quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Polícia impede acesso a tribunal chinês onde julgam ativista dos Direitos Humanos


Pequim, 26 dez (Lusa) - Mais de vinte polícias à paisana cercaram hoje o tribunal no norte da China onde está a ser julgado um conhecido advogado dos Direitos Humanos, afastando jornalistas, diplomatas estrangeiros ou apoiantes.

Wang Quanzhang é um de mais de 200 advogados e ativistas que foram detidos, em 2015, parte de uma campanha repressiva lançada pelo Governo chinês contra defensores dos direitos humanos no país.

Wang foi acusado, em 2016, de "subversão contra o poder do Estado", uma acusação muito grave na China e cuja pena máxima é prisão perpétua. Está detido, há mais de três anos, sem acesso a familiares ou advogados.

A sociedade de advogados à qual pertence, a Fengrui, esteve envolvida em vários casos politicamente sensíveis e representou críticos do Partido Comunista. Wang representou membros do culto religioso Falun Gong, que o PCC considera um culto maligno, e que baniu do país, em 1999.

Líderes do culto de prática espiritual foram condenados a longas penas de prisão e vários seguidores detidos, por alegadamente constituírem uma ameaça.

Citada pela agência Associated Press, a esposa do advogado, Li Wenzu, afirmou, na terça-feira, que agentes do ministério chinês de Segurança do Estado impediram-na de se deslocar a Tianjin, cidade portuária onde decorre o julgamento.

Os julgamentos de ativistas na China decorrem muitas vezes durante o período de natal, quando muitos diplomatas ocidentais e jornalistas se encontram de férias.

Li e Wang Qiaoling, esposa de outro advogado de defesa dos Direitos Humanos que foi detido, descreveram na rede social Twitter o seu encontro com membros da Segurança do Estado.

Um dos funcionários ofereceu-se para as levar até Tianjin, mas acrescentou que o julgamento não é publico e que estas não poderiam assistir.

Li e Wang afirmaram terem rejeitado a proposta e tentado sair do complexo, mas que todas as seis saídas tinham polícias à porta.

Li tem feito uma campanha pela libertação do marido. No início deste mês, ela e as mulheres de outros detidos rasparam o cabelo, num ato de protesto.

Em chinês, as palavras "cabelo" e "lei" são quase homófonas. "Podemos não ter cabelo, mas temos lei", afirmaram.

Diplomatas das embaixadas dos Estados Unidos, Suíça, Reino Unido ou Alemanha esperaram nas imediações do tribunal, em Tianjin. Os diplomatas afirmaram que o acesso ao julgamento lhes foi negado.

Um apoiante gritou palavras de apoio a Wang Quanzhang, antes de ser enfiado dentro de um carro por polícias à paisana.

"Um académico debilitado, e vocês tratam-no assim", afirmou Yang Chunlin, citado pela AP.

"Wang Quanzhang é a pessoa mais fantástica na China", gritou. "Exijo reformas políticas, direitos civis. Eleições no Partido e respeito pelos direitos humanos", disse, antes de ser levado pela polícia.

JPI // FST

Indonésia | Autoridades estimam em mais de 22 mil número de desalojados


Tanjung Lesung, Indonésia, 26 dez (Lusa) - Pelo menos 22 mil pessoas ficaram desalojadas na sequência do tsunami que no sábado atingiu o estreito de Sunda, na Indonésia, e causou pelos menos 430 mortos, segundo os dados mais recentes das autoridades do país.

O porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres indonésia (BNPB), Sutopo Purwo Nugroho, elevou hoje também para 159 o número de pessoas que continuam desaparecidas após o desastre, que causou ainda 1.495 feridos.

A zona mais afetada foi Pandeglang, na costa oeste da ilha de Java, onde, segundo aquele responsável, se registaram 290 mortos, 1.143 feridos e 77 desaparecidos, num total de 17.477 pessoas afetadas pelo desastre.

O tsunami ocorreu no sábado à noite, no Estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra.

Os cientistas acreditam que foi provocado pelo deslizamento submarino de terra, causado pela erupção do vulcão Anak Krakatau.

A onda gigante atingiu a costa oeste de Java e do extremo sul da ilha de Samatra, onde as más condições meteorológicas estão a dificultar as tarefas das equipas de resgate e das organizações de ajuda humanitária.

"As chuvas fortes fizeram os rios transbordar e provocaram inundações em vários pontos de Pandeglang. Esta situação está a dificultar a evacuação dos locais e a ajuda aos deslocados", afirmou Sutopo através da sua conta na rede social Twitter.

As autoridades indonésias pediram à população que se mantenha a pelo menos 500 metros da costa do estreito de Sunda, devido ao risco de novos tsunamis.

A BNPB assinalou que a Indonésia não conta com sistemas de alerta de tsunamis provocados por um vulcão e que as boias colocadas para detetar uma repentina subida das ondas não funcionam desde 2012 por falta de manutenção e de fundos para reparação dos danos provocados por atos de vandalismo.

As operações de resgate coincidem hoje com o 14.º aniversário do tsunami que, em 2004, arrasou a província indonésia de Aceh, no norte da ilha de Samatra, no qual morreram 167.799 pessoas e que afetou mais de uma dezena de países no oceano Índico, elevando para 230.273 o número total de vítimas mortais.

Localizada sobre o chamado "Anel de Fogo do Pacífico", zona de grande atividade sísmica e vulcânica, a Indonésia é sacudida anualmente por mais de 7.000 sismos, a maioria moderados.

CFF // FPA

Indonésia | Autoridades querem população longe da costa enquanto avaliam risco de novo tsunami


Sumur, Indonésia, 26 dez (Lusa) -- As autoridades indonésias pediram à população que reside na proximidade do vulcão Anak Krakatoa que evite a costa enquanto as erupções e as condições meteorológicas e do mar estão a ser monitorizadas para avaliar riscos de um novo tsunami.

A Agência de Meteorologia, Geofísica e Climatologia pediu às pessoas que se mantivessem a pelo menos 500 metros da costa do estreito de Sunda, onde um tsunami no sábado, provocado pela erupção do mesmo vulcão, causou pelo menos 429 mortos e 154 desaparecidos.

A chefe da agência, Dwikorita Karnawati, alertou que para a possibilidade de se registarem hoje ondas altas e fortes chuvas, num momento em que a parede da cratera do vulcão arrisca ruir.

Numa conferência de imprensa na terça-feira, a responsável disse que o clima e as contínuas erupções "podem causar deslizamentos de terra nos penhascos da cratera para o mar".

"Tememos que isso possa provocar um tsunami", acrescentou Karnawati.

A chuva intensa dificultou na terça-feira os trabalhos das equipas de resgate que percorrem o litoral do estreito de Sonda arrasado no sábado por um tsunami, cujo último balanço de vítimas apontava para 429 mortos e 154 desaparecidos.

A violenta erupção do vulcão Anak Krakatau, a cerca de 50 quilómetros mar dentro desde a praia Carita, provocou na noite de sábado um deslizamento de terra que criou as ondas de dois e três metros de altura e que demoraram 25 minutos a chegar à costa.

O tsunami surpreendeu muitos visitantes nas praias deste enclave, promovido como destino turístico pelo Governo.

JMC (AH) // FST