O líder da coligação AMP, que
venceu com maioria absoluta as legislativas em Timor-Leste, Xanana Gusmão,
disse hoje esperar que o chefe de Estado seja "Presidente da nação e não
da Fretilin", quando considerar eventuais vetos políticos.
"O Presidente Lu-Olo, para
vetar, tem que apresentar duas razões: uma legal e outra política. Se a
política tende para o partido dele, porque não deixou de ser presidente da
Fretilin [Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente], o que é
lamentável, se é por causa disso, vou questionar", afirmou Xanana Gusmão,
numa conferência de imprensa conjunta ao lado do "número dois" da
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), Taur Matan Ruak.
"Estamos aqui dois
ex-Presidentes e vamos questionar isso. A ele, [Francisco Guterres] Lu-Olo. O
problema é que nós iremos exigir a Lu-Olo ser Presidente da nação, não um
presidente da Fretilin, colocado no Aitarak Laran", disse, referindo-se ao
Palácio Presidencial.
A maioria absoluta conquistada
pela AMP significa que a coligação tem o caminho facilitado para formar governo
e, posteriormente, aprovar o Orçamento Geral do Estado para 2018, sem
necessitar do apoio adicional de qualquer força política.
O único obstáculo poderá ser uma
eventual decisão do Presidente timorense de vetar o Orçamento Geral do Estado,
o que obrigará a um apoio de dois terços dos deputados.
Nesse caso, mesmo que a AMP faça
uma aliança com os dois partidos mais pequenos no Parlamento - o Partido
Democrático (PD, cinco lugares) e a estreante Frente de Desenvolvimento
Democrático (FDD, três mandatos) - só somaria 42 lugares, menos um dos que os
dois terços.
Francisco Guterres Lu-Olo era
presidente da Fretilin quando foi eleito, com o apoio do seu partido e do
Congresso Nacional de Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, agora
líder da AMP.
Xanana Gusmão confirmou que a
maioria absoluta conquistada pela AMP torna desnecessária qualquer eventual
coligação.
"Se só tivéssemos 32 lugares
[a maioria absoluta são 33], então teríamos que pensar no PD e na FDD. E eles
estariam sem dormir a olhar para os mobiles e handphones para ver se havia
alguma chamada. Assim não", disse.
O voto de sábado deu à AMP uma
maioria absoluta de 34 dos 65 lugares no Parlamento nacional (mais de 305 mil
votos ou 49,56% do total), o que permite que forme o VIII Governo constitucional
sem apoio adicional.
Em segundo lugar, ficou a
Fretilin, que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve
cerca de 211 mil votos, ou 34,27% do total, mantendo o mesmo número de
deputados, 23.
No Parlamento estará também o
Partido Democrático (PD), parceiro da Fretilin no VII Governo, que perdeu dois
deputados para cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do total.
Lusa | em SAPO TL
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