Díli,
15 nov (Lusa) - O ultramaratonista inglês Scott Cunliffe quer tornar-se no fim
de semana o primeiro atleta a correr os cerca de 110 quilómetros entre a costa
norte e a costa sul de Timor-Leste incluindo a subida aos 3.000 metros do Monte
Ramelau.
"É
um grande desafio em si mas com ele quero também chamar turistas de aventura a
Timor-Leste, corredores, escaladores, ou amantes de natureza, pessoas interessadas em
turismo cultural ou histórico", explicou à Lusa em Díli.
A
viagem deverá começar às 00:00 de domingo na costa sul, o Tasi Mane (Mar
Homem), a sul da vila de Cassa, e terminar cerca das 15:00 na capital
timorense, Díli, cidade banhada pelo Tasi Feto (Mar Mulher).
Corredor
há 10 anos - e com dois anos de experiência em grandes corridas - Cunliffe já correu
uma prova de 102 quilómetros, distância que será ultrapassada em Timor-Leste
onde aos desafios se soma "o clima, a temperatura elevada".
"Manter
o corpo numa temperatura adequada é essencial. Conseguir controlar a hidratação
e a nutrição é importante. Vou ter um carro de apoio comigo com água fresca e
gelo. Mas se estiver mais húmido será melhor", afirmou.
"O
objetivo é fazer a corrida entre 15 e 17 horas. Espero poder chegar a Díli
cerca das 15 de domingo. Este tempo inclui pequenas paragens para comer
qualquer coisa, trocar de sapatos", explicou.
Cunliffe,
que esteve como observador no referendo de independência de Timor-Leste em 1999
- depois trabalhou no país novamente entre 2003 e 2008 - está atualmente a
viajar por vários países onde dá formação em ultramaratonas e provas de corrida
de largas distâncias.
"Correr
uma ultramaratona é muito duro. Ao ritmo de uma maratona só muito poucos o
conseguem fazer. Mas mesmo mais lentamente, a partir aí dos 60 ou 70 torna-se
muito difícil", explicou.
"O
principal é uma questão mental, manter uma atitude positiva. Temos que
praticar, acumular quilómetros para nos prepararmos. Este ano já fiz várias
grandes corridas. O teu corpo começa a ganhar força e capacidade",
explicou.
Apesar
disso, recorda, um atleta que faça uma prova deste tipo "está sempre
suscetível a situações ou a pequenas coisas".
"Uma
pedra no sapato, se não a tirares logo, pode tornar-se um problema grave mais
tarde. Mas é tudo uma questão mental. Meditas, de vez em quanto fazes um
mantra. Às vezes meto musica", contou.
"A
parte de estar sozinho não me incomoda. Esta é uma prática egoísta. Eu gosto da
solidão. Gostamos do espaço mental. Tento focar-me no momento o máximo
possível. Foco-me na respiração, em ficar calmo", acrescentou.
Depois
é tudo uma questão de tática e também de sorte. A primeira vez que tentou
escalar o Monte Ramelau pelo sul perdeu-se. Ia sem guia e quando deu conta
estava à beira de um precipício.
Agora
espera ter guia para subir, pelo sul, à montanha mais alta de Timor-Leste. E depois
descer, em corrida, até Díli.
ASP
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