quarta-feira, 8 de junho de 2016

Exposição sobre memória coletiva assinala Dia Internacional dos Arquivos em Timor-Leste


Díli, 07 jun (Lusa) - Uma exposição sobre o papel dos arquivos na memória coletiva e na boa governação, que viajará por vários pontos de Timor-Leste, assinala esta semana o Dia Internacional dos Arquivos no país.

A exposição "Arquivo Nacional: Somos Memória e Boa Governação", uma iniciativa do Ministério da Administração Estatal, "pretende não só tornar clara a missão do Arquivo Nacional, mas também mostrar a responsabilidade de cada um dos seus funcionários", refere uma nota dos organizadores.

"A História do Arquivo Nacional fala disso mesmo. De um conjunto de pessoas que desde 2000 procedeu à recolha, guarda e organização de um espólio documental muito grande e importante", sublinham.

O Dia Internacional dos Arquivos, que se assinala na quinta-feira, foi instituído pela Assembleia Geral do Conselho Internacional dos Arquivos, em 2007, e a data invoca o dia 9 de junho de 1948, quando a Unesco (a agência das Nações Unidas para a educação e cultura) criou o Conselho Internacional dos Arquivos.

"O conhecimento e a valorização do papel do Arquivo Nacional, pela comunidade, permitirá que cresça sustentado na perseverança e confiança de todos, enquanto património que, igualmente, pertence a todos", referem os organizadores da exposição.

"Cada cidadão tem o dever de defender a salvaguarda do património coletivo e a transparência da Administração Pública. Cada cidadão tem direito à memória e à informação", sublinham ainda.

A exposição abre no Parlamento Nacional na quinta-feira, onde ficará uma semana, antes de percorrer o país.

O Parlamento Nacional foi escolhido por ter sido aprovado este ano o orçamento para iniciar a construção do novo edifício que acolherá o Arquivo Nacional.

Com centenas de metros lineares de arquivos, incluindo o maior espólio da administração colonial de Timor-Leste, a base do Arquivo Nacional sobreviveu durante os 27 anos de ocupação indonésia 'escondida' no sótão do Palácio do Governo em Díli.

Depois de um primeiro tratamento do historiador José Mattoso, essa coleção tornou-se depois o coração do arquivo criado em 2000.

Quinze anos depois, os maiores segredos que contém continuam por revelar, com o Arquivo Nacional a debater-se com falta de meios técnicos, financeiros e humanos especializados para tratar documentos, alguns dos quais datam do século XVIII.

"Isto é uma riqueza de Timor-Leste e pode servir para todos conhecerem a nossa história. Os documentos nunca foram queimados no tempo indonésio. Foram sempre guardados porque eram a nossa história", disse à Lusa Horácio Marques, diretor do Arquivo Nacional.

Há ainda milhares de caixas de arquivo da administração indonésia, da documentação deixada pela administração transitória da ONU e outros documentos que, desde a independência, o Arquivo Nacional foi recolhendo dos sucessivos governos timorenses.

Lidar com toda esta dimensão documental e cumprir a sua missão coloca à equipa do Arquivo Nacional grandes e complexos desafios, com o seu trabalho muitas vezes a ser pouco conhecido pela sociedade timorense.

A entidade destaca o apoio do Brasil, desde 2010, e o novo protocolo assinado com a Indonésia em janeiro, antecipando assinar ainda este ano um outro com Portugal.

O Governo prevê um edifício novo, com melhores condições, mas, como reconhece Horácio Marques, falta formação e o apoio de especialistas.

"Precisamos de apoio para ajudar a tratar o Arquivo Nacional. Em 2016 deveremos ter assessores especializados. Por isso pedimos ao Governo que consiga esse apoio, especialmente de Portugal", disse, referindo que já houve contactos preliminares com a Torre do Tombo.

ASP // MP

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