Banguecoque,
09 jun (Lusa) -- Human Rights Watch (HRW) exigiu hoje à justiça da Tailândia
que deixe cair uma ação interposta contra três ativistas que denunciaram o uso
de tortura por parte do exército na região de maioria muçulmana do sul do país.
A
denúncia foi apresentada em maio pelo Comando de Operações de Segurança Interna
da região do sul do país, que inclui as províncias de Pattani, Narathiwat e Yala,
onde desde 2004 se encontra ativo um grupo separatista.
Os
militares acusaram de difamação os ativistas Somchai Homlaor, Pornpen
Khongkachonkie e Anchana Heemmina, que também enfrentam acusações por terem
supostamente difundido informação falsa na Internet.
Segundo
a HRW, a denúncia foi apresentada em resposta a um relatório de várias
organizações, apresentado em fevereiro, que documentou pelo menos 54 casos de
tortura de presumíveis rebeldes às mãos das forças de segurança nos últimos 11
anos.
"Os
militares na Tailândia atacam ativistas defensores dos direitos humanos por
denunciar em graves violações e por se colocarem ao lado das vítimas",
disse o diretor para a Ásia da HRW, Brad Adams, em comunicado.
"O
governo [tailandês] deveria ordenar a retirada da queixa e fazer o que deveria
ter feito em primeiro lugar: investigar a fundo as denúncias de tortura do
relatório", frisou.
A
organização acusou os militares, no poder na Tailândia desde o golpe de Estado
de 2014, de ameaçar com as suas ações o trabalho dos ativistas numa altura em
que "as violações dos direitos são comuns no país".
Mais
de 6.500 pessoas morreram no sul da Tailândia desde que o movimento separatista
muçulmano retomou a luta armada em 2004, depois de uma década de letargia.
Os
ataques com armas ligeiras, homicídios e atentados com explosivos acontecem a
um ritmo quase diário nas províncias de Yala, Pattani e Narathiwat, de maioria
muçulmana e etnia malaia, não obstante o destacamento de um grande dispositivo
das forças de segurança, composto por cerca de 40 mil efetivos, e da vigência
do estado de exceção desde 2005.
Os
rebeldes denunciam a discriminação que sofrem por parte da maioria budista da
Tailândia e exigem a criação de um Estado islâmico que integre estas três
províncias que configuravam o antigo sultanato de Pattani, anexado pela
Tailândia há um século.
DM
// ISG
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