Por António Sampaio, da agência
Lusa
Díli, 12 mai (Lusa) - A contagem
dos votos nas eleições legislativas de hoje em Timor-Leste está a decorrer em
todos os municípios do país, num longo processo que vai ainda demorar várias
horas e em que as redes sociais vão 'batendo' os dados oficiais.
Com a contagem já terminada em
vários dos locais com menos eleitores do país e fiscais de vários partidos a
enviarem, de imediato, esses resultados para as suas máquinas em Díli, pouco
tempo depois do fecho das urnas já surgem dados parciais.
Tudo serve para ir comunicando um
escrutínio em que, oficialmente, o Secretariado Técnico da Administração
Eleitoral (STAE) só deverá começar a divulgar dados oficiais dentro de várias
horas.
Para que isso ocorra, a contagem
tem que terminar nos locais de votação, as urnas têm que ser levadas para a
sede de município e só depois de confirmadas as atas é que os dados são
divulgados pelo STAE na sua sede em Díli.
Até lá, mensagens pelo Facebook,
fotos de papeis manuscritos, contas feitas à mão - a contagem vai sendo dada,
parcialmente, com pelo menos uma tendência em comum: a maioria dos votos está a
ir para as duas forças favoritas: a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) e
a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
Uma tendência que se confirma
numa visita a qualquer centro de votação na capital onde os números das duas
forças no boletim de voto - 4 da Fretilin e 8 da AMP - são os mais repetidos.
Numa das salas de aula da Escola
30 de Agosto, na zona oriental da cidade, vários observadores, fiscais partidários
e oficiais eleitorais, sentados no chão, vão escrevendo, risco a risco, os
números que o funcionário eleitoral vai cantando: "quatro, oito, oito,
quatro".
De quando em vez, mas muito mais
raramente, um voto no "dois" do Partido Democrático ou, ainda mais
raramente, no "sete" da Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD).
A diferença entre as duas maiores
e as duas seguintes é, pelo menos na 30 de agosto, bastante significativa: a
AMP tinha 110 votos, a Fretilin 90, o PD só tinha 12 e a FDD oito.
Pelo menos aqui, duas horas
depois do fecho das urnas, ainda mais nenhuma das outras quatro forças
políticas concorrentes tinha tido votos.
A Escola 30 de Agosto, próximo da
rotunda onde está a estátua de um dos heróis nacionais, Nicolau Lobato, faz
parte do suco de Comoro, o que tem o maior número de eleitores em Timor-Leste.
Só em Comoro (onde há oito
centros de votação e 21 estações de voto) estão recenseados 28.416 eleitores. A
zona faz parte do posto administrativo de Dom Aleixo, o que tem mais votantes
no município da capital: são 71 mil ou quase metade de todos os do município.
A contagem de votos é um processo
demorado e cheio de ritual.
Momentos antes do fecho das
urnas, por exemplo, alguns oficiais eleitorais ainda perguntavam no recinto se
havia mais eleitores.
"Rápido, rápido. Está a
fechar", dizia uma das jovens do Secretariado Técnico da Administração
Eleitoral (STAE) destacada neste centro de votação.
Depois o responsável eleitoral
declarou o fecho das urnas e em cada uma das salas de aula onde funcionaram as
estações de voto começou o longo processo antes sequer de se começar a contar
votos.
Primeiro há que anular, com um
carimbo com as palavras "La Uza" (Não utilizado, em tétum), cada um
dos boletins de voto que não foi necessário: foram impressos mais 10% do que os
eleitores e, por isso, há muito a carimbar.
Depois são seladas as entradas
das urnas, verificados os números de série dos selos usados, comprovados
quantos boletins foram necessários e quantos não foram e assinadas as primeiras
atas.
Cada processo de certificação é
concluído em cada uma das salas de aula e depois, perante os olhares dos
fiscais partidários, oficiais eleitorais e observadores, as urnas são
transportadas para a maior sala de aula.
E ali abertas para começar a
ouvir cantar os números e a ver escrever os riscos, em grupos de cinco, num
papel branco colado sobre o quadro da escola.
ASP // VM
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