terça-feira, 20 de setembro de 2016

Líderes históricos timorenses devem ter coragem de ceder lugar aos jovens - PR


Díli, 20 set (Lusa) - Timor-Leste ainda não está numa fase que permita à nova geração governar mas deve trabalhar para ultrapassar o "impasse" que desde 2012 "paralisa o desenvolvimento" apostando nos mais jovens, afirmou hoje o Presidente da República.

"É preciso ter coragem para saber dar o lugar aos mais novos", afirmou Taur Matan Ruak no Parlamento Nacional, na abertura da 5.ª sessão legislativa da atual legislatura.

"Os líderes históricos realizaram com grande capacidade a primeira parte do anseio nacional. Mas a segunda parte dos nossos objetivos nacionais exige uma nova motivação e um novo olhar. É importante a conjugação de esforços com a mobilização e maior participação dos jovens", afirmou.

Num discurso de cerca de uma hora, Taur Matan Ruak disse ser vital rever as políticas recentes, considerando que nos últimos quatro anos, e depois de 4 mil milhões de dólares de levantamentos do Fundo de Petróleo, o estado da nação "não melhorou muito".

Considerando que não pretende diminuir os êxitos do que foi alcançado, insistiu que como Presidente da República tem o dever de "chamar a atenção também para as deficiências, principalmente quando põem em perigo a realização de um futuro melhor para o país".

"A independência e a construção do Estado de Direito, com o respeito pela dignidade de todos os timorenses, corresponderam à realização do primeiro capítulo das nossas aspirações nacionais. Mas o nosso projeto nacional não para na independência. O objetivo da Nação timorense foi sempre vencer a humilhação da pobreza e construir uma vida melhor para todos", disse.

Apesar disso, o país continua a mostrar grandes debilidades na política económica, especialmente por uma fraca capacidade de geração de empregos.

"Muitos são obrigados a emigrar para outros países porque não conseguem contribuir para a sua própria terra. Os dados oficiais mostram haver números elevados de desemprego, sofrido especialmente pelos jovens", disse.

"A mão-de-obra nacional está numa situação de inatividade forçada e as políticas económicas dos últimos anos não responderam a esta situação, o que contribui para atrasar o desenvolvimento do país", sublinhou.

Para Taur Matan Ruak, ele próprio um dos nomes históricos da luta pela libertação de Timor-Leste, a próxima fase, de "realização de um país com mais bem-estar para todos", é um trabalho" para as novas gerações".

"A educação e formação têm de ser mais orientadas para responder às necessidades das empresas e para implementar uma economia do conhecimento, mais produtiva e mais competitiva", disse.

Melhores formadores, mais preparação e mobilidade dos recursos humanos, menos desperdício e mais qualidade nas obras de infraestruturas e o envolvimento das populações no desenvolvimento local são aspirações essenciais, admitiu.

O chefe de Estado defendeu ainda despartidarizar as instituições, reforçar e consolidar a Administração Pública e apostar na competência e qualidade dos seus serviços.

ASP // MP

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