostar", afirmou Magalhães.
Babo
deixou antever, no entanto, que a posição da oposição sobre o programa pode vir
a ser tomada em bloco e não em termos partidários.
"Depois
da formação do bloco, claro que essa questão tem que ser discutida dentro do
contexto do bloco. O CNRT não vai agir como partido singular, mas irá agir
conjuntamente com os outros partidos da oposição. Temos que ver como podemos
participar de forma construtiva e crítica neste ato parlamentar", afirmou.
Sobre
as amplas criticas que o PLP fez no passado ao CNRT, ao seu Governo e aos
deputados do partido e ao seu líder, Xanana Gusmão, Magalhães disse que o
"CNRT não é o inimigo do povo" e que é possível, pela "dinâmica
política", que "uma decisão politica possa mudar de um dia para o
outro ou dependendo de novas ideias".
"Apesar
de haver diferenças entre o PLP e o CNRT no passado, com conversas sérias e
baseadas no programa pode haver eventualmente um entendimento programático
entre todos os partidos. Isto é muito normal. É assim que se faz em
democracia", disse.
Também
Arão Noé referiu que "a política é assim" e que "não há inimigo
permanente, não há amigo permanente", mas apenas "consenso nos
programas" permitindo em caso de entendimento avançar.
Adérito
Hugo da Costa, que foi presidente do Parlamento Nacional e se mantém como
deputado do CNRT, inverteu a pergunta da Lusa, dirigindo-se à própria Fretilin.
"Temos
que fazer a mesma pergunta ao contrário. Como é que depois das críticas a
Fretilin e o PD encontraram uma plataforma?", questionou.
O
debate do Programa de Governo, aprovado na sexta-feira pelo executivo, decorre
na próxima semana no Parlamento Nacional.
ASP
// ROC | Foto em Independente
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