Díli,
28 nov (Lusa) - Vários portugueses retidos em Bali devido à erupção do vulcão
Agung, que obrigou ao fecho do aeroporto daquela ilha indonésia há quase 48
horas, estão a procurar soluções alternativas para regressar aos seus locais de
origem.
É
o caso de vários portugueses que vivem em Timor-Leste e que, aproveitando o
feriado de hoje e tolerâncias de ponto de segunda e de quarta-feira viajaram
até Bali para umas miniférias, não tendo agora certeza de como ou quando podem
voltar a Díli.
Oficialmente,
o aeroporto Ngurah Rai está fechado até quarta-feira de manhã, mas o aumento da
atividade do vulcão hoje leva muitos a prever que o fecho se pode prolongar por
vários dias.
Muitas
companhias aéreas cancelaram já os seus voos até domingo.
Muitos
optam, por isso, por sair de barco da ilha indonésia, viajando até Java, de
onde tentarão apanhar aviões para Kupang, na metade indonésia da ilha de Timor
ou então, para a direita, saltitando de ilha em ilha ao longo da Sonda
Ocidental, e Sonda Oriental.
Marina
Madeira, que é professora no enclave de Oecusse, foi uma das aventureiras. Em
vez de regressar para Bali das Gili, onde estava a passar uns dias, tem estado
a saltar de ilha em ilha, entre autocarros e ferries.
O
que deveria ser uma viagem de poucas horas - uma hora e 45 minutos entre
Denpasar, capital de Bali, e Díli e mais meia hora de avião entre a capital
timorense e Oecusse - tornou-se numa aventura que vai demorar mais de dois
dias.
De
Lombok para Mataram e depois Sunbawa, na Sonda Ocidental, depois Labuanbajo, na
Sonda Oriental, onde só esperam chegar às 15:00 locais de quarta-feira (05:00
em Lisboa) e de onde viajam na quinta-feira para Kupang.
"Depois
temos que decidir se voamos para Atambua [perto da fronteira com Timor-Leste] e
depois uma hora de carro até Oecusse ou se fazemos cinco ou seis horas de carro
diretas ao enclave", contou à Lusa no decurso da viagem.
"Neste
momento estamos novamente num autocarro a atravessar a ilha [de Sonda
Ocidental] para chegar a um porto que nos levará a Labuanbajo", contou.
"Está
a ser uma grande aventura. Causou bastante transtorno mas está a ser uma
experiência interessante", contou.
Geiza
Marques de Oliveira, brasileira que vive em Timor-Leste há vários anos, também
não sabe como voltar a Díli, explicando que nem sequer sabe se vai conseguir
viajar na quarta-feira de manhã da ilha onde está, Nusa Penida a sudoeste de
Bali - "a olhar para o vulcão".
"O
objetivo é voltar até Kuta (em Bali) amanhã e depois ficamos a aguardar. Agora
somos os únicos hospedes no hotel porque quem vinha cancelou e vão ficar
vazios", explicou à Lusa.
Quem
também vai "esperar para ver" é Joana Miriam Silva, professora do
projeto Formar + que foi apanhada em Bali no regresso de uma viagem a Portugal.
Chegou a fazer o 'check-in' na manhã de segunda-feira mas já na porta de
embarque foi informada do fecho do aeroporto.
"Estava
muita gente mas foi tudo bem organizado e as pessoas foram informadas e
acompanhadas por assistentes. Fiquei a primeira noite no hotel do aeroporto e
agora sair para procurar um hotel mais em conta", contou à Lusa.
"Estou
a assumir que não vamos conseguir sair durante vários dias", admitiu.
Susana
Marques, uma portuguesa que vive em Bali há sete anos, explicou à Lusa que o
impacto do vulcão se sente evidentemente no setor do turismo e nas populações
das zonas afetadas, não havendo relatos de problemas com portugueses na ilha.
"Algumas
pessoas até ficam contentes de alargar as férias. Só quem tem mesmo que sair,
por trabalho ou assim, é que está a optar por barcos. Há quem esteja a ir até
Surabaya e depois tenta voar até Singapura, por exemplo", contou.
"A
atividade do vulcão hoje aumentou imenso por isso acho que é possível que o
aeroporto fique fechado muitos dias mesmo", afirmou.
Sandra
Melo Costa, que vive em Bali há cinco anos onde é proprietária de vários
'butique-hotéis', explica que já foram canceladas várias marcações. As filhas
na escola andam com máscaras, óculos e roupa de proteção, seguindo uma
recomendação da escola.
"Está
a ter um impacto brutal na parte da hotelaria e do turismo. Nós estamos a fazer
o possível para garantir o conforto dos hospedes. Os hotéis estão a permitir o
alargamento das estadias e em alguns casos, dando descontos às pessoas",
afirmou.
"No
que se refere aos portugueses em Bali, a comunidade é pequena e a informação
que todos temos vamos circulando. Agora é uma questão de ficar à espera. Mas
toda a ilha já sente o impacto no clima, com céus cinzentos, chuvas, o que torna
a situação um pouco mais preocupante", disse.
ASP
// EL
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