Macau,
China, 31 ago (Lusa) -- Mais de 16.000 pessoas assinaram até hoje uma petição
online contra a saída de Macau da empresa de transporte privado Uber, quatro
dias antes da realização de um protesto organizado por uma plataforma composta
também por deputados.
"Se
quer que a Uber continue a servir Macau, por favor assine para mostrar o seu
apoio hoje", lê-se na petição, divulgada em inglês e chinês.
O
fim dos serviços da Uber em Macau não foi, até à data, confirmado pela própria
companhia, mas uma alegada carta da empresa enviada à Assembleia Legislativa
refere a data de 09 de setembro para o fim das operações no território, após
dez meses de "multas pesadas".
Desde
que começou a operar em Macau, no final de outubro, a Uber acumulou mais de dez
milhões de patacas (um milhão de euros) em multas, segundo valores divulgados
pelo governo.
A
carta da Uber terá chegado à Assembleia Legislativa após tentativas de contacto
falhadas da empresa com o governo de Macau, que por várias ocasiões referiu que
o serviço de transporte -- que através de aplicação de telemóvel coloca em
contacto passageiros e condutores privados --, "é ilegal".
O
protesto de domingo, com partida de uma praça no centro da cidade (Tap Seac)
até à sede do governo, é promovido por uma plataforma que inclui a Iniciativa
de Desenvolvimento Comunitário de Macau, associação criada pelos deputados
pró-democratas Au Kan Sam e Ng Kuok Cheong.
Hoje,
em conferência de imprensa sobre a manifestação, Ng Kuok Cheong disse esperar
um "protesto pacífico".
Paralelamente
às 16.000 assinaturas na petição online, mais de 600 pessoas confirmaram a
presença no protesto, através do Facebook, disse Ng Kuok Cheong.
"Em
Macau não há muito ativismo, comparando com Hong Kong e outros territórios, mas
por vezes há surpresas, por isso não sei muito bem qual será a adesão",
disse.
O
deputado refere que não teve contacto com a Uber e que a iniciativa não é
realizada para apoiar em específico esta empresa, mas que vai ser uma forma de
recolher as opiniões dos residentes.
O
objetivo é preparar uma proposta que permita a regulamentação deste tipo de
serviço de transporte privado, mas nesta fase o deputado não confirma se vai
abordar a questão na próxima legislatura, com início em outubro.
"Vamos
recolher opiniões e preparar uma proposta que responda aos interesses dos
residentes. O governo está a negar-se a fazê-lo, por isso também queremos pedir
ao governo para estudar esta matéria", afirmou.
O
jornal Macau Daily Times publica hoje uma notícia segundo a qual funcionários
de pelo menos três departamentos do governo receberam mensagens instando-os a
não assinarem a petição ou participarem na manifestação de domingo, evitando
mensagens de apoio público e recorrer ao serviço de transporte.
Na
notícia, o jornal afirma ter visto a mensagem, mas não confirma a sua origem,
tendo ouvido funcionários públicos que receberam a mensagem e outros que não.
Questionado
sobre a alegada mensagem, o gabinete da Secretária para a Administração e
Justiça respondeu à Lusa que não tem informações sobre o assunto.
Ng
Kuok Cheong disse não ter conhecimento destas mensagens.
"Não
acho o governo deva avisar quaisquer funcionários públicos para impedir que
manifestem as suas opiniões", afirmou.
FV
// JMR
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