Díli, 17 mai (Lusa) - O
primeiro-ministro timorense e líder da Fretilin, segundo partido mais votado
nas legislativas de sábado, declarou hoje que não se vai demitir da liderança
da administração regional de Oecusse, apesar da derrota eleitoral.
"Não falo sobre isso. É uma
questão de concorrência de competências entre vários órgãos de Estado",
afirmou Mari Alkatiri, ao ser questionado pela Lusa sobre a exigência feita pela
liderança da AMP, que venceu as eleições, para que apresentasse a demissão.
"Só me demito se houver
alguma razão em termos de gestão, porque as eleições não foram para eleger o
presidente da ZEESM. Foram eleições gerais", disse o líder da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), numa referência à Zona
Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) na Região Administrativa
Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Na terça-feira, os líderes da
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak,
disseram esperar que Mari Alkatiri "se demita", como prometeu, de
responsável da região administrativa especial de Oecusse.
"A nossa premissa eleitoral
é de que, se vencêssemos, o senhor Mari se retirava. Segundo: o senhor Mari
prometeu que, se não atingisse mais de 20 mil votos, ia resignar", disse
Taur Matan Ruak, "número dois" da AMP, em conferência de imprensa.
"Estamos à espera que ele
resigne, como 'gentleman', como político, que cumpra a sua palavra",
acrescentou Xanana Gusmão, líder da AMP.
Os comentários surgiram na
sequência da vitória da AMP nas legislativas de sábado, em que a coligação da
oposição conquistou uma maioria absoluta de 34 lugares entre os 65 do
Parlamento Nacional.
Na Região Administrativa Especial
de Oecusse-Ambeno (RAEOA), a AMP venceu a bateu Fretilin por uma diferença de
mais de 11.600 votos.
A nível nacional, Oecusse foi a
única região onde os votos no partido caíram em relação ao voto de julho de
2017, tendo subido em todos os outros municípios e na diáspora.
Apesar de líderes da Fretilin
continuarem a gerir a região, o partido obteve apenas 10.800 votos contra os
mais de 22.400 da AMP.
A derrota levou Arsénio Bano -
que ficou a assumir o cargo de presidente interino da RAEOA em substituição de
Mari Alkatiri, quando este assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2017 - a
apresentar um pedido de desculpas na rede social Facebook.
O voto de sábado deu à AMP mais
de 305 mil votos, ou 49,56% do total, o que permite que forme o VIII Governo
constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.
Em segundo lugar ficou a
Fretilin, que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve
cerca de 211 mil votos, ou 34,27% do total, mantendo o mesmo número de
deputados, 23.
No Parlamento estará também o
Partido Democrático (PD), parceiro da Fretilin no VII Governo, que perdeu dois
deputados para ficar com cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do
total.
ASP // EJ
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