Suai, Timor-Leste, 17 nov (Lusa)
- Timor-Leste tem a partir de hoje, na zona sul do país, os seus primeiros 30 quilómetros de
autoestrada, parte de um amplo projeto de investimento para o desenvolvimento
da economia nacional.
"Este é um marco importante
no desenvolvimento da infraestrutura rodoviária de Timor-Leste e na
conectividade física do nosso país", disse hoje na inauguração o ministro
de Estado da Presidência do Conselho de Ministros e ministro do Petróleo e
Minerais em exercício, Agio Pereira.
"A autoestrada é importante
não apenas para apoiar a indústria petrolífera de Timor-Leste, mas também para
o desenvolvimento de outros setores como a agricultura, a pesca e os minerais,
para facilitar o fluxo e o transporte de pessoas, produtos e materiais e para
estimular as pequenas empresas e criar novos empregos e oportunidades",
afirmou.
Agio Pereira falava na cerimónia
de inauguração do primeiro troço da autoestrada que ligará Suai e Beaço,
futuros polos nevrálgicos da economia timorense.
A autoestrada, uma ligação de 151,6 quilómetros,
com duas faixas em cada sentido, entre as vilas de Suai e Beaço, ao longo da
costa sul, ainda está em fase de construção, tendo hoje sido inaugurado o
primeiro troço - 30,4
quilómetros entre Suai e Fatukahu/Mola.
"Esta artéria contribuirá
significativamente para o crescimento económico a longo prazo do país",
frisou.
Em declarações à Lusa, Agio
Pereira sublinhou o muito que foi conseguido e considerou a obra um sinal
"do milagre" que tem sido o desenvolvimento de Timor-Leste - que em
2019 cumpre 17 anos desde a restauração da independência.
"Mais do que asfalto,
cascalho e areia", disse, a obra é a "concretização de uma visão e o
cumprir de uma promessa" que começou com a crença dos timorenses serem
"capazes de construir um futuro melhor para a nação.
A obra faz parte de um projeto
mais ambicioso conhecido como Tasi Mane (Mar Homem, uma referência ao mar mais
agitado da costa sul, em contraste com o Tasi Feto, ou Mar Mulher, o mais calmo
da costa norte).
O Tasi Mane é um projeto de
desenvolvimento de toda a costa sul do país que inclui a construção da Base de
Apoio de Suai - zonas logísticas, residenciais e industriais -, a refinaria de
Betano, uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), um porto
e o gasoduto até ao campo Greater Sunrise, no Mar de Timor.
"O projeto foi desenhado
para estabelecer a indústria nacional de petróleo e associadas infraestruturas
de apoio, desenvolvimento de competências e capacidade de prestação de
serviços, tornando-se num importante motor da economia de Timor-Leste",
referiu.
"Esta autoestrada faz parte
de um projeto integrado plurianual que engloba três agrupamentos industriais e
infraestruturas adicionais para cada agrupamento, situados ao longo de um
corredor de 155km na costa sul, prolongando-se desde o Suai, a oeste do país no
distrito de Covalima, até Beaço, a leste no distrito de Viqueque.
A primeira fase da obra, no valor
de 298 milhões de dólares, foi adjudicada à China Overseas Engineering Group, a
que se somam mais quase 10 milhões em pagamentos por expropriações, o que
implicar que o custo dos primeiros 30 quilómetros da
obra se cifrou nos 10,17 milhões por quilómetro.
O primeiro troço que liga Suai a
Fatukahu/Mola, estende-se ao longo de 30,4 quilómetros e
engloba dez pontes, quatro interseções, 20 viadutos, 20 caixas de drenagem e 60
passagens hidráulicas. O segundo troço deve começar a ser preparado em 2019.
O projeto arrancou em 2011 com
estudos técnicos, prosseguiu com a identificação, aquisição e compensação de
mais de 289 hectares
de terras e propriedades para o projeto.
Falta ainda concluir três troços
da ligação, os 34,3
quilómetros entre Faticai e Dotik, os 42 quilómetros entre
Dotik e Buikarin e os 36
quilómetros entre Buikaran e Beaço.
Se o preço por quilómetro se
mantiver, o Governo ainda terá que gastar aproximadamente mais 1,2 mil milhões
de dólares na obra, nota o instituto La'o Hamutuk.
ASP // JMC