Díli,
04 out (Lusa) - O Banco Mundial prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de
Timor-Leste cresça 4,2% em 2018, acima dos 2,4% registados este ano, e 5% em
2019, indica um relatório hoje divulgado.
Num
país onde os gastos públicos são o principal motor económico, o Banco Mundial
(BM) prevê o regresso do crescimento em 2018 depois de este ano a
"volatilidade do gasto do Governo devido às eleições ter contribuído para
reduzir o crescimento".
O
relatório do BM sobre a situação económica no leste da Ásia e no Pacífico
indica que o crescimento do PIB em Timor-Leste deverá ser este ano de 2,4%, uma
queda acentuada relativamente aos 5,7% de 2016, sendo de notar a queda
"abrupta" em gastos de capital.
Timor-Leste
realizou eleições presidenciais em março e legislativas em julho.
"Espera-se
que o crescimento acelere para 4,2% em 2018, algo abaixo da projeção de abril,
devido à incerteza sobre o programa económico que o novo Governo
apresentará", refere o relatório.
O
documento mostra alguma preocupação sobre o nível de crédito malparado em
Timor-Leste, que fixa em 15,3% do total em 2016 - é o valor mais alto de
economias de ilhas desta região - ainda que isso represente uma queda de 50% em
apenas quatro anos, quando era de 30,8%.
Em
termos de preços, a análise do BM nota a contração em 2015 e 2016 devido à
redução dos preços do barril de petróleo, que desde então têm vindo a
"aumentar lentamente".
O
Banco Mundial prevê ainda que o crescimento do consumo privado -
"indicador essencial relacionado com o ritmo da redução da pobreza - seja
"mais reduzido em 2017 do que em anos anteriores".
Globalmente,
o relatório nota que Timor-Leste é um dos países da região onde "a pobreza
extrema afeta uma percentagem relativamente elevada da população", o que
exige medidas que favoreçam o "crescimento inclusivo".
O
BM assinala que "a pobreza em Timor-Leste diminuiu desde 2007", de
50% para 42%, caindo ainda mais se for usado o indicador internacional de
pobreza (1,9 dólares norte-americanos por dia), com base no qual caiu de 46,8
para 30,3%.
"Essas
reduções na pobreza foram acompanhadas de outras melhorias no padrão de vida,
incluindo aumentos no acesso à eletricidade, qualidade de habitação e
propriedade de ativos", nota.
No
capítulo dedicado a Timor-Leste, o documento refere que apesar de "alguns
sinais de crescimento no setor privado, particularmente nos setores não
comerciais e no turismo", ainda "está por ver-se se este crescimento
pode ser sustentado, podendo depender da eficácia do programa económico do novo
Governo".
O
BM nota que o consumo público cresceu 5,7% em 2016, caindo este ano, com os
indicadores de consumo privado a serem positivos: registos de carros aumentaram
8% e o número de visitantes estrangeiros aumentou 6,6%, o que contribuiu para
um crescimento do consumo privado de 4,2%.
O
setor petrolífero continua em queda, com a produção a dimimuir 8% em 2016 e 16%
no primeiro trimestre deste ano.
As
contas públicas "passaram de um grande excedente em 2014 e anos anteriores
para um défice de 14,7 por cento em 2015, e de 29,8 por cento do PIB não
petrolífero em 2016".
As
receitas do petróleo diminuíram, com as receitas governamentais totais a caírem
de 190% do PIB em 2014 para 80% em 2015 e 72% em 2016.
O
saldo do Fundo Petrolífero, que era de 16,5 mil milhões de dólares norte-americanos
(cerca de 14 mil milhões de euros) no final de 2014, passou para 15,8 mil
milhões de dólares no final do ano passado, com a dívida pública a ser
"relativamente baixa, de 3,9 por cento do PIB, ou cerca de 66 milhões de
dólares no final de 2016".
Em
2016, as receitas domésticas não petrolíferas foram ligeiramente mais elevadas,
fixadas em 11,9% do PIB não petrolífero, mas voltaram a cair este ano. As
exportações de café atingiram as 29 mil toneladas em 2016, mais 20%.
O
crédito ao setor privado esteve estagnado nos últimos dois anos, recuando 1,8
por cento em 2016, com uma ligeira recuperação de 2,8% no primeiro trimestre de
2017, em termos homólogos.
O
relatório indica a existência de sinais de alguns investimentos
"robustos" para os próximos anos, mas nota os riscos associados à
queda da produção petrolífera pelo que insiste na "difícil tarefa de
diversificação a economia e a melhoria dos serviços públicos que são
necessários para derrubar os alarmantes altos níveis de pobreza".
As
debilidades nos quadros legislativos e na capacidade institucional em áreas de
propriedade económica e justiça comercial e a necessidade de maior mobilização
de receitas públicas são outros dos desafios apontados.
ASP
// EJ
Sem comentários:
Enviar um comentário