quinta-feira, 17 de maio de 2018

Mari Alkatiri não se demite de gestão de enclave de Oecusse


Díli, 17 mai (Lusa) - O primeiro-ministro timorense e líder da Fretilin, segundo partido mais votado nas legislativas de sábado, declarou hoje que não se vai demitir da liderança da administração regional de Oecusse, apesar da derrota eleitoral.

"Não falo sobre isso. É uma questão de concorrência de competências entre vários órgãos de Estado", afirmou Mari Alkatiri, ao ser questionado pela Lusa sobre a exigência feita pela liderança da AMP, que venceu as eleições, para que apresentasse a demissão.

"Só me demito se houver alguma razão em termos de gestão, porque as eleições não foram para eleger o presidente da ZEESM. Foram eleições gerais", disse o líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), numa referência à Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

Na terça-feira, os líderes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, disseram esperar que Mari Alkatiri "se demita", como prometeu, de responsável da região administrativa especial de Oecusse.

"A nossa premissa eleitoral é de que, se vencêssemos, o senhor Mari se retirava. Segundo: o senhor Mari prometeu que, se não atingisse mais de 20 mil votos, ia resignar", disse Taur Matan Ruak, "número dois" da AMP, em conferência de imprensa.

"Estamos à espera que ele resigne, como 'gentleman', como político, que cumpra a sua palavra", acrescentou Xanana Gusmão, líder da AMP.

Os comentários surgiram na sequência da vitória da AMP nas legislativas de sábado, em que a coligação da oposição conquistou uma maioria absoluta de 34 lugares entre os 65 do Parlamento Nacional.

Na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), a AMP venceu a bateu Fretilin por uma diferença de mais de 11.600 votos.

A nível nacional, Oecusse foi a única região onde os votos no partido caíram em relação ao voto de julho de 2017, tendo subido em todos os outros municípios e na diáspora.

Apesar de líderes da Fretilin continuarem a gerir a região, o partido obteve apenas 10.800 votos contra os mais de 22.400 da AMP.

A derrota levou Arsénio Bano - que ficou a assumir o cargo de presidente interino da RAEOA em substituição de Mari Alkatiri, quando este assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2017 - a apresentar um pedido de desculpas na rede social Facebook.

O voto de sábado deu à AMP mais de 305 mil votos, ou 49,56% do total, o que permite que forme o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.

Em segundo lugar ficou a Fretilin, que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 211 mil votos, ou 34,27% do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.

No Parlamento estará também o Partido Democrático (PD), parceiro da Fretilin no VII Governo, que perdeu dois deputados para ficar com cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do total.

ASP // EJ

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