Díli,
22 mai (Lusa) - O jornalista português Adelino Gomes entregou hoje ao Arquivo e
Museu da Resistência Timorense em Díli documentos da visita a Timor-Leste em
outubro de 1975, em reportagem para a RTP, incluindo o passaporte com que
chegou à capital.
Os
documentos entregues incluem o passaporte português onde está colocado, com
data de 8 de outubro de 1975 o que diz que é "possivelmente um dos primeiros
carimbos" de chegada, da Fretilin.
"Não
tenho carimbo de saída", disse, entregando o documento ao diretor do
Arquivo e Museu, Antoninho Baptista Alves.
Adelino
Gomes foi o primeiro jornalista português a chegar a Timor-Leste no período da
guerra civil timorense e encontrava-se próximo da zona da fronteira quando
ocorreram as primeiras incursões militares indonésias, incluindo a operação em
que cinco jornalistas australianos foram assassinados.
Além
do passaporte Adelino Gomes entregou uma carta do comando da Fretilin, que diz
terá sido assinada por Mari Alktatiri, em que o Comité Central dá autorização
de entrada no território.
"Nós
chegamos a Ataúro, antes de Díli, onde estivemos vários dias. Havia um
comerciante, o Frank Favarro, que ia vender arroz e outros mantimentos aos
soldados portugueses a quem perguntámos como se podia entrar em Timor",
recordou.
"Ele
disse que só com autorização de um senhor chamado Nicolau Lobato", disse,
explicando que escreveu a quem seria, a 28 de novembro, proclamado primeiro-ministro,
a pedir autorização para viajar para Díli.
No
dia seguinte o avião trazia a resposta, numa carta da FRETILIN.
"O
Comité Central da Fretilin autoriza não só a estadia em Timor-Leste da
delegação da RTP, composta por Adelino Gomes, chefe de equipa e redator,
Herlander Mendes, operador de imagem, Patricio, ajudante e Jorge Teófilo,
operador de som, como a sua livre circulação por todo o país, comprometendo-se
a FRETILIN a dar todas as facilidades", refere a carta.
Adelino
Gomes entregou ainda duas páginas com a lista de material que a equipa trazia,
algo, explicou, que mostra que "algum do equipamento não era o mais
avançado tecnologicamente".
Isso,
recordou recentemente, foi um dos aspetos que dificultou a recolha de algumas
imagens, entre as quais, as de um avião C130 militar indonésio, em Maliana, que
mal se vê nas imagens recolhidas porque a câmara não tinha um zoom adequado.
A
entrega dos documentos foi feita durante a apresentação em Díli do livro
"Antes sem título do que sem pátria" sobre a RENETIL (Resistência
Nacional dos Estudantes de Timor-Leste), mais de 600 páginas recolhidas por
Carlos da Silva Lopes, Saky.
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