Porto,
31 ago (Lusa) - A Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) reúne-se na
quinta e na sexta-feira no Porto num congresso que visa "estreitar os
laços de cooperação entre as diversas instituições médicas do espaço
lusófono", nomeadamente na área da formação.
"O
principal mote da reunião é de facto a formação médica", sublinhou o
presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel
Guimarães.
Em
declarações à agência Lusa, Miguel Guimarães considerou que se trata de
"uma questão absolutamente fundamental, sobretudo para os países africanos
de língua portuguesa, onde existem necessidades específicas na aquisição de
alguns tipos de competências, até nas especialidades".
"Nós,
Ordem dos Médicos, podemos dar uma ajuda. Claro que a Ordem não o faz sozinha,
será feito com uma série de Organizações Não Governamentais (ONG) que já
existem e que têm alguns protocolos com alguns destes países, nomeadamente com
Moçambique, Angola ou Timor. A Ordem vai tentar de alguma forma agrupar e dar o
apoio naquilo que é o seu selo de qualidade", acrescentou.
Por
outro lado, salientou Miguel Guimarães, "médicos portugueses podem também
deslocar-se a estes países de língua portuguesa, não só para dar o seu
contributo no ensino em algumas áreas da medicina, mas também para
aprenderem".
"Temos
por vezes algumas deficiências na formação em algumas especialidades por causa
da raridade da patologia que, por exemplo, em países africanos são frequentes.
Temos de dar um contributo para reforçar esta posição de Portugal na comunidade
médica de língua portuguesa, porque é um caminho importante para
Portugal", frisou.
Em
novembro de 2015, com a Declaração do Porto (assinada durante o XVIII Congresso
Nacional de Medicina), "abriu-se portas a uma consolidação das relações
entre as comunidades médicas lusófonas que integram a CMLP".
"No
VII Congresso da CMLP teremos um momento único para fortalecer essa cooperação,
centrada na partilha de conhecimento e experiências e no reforço dos vínculos
no apoio à formação médica nos países da comunidade", salientou.
No
âmbito de um protocolo assinado em 2005 entre a Ordem dos Médicos de Portugal e
as várias instituições representativas dos médicos da CMLP, os profissionais
licenciados em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e
Príncipe podem obter autorizações especiais para a realização de estágios
profissionais em Portugal, sem concessão do grau de especialista, como forma de
reforçar a sua formação pós-graduada.
Miguel
Guimarães referiu que "a Declaração do Porto estabeleceu vários
procedimentos obrigatórios para o acesso ao estágio profissional, de forma a
promover a qualidade da formação pós-graduada".
"A
Declaração do Porto protege a reciprocidade do processo e agora é tempo de
agilizar estes protocolos de cooperação, incentivá-los, mas sem esquecer as
responsabilidades que a própria Ordem dos Médicos tem, nomeadamente na área do
reconhecimento da idoneidade das Unidades de Saúde portuguesas que podem
acolher os estágios", frisou.
Estão
já confirmadas, entre outras, as presenças do ministro da Saúde de Angola, dos
bastonários da Ordem dos Médicos de Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e Guiné-Bissau.
"Diagnósticos
Nacionais de Saúde", a "Saúde Mental e Violência", a
"Mobilidade e Educação Médica Especializada", "Capacitação e
Desenvolvimento no Espaço Lusófono", "Saúde e Economia, uma Agenda
Integrada" e "Língua e Pátria" são os temas que irão estar em
discussão.
PM
// SSS
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