Macau,
China, 30 jan (Lusa) -- A liberdade de imprensa em Hong Kong, Macau e interior
da China deteriorou-se em 2015, concluiu um novo relatório da Federação
Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgado hoje.
"A
Liberdade de imprensa na China, Hong Kong e Macau deteriorou-se ainda mais em
2015, com o Partido Comunista Chinês a usar de todos os meios à sua disposição
para controlar a imprensa", refere o relatório da FIJ.
O
oitavo relatório da organização, que denuncia a autocensura e a crescente
influência de Pequim sobre os meios de comunicação em Hong Kong, surge numa
altura em que o desaparecimento de cinco livreiros da antiga colónia britânica aumentou
as preocupações dos residentes quanto à erosão das liberdades naquela região
administrativa especial chinesa.
Os
cinco eram funcionários da editora Mighty Current, conhecida por publicar
títulos críticos dos líderes de Pequim.
O
documento também prevê maiores pressões na cidade, que irá ter eleições
legislativas este ano e escolher o próximo chefe do Executivo em 2017.
"Atendendo
a que Hong Kong vai a eleições no próximo ano, o partido está também a usar a
sua considerável riqueza para consolidar a sua influência na região",
acrescenta.
Entre
outras situações referentes a 2015, o relatório refere o caso do incêndio na
casa do magnata da comunicação social de Hong Kong Jimmy Lai, e na sede da sua
empresa Next Media, que publica o jornal Apple Daily.
Outro
caso diz respeito ao jogo de qualificação para o Mundial 2018 disputado entre a
China e Hong Kong, em que, segundo o Apple Daily, jornalistas foram detidos
pela polícia durante três horas e acusados de "jornalismo ilegal".
"A
polícia também pediu para eles escreverem uma carta de arrependimento. Outros
jornalistas queixaram-se que tinham sido identificados e levados pela polícia
assim que chegaram ao estádio da cidade chinesa de Shenzhen", acrescenta o
documento.
O
relatório do ano passado alertava para "as jogadas de bastidores",
numa altura em que as tensões permaneciam elevadas em Hong Kong, após mais de
dois meses de ocupação das ruas no final de 2014, em protesto em prol do
sufrágio universal.
Ken
Tsang, um ativista pró-democracia que foi alegadamente espancando pela polícia
durante estes protestos, numa agressão captada pelas câmaras de televisão,
disse na quinta-feira, após uma audição em tribunal, que a situação
relativamente às ameaças às liberdades em Hong Kong era "terrível".
Hong
Kong tem um estatuto semiautónomo após ter sido devolvido à China pela
Grã-Bretanha em 1997, e mantém uma liberdade que não existe no território
continental.
No
entanto, há receios de que estas liberdades estejam a desaparecer em Hong Kong,
particularmente após as grandes manifestações pró-democracia em 2014 e a
rejeição, em junho de 2015, da reforma política proposta por Pequim para o
território.
Já
sobre Macau, o relatório refere um caso ocorrido a 15 de março, em que um
jornalista foi afastado por seguranças durante uma cerimónia de inauguração de
uma exposição no casino MGM, quando tentava entrevistar responsáveis do
Governo.
Outro
incidente, reportado pelo All About Macau, remonta a 23 de abril, quando
profissionais da televisão MSTV foram bloqueados por pessoas não identificadas
ao tentarem fazer a cobertura de um incêndio num dormitório da Universidade de
Macau.
A
apreensão, a 21 de maio, pelas autoridades do interior da China, de cerca de
1.000 cópias de um livro lançado pelo ativista Sulu Sou, antigo presidente da
Associação Novo Macau, é também referida no relatório.
O
relatório da FIJ, apresentado no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong
Kong, indica que as perspetivas para 2016 para o interior da China são
"piores".
As
autoridades chinesas detiveram e pressionaram jornalistas, recorreram a
confissões forçadas difundidas na televisão e a outros métodos, limitando e
influenciando o jornalismo, refere o relatório.
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