terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Fretilin defende eleições antecipadas para solucionar impasse político em Timor-Leste

Díli, 23 jan (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, partido timorense mais votado, defendeu hoje a realização de eleições antecipadas para resolver o impasse político em Timor-Leste, garantindo que respeitará qualquer decisão do chefe de Estado.

"O Presidente quis ouvir a nossa opinião. E nem preciso de a voltar a dizer. Consideramos que o povo é soberano para tomar a decisão. O Presidente tem a competência constitucional para decidir, mas para a Fretilin deve perguntar-se ao povo para decidir. Isso significa eleições antecipadas", afirmou Mari Alkatiri aos jornalistas.

"Eu reconheço competência ao Presidente para fazer decisões. Há várias opções possíveis mas para nós, Fretilin, nenhuma das opções além das eleições antecipadas irá contribuir para resolver o problema", afirmou.

Alkatiri rejeitou a opção de um Governo de unidade nacional e igualmente um cenário em que seja formado um novo executivo liderado pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) mas com um novo primeiro-ministro.

"Sem o secretário-geral? Quem vai mandar na Fretilin para além da Fretilin? A Fretilin é que escolhe", afirmou.

"O presidente é soberano. Respeitaremos qualquer decisão dele [incluindo escolher outro partido para formar Governo] mas também esperamos que os outros respeitem se a decisão for noutro sentido", afirmou.

Mari Alkatiri falava aos jornalistas depois de uma delegação da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) ser recebida pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, que hoje ouve os partidos com assento parlamentar antes de tomar uma decisão para resolver o impasse político do país.

Além de Alkatiri, que é o atual primeiro-ministro, a delegação da Fretilin incluía o secretário-geral adjunto, José Reis, a secretária adjunta, Cipriana Pereira, e Francisco Branco, chefe da bancada do partido no parlamento.

O líder da Fretilin insistiu que o partido irá a votos sem qualquer coligação pré-eleitoral, afirmando que tem a mesma confiança no Partido Democrático (PD), atual parceiro no Governo, "como na Fretilin", e garantiu que haverá orçamento para o voto e para o funcionamento do Estado até que a situação se resolva.

Negociações depois das eleições para a formação de Governo decorrerão, disse, "com base na coerência" dos partidos relativamente ao que tenham dito na campanha.

As cinco reuniões de hoje com os partidos seguem-se, na quarta-feira, à reunião do Conselho de Estado de que fazem parte, pelos cargos que ocuparam e ocupam os líderes dos três maiores partidos: Mari Alkatiri (Fretilin), Xanana Gusmão (CNRT) e Taur Matan Ruak (PLP).

Em comunicado, a Presidência da República explica que "o chefe de Estado aproveitará os encontros com os partidos políticos e a reunião do Conselho de Estado para ouvir as opiniões mais recentes de cada um dos partidos e dos membros do Conselho de Estado antes de tomar a sua decisão para pôr termo ao atual impasse político que o país enfrenta".

Hoje ainda estão previstos encontros com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), às 10:00, com o Partido Libertação Popular (PLP), às 11:00, com o Partido Democrático (PD) às 15:00, e com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) às 16:00.

A Fretilin e o PD, que em conjunto controlam 30 dos 65 deputados, lideram a coligação de Governo e os restantes três partidos compõem, depois da formação do Governo, uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) composta por 35 deputados.

Timor-Leste vive há vários meses um período de incerteza política depois de a oposição ter chumbado o programa do Governo e uma proposta de Orçamento Retificativo, apresentando depois a moção de censura ao executivo e uma proposta de destituição do presidente do Parlamento.

Se o Governo cair, o Presidente da República tem a competência para decidir que solução se aplicará, como um novo Governo saído do atual quadro parlamentar, um executivo de iniciativa presidencial ou eleições antecipadas.

No caso de optar por formar um novo Governo, o Presidente tem poderes para demitir o atual, iniciando depois os trâmites para a formação de um executivo, sem nova votação.

As eleições antecipadas, por outro lado, pressupõem a dissolução do Parlamento Nacional o que, segundo a Constituição, só pode ocorrer no mínimo seis meses depois da eleição, período que se completou na segunda-feira.

ASP. // JH.

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