quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

PR timorense despede-se das forças armadas e recorda privilégio de ter sido soldado

Díli, 02 fev (Lusa) - O Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, despediu-se hoje das forças de defesa destacando o "privilégio" de ter sido soldado e agradecendo o trabalho dos que lutaram pela independência e pela construção das instituições de Timor-Leste.

"Hoje é a minha vez de dizer obrigado. Foi para mim uma enorme honra e privilégio ter sido o vosso Comandante Supremo", disse na cerimónia do 16º aniversário das Falintil-Forças Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), no seu último discurso enquanto chefe de Estado e comandante supremo das forças timorenses.

Taur Matan Ruak, que termina o seu mandato a 20 de maio e não se recandidatará, recordou os que morreram em defesa de Timor-Leste, afirmando que os "valores por que se motivaram, empenharam e combateram diferentes gerações de combatentes, são no essencial os mesmos".

Princípios consagrados no Estandarte Nacional das F-FDTL, simbolicamente condecorado por Taur Matan Ruak por ser o "fiel depositário de um legado de altos serviços prestados (...) à causa da libertação nacional".

"A condecoração (...) premeia a coragem e a determinação dos guerrilheiros da Libertação Nacional que combateram e tombaram na luta e significa uma honra para vós e para as Forças Armadas", disse.

"É, assim, de inteira justiça o público reconhecimento que presto nesta cerimónia, ao conceder ao Estandarte Nacional das F-FDTL a Ordem das FALINTIL e ao impor o respetivo distintivo no Estandarte Nacional à vossa guarda", explicou.

O chefe de Estado vincou no seu discurso o orgulho de ter servido e liderado no que começou como uma força de resistência e se transformou numa instituição garante da soberania nacional.

"Volto a esta casa, não para uma despedida, mas para uma palavra de gratidão e fidelidade. Quero que saibam que, como cidadão, a minha gratidão será eterna por tido o maior privilégio da minha vida: ter sido um soldado de Timor-Leste", disse.

Taur Matan Ruak recordou os últimos momentos antes da criação formal das F-FDTL, em 2001, quando estava com os soldados sob seu comando - então ainda o braço armado da resistência timorense - concentrado em Aileu "depois de uma longa e árdua luta armada na resistência à ocupação estrangeira e aguardando ansiosamente pelo tão desejado objetivo de uma luta de um quarto de século - a independência de Timor-Leste".

"Sabia que o caminho da transformação das forças de guerrilha em forças armadas, as FDTL, seria longo e que iria exigir o esforço e a solidariedade de todos nós", disse, para o qual foi necessário o apoio internacional e a construção das instituições timorenses.

O chefe de Estado insistiu na necessidade de manter o carater "eminentemente nacional e suprapartidário" da associação constitucional entre o Presidente da República e as Forças Armadas, "objetivo que, em permanência, deve merecer um amplo consenso e uma atenção prioritária de todos os agentes políticos e órgãos de soberania".

Além disso recordou em particular o último ano, de alguma tensão em torno à liderança das F-FDTL mas em que os militares "fizeram questão que os princípios de transparência e ética fossem respeitados pelos nossos políticos, contribuindo para o reforço de um clima de coesão, de estabilidade e de segurança".

"Souberam aguardar serenamente pela decisão política demonstrando um alto profissionalismo, uma elevada prova de maturidade democrática e um respeito institucional e de sentido de serviço a Timor-Leste", frisou.

Taur Matan Ruak deixou em particular uma "sincera homenagem" ao atual comandante das F-FDTL, o major general Lere Anan Timur (que sucedeu ao próprio Taur Matan Ruak na chefia das forças de defesa), "cujo exemplo deve constituir fonte de inspiração para as gerações futuras" e ao seu número dois, o brigadeiro Filomeno Paixão.

ASP // FV.

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