Díli, 12 mai (Lusa) - Os líderes
dos dois partidos do Governo em Timor-Leste, Fretilin e PD, reafirmaram hoje,
numa conferência de imprensa conjunta, que "o compromisso" entre as
duas forças políticas se mantém "mais forte", apesar de terem ido
hoje a votos separadamente.
"Estamos aqui para mostrar
que o compromisso entre os dois partidos se mantém. Mesmo que tenhamos ido para
as eleições individualmente não como coligação, existe um compromisso que é
mais forte do que teria sido feito por escrito", disse hoje Mari Alkatiri,
secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin).
Mariano Sabino, presidente do
Partido Democrático (PD), disse que durante a campanha os dois partidos
apresentaram programas "quase similares", tendo como base o programa
do Governo que apresentaram em conjunto no Parlamento.
"Quando se apresenta um
programa similar, então temos que avançar em conjunto", afirmou.
Convocada pouco tempo antes do
fecho das urnas, a conferência de imprensa conjunta contou com alguns dos
principais dirigentes dos dois partidos.
Além de Mari Alkatiri e Mariano
Sabino, participaram ainda o vice-secretário-geral adjunto da Fretilin José
Reis, o vice-presidente do PD Adriano do Nascimento e a atual vice-ministra da
Educação, igualmente deste partido, Lurdes Bessa.
A conferência de imprensa
decorreu num hotel perto da sede do Comité Central da Fretilin, em Díli, e
atrás da mesa onde intervieram os líderes partidários estavam três bandeiras,
as dos dois partidos e uma de Timor-Leste.
Durante toda a campanha,
especulou-se sobre o que o PD faria caso, depois das eleições, tivesse que
escolher entre aliar-se com a Fretilin ou com a coligação da oposição, a Aliança
de Mudança para o Progresso (AMP).
Na reta final da campanha, o
próprio Mariano Sabino disse que uma decisão sobre isso seria anunciada depois
de conhecidos os resultados.
Questionado sobre qual deve ser a
opção do Presidente da República em caso de nenhum partido ter conseguido a
maioria absoluta, Mari Alkatiri disse que o chefe de Estado deve repetir o que
ocorreu no ano passado.
"O Presidente da República
deve convidar a força mais votada. E posso garantir que se a AMP [oposição] for
a mais votada, nós não vamos fazer o mesmo que eles fizeram", disse,
referindo-se à união da oposição para travar o Governo minoritário.
Uma hora depois do fecho das
urnas e ainda sem que haja quaisquer resultados apurados, Mari Alkatiri disse
que o eleitorado timorense tinha "correspondido de uma forma espetacular e
digna" ao apelo dos líderes políticos e partidos para votar.
"Em algumas partes do país,
mesmo com chuvas torrenciais, o povo conseguiu por de parte isso e continuou a
votar", disse.
"Hoje sabemos que há grande
expetativa do povo e apelo a todos os partidos e coligações que participaram
neste possesso eleitoral para que respeitem a vontade do povo e não tentem
arranjar estratagemas ou razões para por em causa a legitimidade do voto do
povo", considerou.
Alkatiri, que se recusou a
comentar alargadamente várias suspeitas sobre irregularidade levantadas pela
oposição - além de considerar que "não têm valor" -, disse que
"o povo votou com consciência" e as instituições eleitorais trabalham
"com profissionalismo".
"Agora não é tempo de
campanha, é de respeitar a vontade do povo. Se há duvidas há caminhos a que
podem recorrer incluindo ao tribunal", afirmou.
Mariano Sabino também quis
agradecer ao eleitorado a participação, insistindo na necessidade de
"respeitar a voz do povo", cabendo às forças políticas
"respeitar o resultado" produzido pela "festa da
democracia".
ASP // VM
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