Díli, 19 mai (Lusa) - A Fretilin,
segundo partido mais votado nas eleições de sábado em Timor-Leste, apresentou
hoje no Tribunal de Recurso, em Díli, um recurso contra a ata de apuramento
nacional dos resultados, confirmaram à Lusa fontes judiciais e do partido.
"O recurso foi entregue aqui
hoje. Ainda está a ser considerado. O Tribunal tem 48 horas para se pronunciar,
segundo a lei", confirmou à Lusa uma fonte do Tribunal de Recurso.
Fonte da Fretilin tinha
confirmado também à Lusa a entrega do recurso, escusando-se no entanto a
revelar o conteúdo do mesmo.
O assunto foi uma das questões
abordadas hoje numa reunião do Comité Central da Fretilin (CCF) na sede do partido
em Díli onde hoje se celebra.
Na quinta-feira, o líder da
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e ainda
primeiro-ministro, Mari Alkatiri confirmou que o partido estava a realizar
investigações a supostas irregularidades durante a votação, particularmente
centradas no enclave de Oecusse.
"Quando está a decorrer a
investigação ninguém fale sobre ela. E eu não vou falar sobre isso. Não falo
sobre isso porque deixo os investigadores fazer o seu trabalho", afirmou
Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin), em declarações aos jornalistas.
Questionado pela Lusa sobre se as
investigações se centravam no enclave, Oecusse confirmou que "não é só
nesse" caso, mas que as atenções se concentram
"fundamentalmente" aqui.
Recorde-se que um dos resultados
mais surpreendentes da votação de sábado ocorreu na Região Administrativa
Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), em que a Aliança de Mudança para o
Progresso (AMP) bateu a Fretilin de Mari Alkatiri - que geriu a região durante
vários anos - por uma diferença de mais de 11.600 votos.
Apesar de líderes da Fretilin
continuarem a gerir a região, o partido obteve apenas 10.800 votos contra os
mais de 22.400 da AMP.
A derrota levou Arsénio Bano -
que ficou a assumir o cargo de presidente interino da RAEOA em substituição de
Mari Alkatiri, quando este assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2017 - a
fazer um pedido de desculpa público no Facebook.
O escrutínio municipal e
apuramento nacional confirmaram que a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP)
venceu as eleições legislativas com mais de 305 mil votos, ou 49,6% do total, o
que lhe dá 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional e a possibilidade de
formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio
adicional.
Em segundo lugar ficou a
Fretilin, que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve
mais de 213 mil votos, ou 34,2% do total, mantendo o mesmo número de deputados,
23.
No Parlamento estará também o PD,
parceiro da Fretilin no VII Governo, e que perdeu dois deputados para cinco,
tendo obtido mais de 50 mil votos ou 8,1% do total, e a Frente de
Desenvolvimento Democrático (FDD) que obteve 34 mil votos (5,5%) do total e 3
deputados.
ASP // JPS