Pequim,
06 mai (Lusa) - Portugal poderá tornar-se o primeiro país da zona do euro a
emitir títulos de dívida pública em moeda chinesa, o renminbi, avançou à
agência Lusa, em Pequim, o ministro das Finanças português, Mário Centeno.
"É
uma forma de alargar a nossa base de investidores e de atrair
financiamento", disse Centeno, no final de uma visita de três dias à
China.
Além
de reunir com o Banco do Povo Chinês (banco central), o ministro encontrou-se
também com os responsáveis pelos principais bancos chineses: ICBC, Bank of
China, Agriculture Bank of China e Postal Savings Bank of China.
"Ainda
há algum trabalho a fazer, mas [as conversações] correram bem", disse.
Portugal
pode assim tornar-se o primeiro país da zona do euro a emitir títulos
denominados na moeda chinesa, o renminbi - também designando yuan -, admitiu
Mário Centeno.
Segunda
maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos da América, a China é
também detentora das maiores reservas cambiais do planeta, no valor de 3,1
biliões de dólares.
A
captação de capital na China estará, porém, dependente da evolução do 'rating'
soberano português, atribuído pelas três maiores agências de notação financeira
- Moody's, Standard and Poor's e Fitch -, que continuam a colocar o 'rating' do
país como 'lixo'.
Portugal
precisa assim de garantir pelo menos uma avaliação BBB (baixo) a longo prazo, o
primeiro nível de investimento.
Para
que isso aconteça, é importante que o país saia primeiro do Procedimento por
Défice Excessivo, o que deverá acontecer ainda "antes do verão",
segundo afirmou esta semana o primeiro-ministro, António Costa.
A
acompanhar Mário Centeno estiveram a presidente da Agência de Gestão da
Tesouraria e da Dívida Pública, Cristina Casalinho, e o secretário de Estado do
Tesouro, Álvaro Costa Novo.
A
China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal,
comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde
e da banca.
A
internacionalização do renminbi é uma prioridade para Pequim, que quer
contrariar a hegemonia do dólar norte-americano e negociar na sua moeda
recursos como petróleo e ferro, dos quais é o maior mercado mundial, e facilitar
os investimentos chineses além-fronteiras.
Em
outubro passado, o renminbi aderiu formalmente ao cabaz de moedas do Fundo
Monetário Internacional (FMI), um instrumento criado pela instituição com a
finalidade de permitir liquidez aos países membros.
JOYP
// CSJ
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