quinta-feira, 9 de junho de 2016

Três ativistas levados à justiça por denunciarem torturas na Tailândia


Banguecoque, 09 jun (Lusa) -- Human Rights Watch (HRW) exigiu hoje à justiça da Tailândia que deixe cair uma ação interposta contra três ativistas que denunciaram o uso de tortura por parte do exército na região de maioria muçulmana do sul do país.

A denúncia foi apresentada em maio pelo Comando de Operações de Segurança Interna da região do sul do país, que inclui as províncias de Pattani, Narathiwat e Yala, onde desde 2004 se encontra ativo um grupo separatista.

Os militares acusaram de difamação os ativistas Somchai Homlaor, Pornpen Khongkachonkie e Anchana Heemmina, que também enfrentam acusações por terem supostamente difundido informação falsa na Internet.

Segundo a HRW, a denúncia foi apresentada em resposta a um relatório de várias organizações, apresentado em fevereiro, que documentou pelo menos 54 casos de tortura de presumíveis rebeldes às mãos das forças de segurança nos últimos 11 anos.

"Os militares na Tailândia atacam ativistas defensores dos direitos humanos por denunciar em graves violações e por se colocarem ao lado das vítimas", disse o diretor para a Ásia da HRW, Brad Adams, em comunicado.

"O governo [tailandês] deveria ordenar a retirada da queixa e fazer o que deveria ter feito em primeiro lugar: investigar a fundo as denúncias de tortura do relatório", frisou.

A organização acusou os militares, no poder na Tailândia desde o golpe de Estado de 2014, de ameaçar com as suas ações o trabalho dos ativistas numa altura em que "as violações dos direitos são comuns no país".

Mais de 6.500 pessoas morreram no sul da Tailândia desde que o movimento separatista muçulmano retomou a luta armada em 2004, depois de uma década de letargia.

Os ataques com armas ligeiras, homicídios e atentados com explosivos acontecem a um ritmo quase diário nas províncias de Yala, Pattani e Narathiwat, de maioria muçulmana e etnia malaia, não obstante o destacamento de um grande dispositivo das forças de segurança, composto por cerca de 40 mil efetivos, e da vigência do estado de exceção desde 2005.

Os rebeldes denunciam a discriminação que sofrem por parte da maioria budista da Tailândia e exigem a criação de um Estado islâmico que integre estas três províncias que configuravam o antigo sultanato de Pattani, anexado pela Tailândia há um século.

DM // ISG

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