O
francês Serge Atlaoui, que está no 'corredor da morte' na Indonésia por tráfico
de droga, não vai fazer parte do próximo lote de execuções judiciais no país,
disse hoje um porta-voz do Procurador-geral da Indonésia.
Questionado
sobre se os relatos de que Serge Atlaoui, de 51 anos, iria ser excluído do
próximo conjunto de execuções por mandato judicial no país, dado que ainda tem
pendente um recurso legal, o porta-voz do procurador-geral indiano respondeu:
"Sim, correto".
A
resposta das autoridades indianas surge no mesmo dia em que a França ameaçou
com consequências "diplomáticas" caso o cidadão francês fosse
executado por ordem judicial na Indonésia.
O
Governo indonésio anunciou, na quinta-feira, ter emitido a ordem para preparar
as execuções de dez condenados à morte por tráfico de droga, incluindo o
francês e o brasileiro Rodrigo Gularte.
"Se
ele (Serge Atlaoui) for executado, haverá consequências da França e da Europa,
porque não podemos aceitar este tipo de execuções", declarou à imprensa
François Hollande, à margem de uma breve visita que fez a Baku, no Azerbaijão,
referindo ainda que estas consequências serão essencialmente
"diplomáticas".
"Pelo
menos, nós faremos retornar à França o nosso embaixador em Jacarta", disse,
evocando ainda a possibilidade de uma "suspensão das conversações"
sobre cooperação previstas com o Presidente indonésio Joko Widodo durante a
reunião do G20 em Brisbane (Austrália), em novembro.
François
Hollande referiu que, ele mesmo, não está disposto a ir à Indonésia
"durante algum tempo".
"Nós
trabalhámos com os países envolvidos, a Austrália, o Brasil, para multiplicar
os esforços e garantir que não haja execuções", disse, acrescentando que
irá receber na segunda-feira o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott.
Hollande
afirmou que receberá a esposa do francês condenado à morte, "se ela assim
solicitar".
"Entendemos
que a Indonésia quer lutar contra o tráfico de drogas, mas neste caso, Serge
Atlaoui era um funcionário numa empresa e não imaginava que esta produzisse
drogas, além disso, ele não tinha antecedentes criminais", acrescentou o
chefe de Estado francês.
A
legislação antidroga na Indonésia é considerada como uma das mais severas a
nível mundial. Em 2014, o Presidente indonésio, Joko Widodo, que termina as
funções em outubro, rejeitou todos os pedidos de clemência apresentados pelos
condenados à pena capital por tráfico de droga.
Entre
os condenados à morte está o brasileiro Rodrigo Gularte, que foi preso em 2004
com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf, tendo sido condenado
em 2005.
Em
janeiro, a Indonésia executou seis traficantes de droga, incluindo o brasileiro
Marco Archer Cardoso Moreira, o que causou uma crise diplomática entre a
Indonésia e o Brasil.
A
Indonésia, que retomou as execuções em 2013 depois de cinco anos de moratória,
tem 133 prisioneiros no corredor da morte, dos quais 57 condenados por tráfico
de droga, dois por terrorismo e 74 por outros crimes.
Jornal
de Notícias – foto BEAWIHARTA/REUTERS
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