Díli,
26 fev (Lusa) - O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste Xanana Gusmão disse hoje
que apesar da atual tensão política, os timorenses não permitirão que volte a
repetir-se a crise de 2006 e que o país volte a ser descrito como
"falhado".
"Timor-Leste
foi chamado um país falhado, em 2006, há 10 anos. Acredito que os senhores não
estão alheios ao desenvolvimento atual de política interna do país", disse
o atual ministro do Planeamento e Investimento Estratégico timorense.
"Quero
garantir que não será a segunda vez que a comunidade internacional nos chamará
de Estado falhado ou da possibilidade de Estado falhado", disse, na
abertura de uma conferência inserida no 1.º Fórum Económico Global da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Xanana
Gusmão referia-se ao conflito que se viveu em Timor-Leste em 2006 - quando o
país esteve à beira de uma guerra civil - e ao discurso que o Presidente da
República, Taur Matan Ruak, proferiu na quinta-feira no Parlamento Nacional.
O
chefe de Estado comparou os benefícios que dirigentes do país como Xanana
Gusmão e o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, têm dado a
"familiares e amigos" com práticas do ex-ditador indonésio Suharto.
"Desde
2013, Xanana Gusmão, Mari Alkatiri, Lu-olo [Francisco Guterres, presidente da
Fretilin] usam a unanimidade para quê? Não usam a unanimidade e o entendimento
para resolver todos os assuntos que há por resolver. Usam-na para poder e
privilégio", disse ainda o chefe de Estado.
No
seu primeiro comentário público sobre as declarações, Xanana Gusmão deixou uma
mensagem de tranquilidade aos empresários presentes em Díli, ironizando com as
declarações do Presidente da República.
"A
minha única experiência em economia é dar contratos aos meus familiares. Uma
profissão que está em voga agora", disse.
Ao
mesmo tempo, falou em "'nuances' de fragilidade" dos próprios líderes
e das instituições do Estado, que estão ainda "na fase de
consolidação".
A
intervenção de Xanana Gusmão foi feita no arranque de vários debates temáticos
que pretendem analisar os laços comerciais, económicos e de investimento entre
a CPLP e a Ásia e Pacífico, capitalizando nas oportunidades da localização
geográfica de Timor-Leste.
Delegados
de 25 países, entre os quais a Indonésia, hoje representada pelo ministro do
Comércio, Thomas Lembong, participam naquele que é o maior encontro empresarial
de sempre em Timor-Leste.
"Estamos
ainda na fase de consolidação das instituições do Estado. Um processo novo que
é de construção da nação", disse, referindo que desde 2002 os empresários
timorenses são cada vez mais parte desse processo.
ASP
// MP
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