Nova
Iorque, 21 set (Lusa) - Timor-Leste foi o país do mundo que mais progrediu
desde 2000 nas metas relacionadas com a saúde dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, devido à pacificação do país e à aposta no acesso aos cuidados,
revela um estudo.
Hoje
publicado na revista científica The Lancet e apresentado num evento nas Nações
Unidas, em Nova Iorque, o estudo é o primeiro a avaliar o desempenho dos países
nas metas relativas à Saúde inscritas nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
A
principal conclusão é que o mundo registou progressos na saúde desde 2000,
nomeadamente na mortalidade infantil e neonatal ou na cobertura universal dos
cuidados de saúde, mas alguns indicadores até pioraram, como a obesidade infantil,
a violência doméstica ou o alcoolismo.
Na
sua investigação, os cientistas liderados por Stephen Lim, do Instituto para a
Métrica e a Avaliação da Saúde na Universidade de Washington, em Seattle, EUA,
usaram dados do estudo sobre o Peso Global da Doença para avaliarem o
desempenho de 188 países em 33 dos 47 indicadores relativos à saúde nos ODS,
classificando-os num índice que vai de zero (o pior) a 100 (o melhor).
O
progresso dos países no índice é muito heterogéneo, com alguns países a
melhorarem mais de 15 pontos entre 2000 e 2015 e outros a registarem quedas de
dois pontos no mesmo período.
Desde
2000, o maior progresso absoluto no índice dos ODS relativos à Saúde ocorreu em
Timor-Leste, país que registou uma melhoria de 18,5 pontos no índice, seguido
do Butão (16,2) e da Colômbia (15,6).
No
extremo oposto estão a Líbia e a Síria (com menos dois pontos) e o Chile (-1).
Os
autores do estudo atribuem o progresso no desempenho de Timor-Leste em sete das
metas estudadas: intervenções que visam a cobertura universal dos cuidados de
saúde, presença de profissionais qualificados durante o parto, acesso a
contraceção moderna, mortalidade infantil e neonatal, baixa estatura das
crianças, acesso a água e saneamento e mortalidade devido a guerra e conflitos.
Como
exemplo, os investigadores recordam que, depois de um período de violência e
conflito nos anos 1990, Timor-Leste aplicou entre 2000 e 2001, em colaboração
com o Banco Mundial e outros parceiros para o desenvolvimento, uma série de
medidas de reabilitação do setor da saúde com o objetivo de restabelecer o
sistema de saúde do país e melhorar o acesso dos pobres à saúde.
Mais
recentemente, lembram ainda, a reforma e o financiamento do serviço de saúde
têm estado no topo das agendas governamentais, nomeadamente no lançamento, pelo
Ministério da Saúde em 2007, de um Pacote de Serviços Básicos de Saúde e um
Pacote de Serviços Hospitalares.
Os
progressos a nível geral ocorreram apesar de retrocessos em metas como o
excesso de peso infantil, a prevalência do tabagismo e o consumo de álcool em
Timor-Leste desde 2000.
A
nível mundial, os países que mais ganhos registaram entre 2000 e 2015 foram os
da Ásia oriental, central e sudeste asiático, assim como partes da América
Latina (Venezuela e Honduras).
Vários
países da África subsaariana também registaram ganhos consideráveis, incluindo
Angola, que obteve mais 11 pontos no índice, sobretudo devido ao fim da guerra
civil, em 2002, mas também à redução da taxa de baixa estatura infantil, às
medidas que visam a cobertura universal de saúde e ao aumento da presença de
profissionais qualificados no parto.
A
Guiné Equatorial também melhorou 11 pontos, sobretudo devido ao acesso aos
cuidados de saúde e apesar de retrocessos na obesidade infantil.
Cabo
Verde registou um aumento de 10 pontos entre 2000 e 2015, sobretudo devido à
redução da malária, ao aumento da cobertura dos serviços de saúde e às
melhorias no saneamento.
São
Tomé e Príncipe e Moçambique subiram nove pontos entre 2000 e 2015, Portugal
oito, Brasil sete, Guiné-Bissau cinco.
FPA
// VM
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