Macau,
China, 02 set (Lusa) -- O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de
Macau afirmou hoje que o restaurante português pensado para as casas-museu da
vila da Taipa, "não é uma prioridade", após a suspensão repentina do
projeto recém-anunciado.
O
governo anunciou na quinta-feira, em comunicado, a suspensão do restaurante
português, apresentado há uma semana em conferência de imprensa, justificando
que a decisão foi tomada após "acalorada discussão".
"Agora
não é prioridade", disse Alexis Tam a jornalistas, reiterando que a ideia
mereceu oposição, em linha com o comunicado que dava conta de "inúmeras
opiniões de cidadãos preocupados com a possibilidade de o projeto poder afetar
o ambiente envolvente", sem facultar mais detalhes.
Alexis
Tam também não revelou a quem pertencem ou quantas são as opiniões contrárias,
ou mesmo de onde chegaram, aparentemente no intervalo de uma semana, apesar de
terem bastado para ditar a suspensão do projeto.
O
grupo interdepartamental -- que junta o Instituto de Formação Turística (IFT),
os Serviços de Turismo e o Instituto Cultural -- indicou que houve pessoas que
exprimiram opiniões contra o Governo, disse Alexis Tam, afirmando que também
ouviu o mesmo.
A
ideia do restaurante pode ser pensada "mais tarde", "quando [se]
chegar a mais consenso", porque agora "muitas [pessoas] disseram
'não'", sublinhou, mantendo a sua posição de que seria "bom"
para otimizar a zona.
Em
muitos países, otimizam-se monumentos com cafés ou restaurantes, recordou
Alexis Tam para, de seguida, lamentar: "Só que aqui, infelizmente, as
pessoas não concordaram com a nossa ideia".
O
plano de otimização das casas-museu da Taipa previa a introdução de um projeto
de restauração de estilo português supervisionado pelo IFT, numa das cinco
casas.
As
casas-museu da Taipa, que se encontram encerradas temporariamente para as
primeiras grandes obras de manutenção e melhoramento desde 1999 e devem reabrir
no final do mês, são consideradas uma das relíquias patrimoniais e culturais
das Ilhas.
Foram
construídas em 1921 e serviam de residência aos funcionários superiores das
ilhas, nomeadamente famílias macaenses.
Na
década de 1980 foram recuperadas pelos Serviços de Turismo de Macau e, em
finais dos anos 1990, alvo de profundas obras de restauro devido ao valor
arquitetónico.
Após
essa intervenção transformaram-se em espaços museológicos (Casa Macaense, Casa
das Ilhas, Casa das Regiões de Portugal, Casa de Exposições e Casa de
Receções).
As
casas-museu foram abertas ao público a 05 de dezembro de 1999 e encontram-se
atualmente sob a tutela do IC.
Estão
hoje defronte a um mangal, um lago de características pantanosas, com muita
vegetação, incluindo flores de lótus, e dos poucos lugares em Macau onde se
podem avistar garças.
Na
zona envolvente realiza-se anualmente o Festival da Lusofonia, com concertos e
mostras de artesanato e de produtos.
DM
(FV/ISG) // JMR – Foto: Restaurante O Santos, Macau /TriAdvisor
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