A
Arte de Retórica Política: Uma Hermenêutica do Discurso Histórico, Explosivo e
Decisivo de Xanana Gusmão-Taur Matan Ruak
"...reencontrei-me
com o meu Irmão que eu tinha perdido", assim, associa-se a retórica a um
campo de saber prático ou técnico, ou seja, a arte de proferir discursos
eloquentes para cativar a simpatia dos ouvintes. Com este eco de Kayrala Xanana
Gusmão, procuremos atravessar os labirintos discursivos, que caracterizam os
fenómenos e acontecimentos ocorridos in illo tempore, visa a fazer uma análise
crítica ao modo de relacionamento de Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak durante o
tempo difícil até a era hodierna.
Passados
15 anos da restauração da independência e a construção do Estado de Direito
Democrático pelos fundadores da Nação, constata-se que o modus vivendi
dos timorenses continua a ser o mesmo, não sentindo o sucesso na vida
quotidiana da população, assim, o sonho dos founding fathers em criar o summum
bonum e bonum commune para o bem da nação e do povo torna-se meramente
uma utopia. Para manter o status quo deste zoon politikon, os líderes antigos
começaram a fazer «política romântica». Esta ocorreu entre Xanana Gusmão e Marí
Alkatiri, CNRT e Fretilin com o grande apoio do velho amigo José Ramos Horta. O
resultado desta política tem o seu culmino com a transferência do poder
executivo para o Dr. Rui Maria de Araújo, com a benção: «Tu és o meu filho
predilecto, em ti pus todo o meu agrado» (Mc 1, 11; Luc 3, 22). Assim, Dr. Rui
torna-se o homo intelligens entre os muitos timorenses deste triunvirato: MA,
XG, RH.
Em
2015, depois da tomada de posse do VI Governo Constitucional, o Jornal
Matadalan publicou uma fotografia na qual Xanana está a beijar Taur Matan Ruak,
suscitaram-se vários comentários, uma das quias subscreveu: Xanana – Taur Homo?
Claro que não é o famoso conceito de homosexualidade, mas liga-se literalmente
ao termo Latim «Homo - Homem», no qual se mostra claramente, esta cultura
política romântica na nossa história da democracia. Na minha opinião, este
beijo surgiu como um acto de profundo agradecimento, não de Xanana para TMR,
mas sim do eis Primeiro-Ministro para Presidente da República, por ter aceite o
seu pedido de resignação e por ter dado posse ao VI Governo Constitucional.
Pode-se afirmar que este é o culmino da sua estratégia política (ver Afmend
Sarmento, Changing politics and the politics of change: como uma “Caixa de
Pandora”. “Consciência crítica da Nação”, Forum Haksesuk 2015). Acrescentando
ainda que todos nós esperamos que este beijo, não seja «o beijo da traição de
Judas» (Lc 22, 48; Mt 26, 47-50). Passados alguns tempos este beijo torna-se um
verdadeiro beijo de maldição ou uma traição.