terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Segundo partido timorense oferece-se para liderar um novo Governo em Timor-Leste

Díli, 23 jan (Lusa) - O CNRT, segundo partido timorense, disse hoje ao Presidente da República que está preparado para liderar, com o apoio das restantes forças da oposição, um novo Governo para ajudar a resolver o impasse político no país.

"O senhor Presidente vai pronunciar-se com base nas várias opções, mas o CNRT sugeriu ao senhor Presidente convidar o segundo partido mais votado, com o apoio da Aliança de Maioria Parlamentar (AMP), a formar o VIII Governo", disse aos jornalistas Dionísio Babo, responsável da Comissão Diretiva Nacional (CDN) do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).

"Nós garantimos que em menos de dois meses ou num mês teremos completados todos os requisitos necessários - formação de Governo, lei orgânica e programa - para depois poder apresentar, um mês depois o Orçamento Geral do Estado de 2018" (OGE), afirmou.

Babo falava aos jornalistas depois de uma delegação do CNRT ser recebida pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, que hoje ouve os partidos com assento parlamentar antes de tomar uma decisão para resolver o impasse político do país.

Além de Babo, a delegação incluía Francisco Kalbuadi, secretário-geral do Partido, Arão Noé, chefe da bancada do CNRT no Parlamento Nacional e a deputada Albina Marçal.

Questionado sobre se o partido está confiante em melhorar os resultados obtidos em 2017, Babo foi lacónico: "Absolutamente", escusando-se a confirmar se o partido irá ou não em coligação pré-eleitoral no caso de eleições antecipadas.

"Qualquer que seja a decisão do Presidente nós respeitamos e vamos cumprir. Ainda não discutimos especificamente sobre outras questões, veremos qual será a melhor medida para o futuro", disse Babo.

Arão Noé considerou que a solução de demissão do Governo e convite ao CNRT é melhor para o país, para evitar alargar durante mais meses a situação atual.

"O senhor Presidente pode dissolver o parlamento ou demitir o Governo. Se dissolver o parlamento convocará eleições antecipadas, se demitir o Governo a AMP está pronta para assumir o Governo. Se formos para eleições, o Estado estará sem OGE 2018, e isso terá impacto económico, financeiro e politico. Cabe ao senhor Presidente chegar a uma conclusão e a uma decisão", afirmou.

"Respeitaremos qualquer cenário", disse, escusando-se a confirmar se o partido ajudará a viabilizar os necessários levantamentos do Fundo Petrolífero para pagar as contas públicas, no regime de duodécimos, até à situação estar resolvida.

Xanana Gusmão, presidente do CNRT, está ausente de Timor-Leste desde 11 de setembro e participa a partir de segunda-feira em mais uma ronda de negociações com a Austrália e com empresas petrolíferas sobre a delimitação de fronteiras marítimas e uma decisão sobre o formato de exploração dos campos de gás natural de Greater Sunrise.

As cinco reuniões de hoje com os partidos seguem-se, na quarta-feira, à reunião do Conselho de Estado de que fazem parte, pelos cargos que ocuparam e ocupam os líderes dos três maiores partidos: Mari Alkatiri (Fretilin), Xanana Gusmão (CNRT) e Taur Matan Ruak (PLP).

Em comunicado, a Presidência da República explica que "o chefe de Estado aproveitará os encontros com os partidos políticos e a reunião do Conselho de Estado para ouvir as opiniões mais recentes de cada um dos partidos e dos membros do Conselho de Estado antes de tomar a sua decisão para pôr termo ao atual impasse político que o país enfrenta".

Lu-Olo recebeu já hoje a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e tem ainda previstos encontros com o Partido Libertação Popular (PLP), com o Partido Democrático (PD) e com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

Timor-Leste vive há vários meses um período de incerteza política depois de a oposição ter chumbado o programa do Governo e uma proposta de Orçamento Retificativo, apresentando depois a moção de censura ao executivo e uma proposta de destituição do presidente do Parlamento.

Se o Governo cair, o Presidente da República tem a competência para decidir que solução se aplicará, com um novo Governo saído do atual quadro parlamentar, um executivo de iniciativa presidencial ou eleições antecipadas.

A Fretilin defendeu hoje a opção de eleições antecipadas, considerando que o povo é "soberano" e deve ser novamente chamado a decidir sobre o futuro do país.

ASP

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