Díli,
07 jun (Lusa) - Uma exposição sobre o papel dos arquivos na memória coletiva e
na boa governação, que viajará por vários pontos de Timor-Leste, assinala esta
semana o Dia Internacional dos Arquivos no país.
A
exposição "Arquivo Nacional: Somos Memória e Boa Governação", uma
iniciativa do Ministério da Administração Estatal, "pretende não só tornar
clara a missão do Arquivo Nacional, mas também mostrar a responsabilidade de
cada um dos seus funcionários", refere uma nota dos organizadores.
"A
História do Arquivo Nacional fala disso mesmo. De um conjunto de pessoas que
desde 2000 procedeu à recolha, guarda e organização de um espólio documental
muito grande e importante", sublinham.
O
Dia Internacional dos Arquivos, que se assinala na quinta-feira, foi instituído
pela Assembleia Geral do Conselho Internacional dos Arquivos, em 2007, e a data
invoca o dia 9 de junho de 1948, quando a Unesco (a agência das Nações Unidas
para a educação e cultura) criou o Conselho Internacional dos Arquivos.
"O
conhecimento e a valorização do papel do Arquivo Nacional, pela comunidade,
permitirá que cresça sustentado na perseverança e confiança de todos, enquanto
património que, igualmente, pertence a todos", referem os organizadores da
exposição.
"Cada
cidadão tem o dever de defender a salvaguarda do património coletivo e a
transparência da Administração Pública. Cada cidadão tem direito à memória e à
informação", sublinham ainda.
A
exposição abre no Parlamento Nacional na quinta-feira, onde ficará uma semana,
antes de percorrer o país.
O
Parlamento Nacional foi escolhido por ter sido aprovado este ano o orçamento
para iniciar a construção do novo edifício que acolherá o Arquivo Nacional.
Com
centenas de metros lineares de arquivos, incluindo o maior espólio da
administração colonial de Timor-Leste, a base do Arquivo Nacional sobreviveu
durante os 27 anos de ocupação indonésia 'escondida' no sótão do Palácio do
Governo em Díli.
Depois
de um primeiro tratamento do historiador José Mattoso, essa coleção tornou-se
depois o coração do arquivo criado em 2000.
Quinze
anos depois, os maiores segredos que contém continuam por revelar, com o
Arquivo Nacional a debater-se com falta de meios técnicos, financeiros e
humanos especializados para tratar documentos, alguns dos quais datam do século
XVIII.
"Isto
é uma riqueza de Timor-Leste e pode servir para todos conhecerem a nossa
história. Os documentos nunca foram queimados no tempo indonésio. Foram sempre
guardados porque eram a nossa história", disse à Lusa Horácio Marques,
diretor do Arquivo Nacional.
Há
ainda milhares de caixas de arquivo da administração indonésia, da documentação
deixada pela administração transitória da ONU e outros documentos que, desde a
independência, o Arquivo Nacional foi recolhendo dos sucessivos governos
timorenses.
Lidar
com toda esta dimensão documental e cumprir a sua missão coloca à equipa do
Arquivo Nacional grandes e complexos desafios, com o seu trabalho muitas vezes
a ser pouco conhecido pela sociedade timorense.
A
entidade destaca o apoio do Brasil, desde 2010, e o novo protocolo assinado com
a Indonésia em janeiro, antecipando assinar ainda este ano um outro com
Portugal.
O
Governo prevê um edifício novo, com melhores condições, mas, como reconhece
Horácio Marques, falta formação e o apoio de especialistas.
"Precisamos
de apoio para ajudar a tratar o Arquivo Nacional. Em 2016 deveremos ter
assessores especializados. Por isso pedimos ao Governo que consiga esse apoio, especialmente
de Portugal", disse, referindo que já houve contactos preliminares com a
Torre do Tombo.
ASP
// MP
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