Díli,
21 set (Lusa) - As eleições locais em Timor-Leste, que decorrem em outubro e
novembro, devem ser menos partidarizadas e politizadas que os atos anteriores,
fazendo vincar a natureza comunitária das associações de representantes,
defenderam ministros responsáveis.
Para
Dionísio Babo, ministro da Administração Estatal e máximo responsável político
pelo processo, trata-se de procurar que as eleições locais sejam menos
partidarizadas que no passado, "para evitar que se segreguem as pessoas em
termos de ideologia", reconhecendo porém que Timor-Leste é "um país
recente e ainda muito politizado".
Por
outro lado. vinca o que está previsto na nova lei de sucos, que define este
'agrupamento' - idêntico à freguesia - como um "grupo de pessoas ligadas
cultural, historicamente, por laços familiares" e outros.
"Queremos
que isso se mantenha assim, que o traço determinante seja essa natureza de
associação comunitária que deve ser mantida", explicou.
"Não
sei se no futuro se alterará isso, caberá à futura geração decidir, mas
consideramos que é bom despartidarizar isso, para que as eleições sejam
independentes e as comunidades não sejam contaminadas por essa política",
frisou.
Apesar
disso, admitiu que alguns partidos, especialmente a pensar nas eleições
legislativas de 2017, estejam já a fazer movimentações e a procurar incluir
pessoas nas eleições de sucos, procurando usar este foco como uma forma de
medir a força desses partidos nas gerais de 2017.
"Vamos
fazer todo o possível para não termos qualquer símbolo ou influência política,
mesmo sabendo que por trás essas coisas acontecem", frisou.
Também
Tomás Cabral, vice-ministro da Administração Estatal, vincou a importância que
a lei em vigor dá ao papel dos sucos como de representação comunitária,
"com origem em associações comunitárias que existem desde o tempo colonial
e que não se alteraram no tempo da ocupação indonésia".
Nos
processos anteriores, as eleições de suco tiveram uma base política, com
candidaturas partidárias, o que muitas vezes, explicou, "causava tensão e
problemas nos conselhos de sucos, dificultando a tarefa administrativa".
Com
a nova lei, reforçou-se a natureza comunitária dos sucos que se tornam assim
"organismos administrativos tradicionais que fazem parte da administração
municipal", num momento em que arranca o processo de descentralização
administrativa.
"As
eleições dos sucos são mais tradicionais. Não queremos partidos. Já passei por
municípios onde os partidos estão a organizar-se, mas o conteúdo da lei dos
sucos aposta na associação comunitária", insistiu.
Cabral
referiu que se evidencia já "muito entusiasmo com muitos candidatos",
sendo de destacar o grande número de jovens e mulheres, e que todos estão a
trabalhar para garantir votos "transparentes e livres".
Os
cerca de 728 mil eleitores timorenses vão poder escolher os representantes de
2.225 aldeias e 442 sucos, com base num novo modelo, em vigor desde julho, que
alterou o modelo orgânico, as competências e o modelo de designação dos membros
dos órgãos dos sucos.
Em
causa está a eleição dos chefes de aldeia e de sucos, das Assembleias de
Aldeia, Conselhos de Suco e dos Lian-na'in, as autoridades tradicionais.
Recorde-se
que as primeiras eleições de suco em Timor-Leste realizaram-se com base na lei
de 2004 nesse ano e no seguinte, novamente com uma lei revista em 2009 e agora
com a lei revista e aprovada em julho.
Nas
primeiras eleições (2004-05) o registo eleitoral tinha 457.644 eleitores, tendo
votado 84,31% que elegeram 4.855 representantes (3.059 homens e 1.796
mulheres).
Em
2009, num universo de 589.178 eleitores recenseados, votaram apenas 67,75%,
tendo sido eleitos 4.877 representantes (3.498 homens e 1.379 mulheres).
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