quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Economia timorense deverá crescer 5,4% este ano e 3,9% em 2017 - Governo


A economia timorense deverá crescer este ano 5,4%, quase mais dois pontos percentuais do que em 2015, voltando a abrandar em 2017, quando deverá aumentar 3,9%, segundo a proposta de Orçamento do Estado.

Os dados comprovam a ligação direta entre o ritmo económico e as contas públicas - os gastos do Estado são o maior motor da economia.

O crescimento este ano aumentou devido ao valor recorde do Orçamento do Estado, que ultrapassa os 1,95 mil milhões de dólares.

No próximo ano, a economia deverá abrandar e crescer 3,9%, um ritmo inferior ao da média da região da Ásia emergente e em desenvolvimento (6,4% este ano e 6,3% em 2017).

As previsões fazem parte do Livro de Panorama Orçamental que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2017, entregue no final da semana passada no Parlamento Nacional e a que a Lusa teve hoje acesso.

O Governo estima que o preço do crude mantenha uma ligeira recuperação em 2017 - para 50 dólares por barril - e prevê que haja este ano uma deflação de 1,6%, depois da ligeira subida de preços de 0,7% em 2014 e 0,6% em 2015.

A valorização do dólar é um dos fatores a contribuir para este comportamento dos preços num país onde uma grande maioria dos bens consumidos é importada.

Outro dos fatores macroeconómicos destacados pelo Governo é o preço dos produtos agrícolas, com impacto significativo, já que "uma parte considerável dos alimentos consumidos em Timor-Leste" são também importados.

Depois da queda de 29% entre 2014 e 2015, os preços recuperaram uma média de 14% este ano, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a estimar que "continuem a aumentar de forma ligeira até ao final do ano", estabilizando depois "bem abaixo dos picos registados em 2014".

Os dados do Governo mostram o crescimento da componente não petrolífera da economia, que cresceu uma média de 8,6% entre 2007 e 2014, passando a representar nesse ano 39%, ou 1,17 mil milhões de dólares, do Produto Interno Bruto (PIB) total, que ascendeu a 3 mil milhões.

A queda da produção petrolífera e o ligeiro aumento de outros setores da economia tiveram impacto neste comportamento do PIB, com o consumo das famílias - ajudado pela baixa inflação - a crescer 9,8%, "o que sugere que os níveis de vida continuam a melhorar", diz o Governo.

Há também a registar neste período um crescimento de 17,3% no investimento do setor privado, sublinha o livro orçamental, ainda que o setor não petrolífero com maior impacto no PIB seja a administração pública, que representava quase 300 milhões de dólares em 2014.

Em termos de emprego, refere que em 2014 havia 62 mil pessoas "empregadas formalmente" em empresas timorenses, mais 8% que no ano anterior, com o setor da construção civil a ser o maior empregador.

Em 2014 havia 33.800 funcionários públicos (mais 18,9% do que no ano anterior), valor afetado pela decisão de atribuir contratos de trabalho a 4.000 professores voluntários. Em 2015, aquele número passou para 34.300, mais 1,6%.

SAPO TL com Lusa Foto: Trabalhadores timorenses no porto de Díli. Foto@ António Dasiparu / EPA

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