quarta-feira, 3 de maio de 2017

Julgamento de espanhol em Díli adiado por morte de familiar de juiz

Díli, 02 mai (Lusa) -- O tribunal de Díli adiou hoje o início do julgamento de um cidadão espanhol, acusado de tráfico de estupefacientes e retido sem poder sair de Díli há quase um ano, por ter na sua posse um grama de codeína.

Luis Morales deveria ter começado a ser julgado hoje no Tribunal de Díli depois de ter sido detido com um grama de codeína, medicamento que lhe terá sido receitado em Singapura, mas o Ministério Público considera que o objetivo final do suspeito era o tráfico.

O julgamento foi adiado um mês devido à morte do familiar de um dos juízes. Inicialmente o Tribunal pretendia adiar o julgamento até setembro mas a pedidos da defesa acabou por marcar a nova sessão para 02 de junho.

Morales está com termo de identidade e residência e com o passaporte confiscado desde junho de 2017 e só seis meses depois conheceu a sua acusação.

Segundo o arguido, o medicamento foi-lhe ministrado por causa de um problema de saúde que lhe foi confirmado em Singapura e Espanha.

A acusação, a que a Lusa teve acesso, confirma que o homem foi tratado no Hospital Rafles em Singapura a 27 de janeiro de 2016, tendo-lhe sido receitado um tratamento que incluía comprimidos de codeína.

O texto refere que a 03 de junho o arguido terá enviado um SMS a alguém que a procuradora Angelina Saldanha diz não ter conseguido identificar em que, alegadamente, oferece a venda de codeína.

Pouco tempo depois, Morales foi detido durante o que o Ministério Público considera ter sido um ato de transação num bar em Díli, num momento em que o arguido tinha na sua posse 01 grama de codeína.

Na altura em que Morales foi detido, a codeína era vendida com receita médica em várias farmácias e clínicas de Díli.

Em concreto Morales é acusado como "autor material em forma consumada comum de tráfico estupefacientes" com base no artigo 97, da lei 23/1997, a lei de droga da Indonésia, que anda vigorava em Timor-Leste na altura.

Morales insistiu em declarações à Lusa que foi detido com comprimidos que lhe tinham sido receitados e que depois de três noites sob custódia policial tem estado, desde então, com o passaporte confiscado e impossibilitado de sair do país.

Pedidos de autorização para viajar a Espanha para ver a mãe, que está gravemente, doente foram ignorados pelas autoridades judiciais timorenses.

ASP // PJA

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