Estado
timorense tem que ouvir cidadãos e promover desenvolvimento regional - PR
20
de Maio de 2016, 13:04
Gleno,
Timor-Leste, 20 mai (Lusa) - O Estado timorense tem que ouvir os cidadãos,
promover o desenvolvimento regional, adotar políticas "eficazes e
determinadas" e diversificar a economia, promovendo um país de diálogo,
busca de consensos e respeito pela lei, disse hoje o Presidente de Timor-Leste.
Taur
Matan Ruak falava em Gleno, no município de Ermera nas cerimónias oficiais do
14.º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, a última vez
que o fará como chefe de Estado: em novembro do ano passado confirmou à Lusa
que não se recandidatará a um segundo mandato.
Cabe
ao Estado, destacou, um "papel realmente importante na solução dos problemas
do desenvolvimento nacional" e na resposta aos desafios atuais, que
"exigem políticas eficazes e determinadas".
"Mas
se o Estado não ouvir os cidadãos, se não promover a sua participação nos
projetos de desenvolvimento das aldeias e sucos de Timor-Leste, então não
podemos ter desenvolvimento local produtivo e eficaz", disse.
"O
grande desafio, pai de todos os outros desafios, continua a ser a necessidade
de transformação da economia do petróleo, em que ainda vivemos, numa economia
diversa e sustentável para superarmos a pobreza", considerou.
Taur
Matan Ruak afirmou que enquanto chefe de Estado atuou com os objetivos
principais de "aproximar o Estado dos cidadãos e reforçar a estabilidade
do país", programa a que se mantém "fiel".
Insistiu,
aliás, que "a proximidade entre os cidadãos e o Estado é fundamental para
reforçar a unidade nacional" e para "promover a participação dos
cidadãos e das comunidades na solução dos seus próprios problemas".
O
país necessita de aumentar o setor produtivo nacional, "valorizando mais
as riquezas da nossa terra e o trabalho de agricultores e outros trabalhadores
timorenses" e, para isso, é preciso melhorar os serviços públicos e a
eficiência do Estado, essencial também para atrair investimento.
Paz
e estabilidade são outros ingredientes essenciais para o futuro do país e do
seu desenvolvimento económico, como o é "o respeito da lei, o respeito
pelos órgãos de soberania - por todos os órgãos de soberania - e a
independência dos Tribunais e dos Juízes".
Acima
de tudo, afirmou, é essencial que perante os desafios o povo timorense saiba
responder com "maturidade", entendendo que "o Estado de Direito
e as leis, não são uma complicação dos juristas" mas sim "um
mecanismo de proteção dos cidadãos, e de defesa das instituições, e da paz na
sociedade".
"Os
cidadãos, os órgãos de soberania, os líderes, todos nós, temos de cumprir a
lei, porque sem respeito pelas regras não é possível haver disciplina, e sem
disciplina não é possível haver paz, nem estabilidade", afirmou.
"Tenho
confiança na maturidade do nosso povo. Acredito na capacidade dos timorenses
continuarem a construir um país melhor, e mais seguro, para nós e os nossos
filhos", disse.
ASP
// FV.
PR
timorense insta Austrália a ouvir "pedido legítimo e natural" sobre
fronteiras
20
de Maio de 2016, 13:16
Gleno,
Timor-Leste, 20 mai (Lusa) - O Presidente da República timorense apelou hoje à
Austrália para que ouça o "pedido legítimo e natural" de Timor-Leste
e aceite iniciar conversações sobre fronteiras marítimas, não deixando que este
assunto afete a relação bilateral.
"Uma
negociação como esta leva tempo. Mas países que se respeitam e cooperam
intensamente, têm de mostrar vontade de dar o mais rapidamente possível os
passos necessários, impulsionar esse processo e contribuir para reforçar as
relações bilaterais, no presente e no futuro", disse Taur Matan Ruak.
"O
povo timorense aguarda com expectativa ações positivas por parte do governo da
Austrália", disse, manifestando confiança na ação de Xanana Gusmão,
nomeado o negociador principal de Timor-Leste neste tema.
O
chefe de Estado, que falava em Gleno, a sul de Díli, nas cerimónias do 14º
aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, recordou a
intensidade da cooperação bilateral existente com a Austrália, apesar desses
"assuntos ainda não resolvidos, relativos à definição das fronteiras
marítimas" entre os dois países.
"Não
permitamos que a questão das fronteiras continue a ser adiada e afete as
relações que os nossos povos desenvolveram, desde o combate comum na II Guerra
Mundial e, depois, noutros momentos decisivos dos últimos 70 anos",
considerou.
"A
consolidação do Estado de Timor-Leste é uma aspiração legítima, compreendida
como tal pela comunidade internacional. A delimitação de fronteiras é
importante neste processo e é apoiada no direito e boas práticas da comunidade
das nações", disse.
Uma
aspiração, considerou, compreendida por muitos australianos, "incluindo de
órgãos de soberania e da sociedade civil da Austrália".
No
seu discurso Taur Matan Ruak reconheceu os progressos conseguidos em
Timor-Leste nos últimos 14 anos, consolidando as suas instituições, promovendo
a reconciliação interna e externa e conseguindo manter a estabilidade no país.
Liberdade
de imprensa, proteção judicial para os cidadãos e outras garantias dos direitos
humanos são motivos pelos quais os timorenses devem sentir orgulho, disse.
"Os
timorenses têm razões para se orgulhar do que têm realizado nos primeiros 14
anos de independência", afirmou, saudando o apoio dos parceiros
internacionais, "fundamentais para os êxitos" conseguidos.
Hoje,
disse, Timor-Leste retribui de alguma forma esse apoio, com uma intervenção
internacional, fortalecendo a integração regional, incluindo com os vizinhos da
Indonésia e da Austrália.
"O
processo de paz e reconciliação criou novas relações de boa vizinhança e
amizade com a Indonésia e hoje os dois países têm uma cooperação bilateral e
multilateral intensa e positiva, que é mutuamente vantajosa e tem promovido o
aumento de contactos familiares, culturais e económicos entre timorenses e
indonésios", disse.
A
melhoria de relações permitiu, entre outros aspetos, identificar timorenses
transportados para a Indonésia durante a ocupação, defendeu.
Timor-Leste
tem aprofundado as suas relações na ASEAN, mantém relações fortes com países em
vários continentes, com parceiros como Portugal, que "têm oferecido uma
assistência continuada e confiável ao esforço de desenvolvimento" do país.
O
Presidente relembrou que está a terminar a primeira presidência rotativa de
Timor-Leste da CPLP, marcando o progresso do país "de território ocupado e
resistente, a Estado credível e responsável, integrado na comunidade das
nações, e em busca de caminhos para o reforço da segurança e do bem-estar do
nosso povo".
ASP//ISG
PR
timorense agradece apoio de "amigos" na luta pela independência do
país
20
de Maio de 2016, 13:46
Gleno,
Ermera, 20 mai (Lusa) - O Presidente da República timorense agradeceu hoje, no
14.º aniversário da restauração da independência, o apoio dos muitos
"amigos", em todo o mundo, que se sentiram "inspirados pela
dignidade" do povo de Timor-Leste.
"Este
sentimento contra a violência, e a luta para ver respeitada a nossa dignidade
como povo, foram compreendidos por milhões de pessoas. A luta dos timorenses
pela paz conquistou amigos e inspirou a solidariedade de ativistas, em todo o
mundo", disse Taur Matan Ruak.
Num
discurso em Gleno, capital do município de Ermera, que hoje acolhe as
comemorações oficiais do aniversário, Taur Matan Ruak entregou condecorações a
vários cidadãos nacionais e estrangeiros, agraciados com a Ordem de
Timor-Leste.
Trata-se,
disse Taur Matan Ruak, de reconhecer nos 25 condecorados - de Timor-Leste,
Moçambique, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Indonésia e Austrália -
"vários amigos, solidários com a causa da liberdade do povo e que se
distinguiram pela sua ação".
Num
dia de festa em que os timorenses comemoram "a liberdade, enquanto nação,
e os êxitos" dos últimos 14 anos, Taur Matan Ruak relembrou os sacrifícios
da luta contra a ocupação indonésia.
"Os
timorenses foram forçados a pegar em armas, mas a nossa resistência foi sempre
um combate pela paz, contra todas as formas de violência", disse.
Entre
os condecorados, o chefe de Estado destacou o ex-presidente moçambicano, Samora
Machel, cuja memória honra com o Grande Colar, a mais alta condecoração
timorense para cidadãos estrangeiros.
"Samora
Machel foi um combatente pela dignidade, em várias frentes: na libertação do
seu país, na solidariedade inabalável com a luta de libertação do nosso povo, e
na linha da frente do combate contra o 'Apartheid' e o racismo", disse.
"Pelo
seu humanismo, a sua vivência da solidariedade, a memória deste filho de Moçambique
tornou-se um património da luta de emancipação da humanidade", disse.
O
chefe de Estado recordou "outro combatente da liberdade", o
ex-presidente português Jorge Sampaio, a quem entregará pessoalmente a
condecoração que já lhe foi conferida no passado.
"Quando,
em 1999, abrimos a nossa janela para a liberdade, estavam na presidência e no
governo de Portugal ativistas da liberdade, amigos da causa dos timorenses,
como Jorge Sampaio e António Guterres que prestaram importantes serviços em
prol da Humanidade e da dignidade dos timorenses", afirmou.
De
Timor-Leste foram condecoradas sete pessoas, incluindo vários párocos,
nomeadamente o italiano Locatelli, o timorense Leão, e os luso-timorenses João
Felgueiras e José Martins, "educadores infatigáveis de sucessivas gerações
de timorenses, e na preservação da nossa identidade nacional e promoção do
desenvolvimento cultural do país".
Entre
os portugueses condecorados, Taur Matan Ruak destacou o vice-almirante António
Silva Ribeiro - que ajudou "na obtenção de equipamentos de comunicações,
durante a ocupação, para uso das Falintil na montanha" - e o cantor Luís
Represas, cuja música sobre Timor "constituiu um apelo
extraordinário" e um "grito de alarme que condensou o apoio emocional
de milhões de portugueses, num tempo de emergência nacional", a
Timor-Leste.
O
chefe de Estado condecorou ainda o atual secretário executivo da CPLP, Murade
Murargy e sete personalidades e organizações da Austrália, todos com
"longa história de solidariedade com os timorenses" nos momentos mais
complicados.
"O
povo australiano acolheu de braços abertos os nossos refugiados, recolheu
fundos para a resistência, chamou a atenção para a nossa luta, empunhou
corajosamente os valores de decência e humanidade nas relações internacionais,
nos anos em que Timor-Leste vivia sob o peso da ocupação e da guerra",
disse.
Destaque
especial para Kevin Sherlock, condecorado a título póstumo, o responsável por
um dos maiores arquivos privados sobre Timor-Leste.
"O
amor de Kevin pela nossa cultura e a nossa realidade deve ser tomado como
exemplo por nós próprios, timorenses, porque mostra-nos a importância da
memória na preservação e transmissão de valores e tradições, e de
acontecimentos que, em muitos casos, contribuíram para sermos hoje uma nação independente",
disse.
Este
ano recebeu também a condecoração, que lhe foi atribuída há um ano, a
ex-primeira dama timorense, a australiana Kyrsty Gusmão que, "aprendeu a
amar Timor e contribuiu para a liberdade, antes e depois da Restauração da
Independência".
ASP//ISG
Filho
de Samora Machel recorda memória do pai em homenagem em Timor-Leste
20
de Maio de 2016, 17:55
Gleno,
Timor-Leste, 20 mai (Lusa) - O filho de Samora Machel considerou hoje um grande
reconhecimento ao seu pai e ao povo moçambicano a condecoração a título póstumo
que foi conferida hoje ao ex-Presidente de Moçambique pelo chefe de Estado
timorense.
"É
de grande importância para o povo moçambicano, para a minha família e para mim
pessoalmente. É um grandíssimo reconhecimento porque Samora Machel sempre lutou
pela libertação do povo maubere", disse hoje à Lusa Samora Machel Junior,
em Timor-Leste.
O
filho do antigo Presidente moçambicano lembrou que o pai, "junto das
organizações internacionais, nas Nações Unidas, na organização que é hoje a
União Africana, sempre se bateu para que houvesse reconhecimento de que a
ocupação indonésia era ilegal, de que o povo maubere merecia ser apoiado para
estar liberto".
Samora
Machel Junior falava depois de receber das mãos do Presidente timorense, Taur
Matan Ruak, durante as cerimónias do 14.º aniversário da restauração da
independência de Timor-Leste, o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, entregue
postumamente ao seu pai.
"Hoje,
o povo em que ele acreditou faz este grande reconhecimento à sua luta",
disse, destacando a importância de que os povos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) conheçam cada vez mais a história uns dos outros,
porque tem muitos elementos em comum.
Outro
dos galardoados hoje foi o vice-almirante português António Silva Ribeiro que,
em 1996, na altura diretor operacional do Serviço de Informações Estratégicas e
de Defesa Militar (SIEDM), ajudou "na obtenção de equipamentos de
comunicações, durante a ocupação" para uso da resistência timorense.
"Foi
uma obrigação, uma questão de serviço a Portugal. O que fizemos foi ajudar a
política externa portuguesa, montando uma rede de comunicações que permitiu ao
senhor MNE contactar com as autoridades timorenses, o Xanana preso em Cipinang
e primeiro Konis Santa e depois Taur Matan Ruak nas montanhas", afirmou.
"Isso
do ponto de vista da ligação das autoridades políticas portuguesas e da
resistência foi muito importante. Permitiu à própria resistência poder
comunicar externamente de viva voz, a sua visão acerca da justeza da sua luta
pela independência", afirmou o vice-almirante à Lusa.
Igualmente
condecorada hoje foi Patrícia Alexandra Costa Gaspar que colaborou com Antonio
Silva Ribeiro no projeto de comunicação com Timor-Leste.
"Tivemos
a honra e o privilégio de trabalhar na causa de Timor e particularmente neste
projeto que foi a luta pela autodeterminação. Sinto enorme orgulho e
privilégio", disse.
Luis
Represas, autor da canção Timor, que se tornou um dos símbolos da solidariedade
portuguesa com aluta timorense foi outros dos galardoados, querendo partilhar o
galardão, como explicou à Lusa, com o povo português e com os autores da
música, João Gil e João Monge.
"Foi
essa canção, podia ter sido outra, mas foi essa canção que caiu na rua. Quando
o João Gil e o João monge compuseram essa canção ninguém estava a espera de
chegar onde chegou", disse.
Represas
recordou que muitos fizeram canções que ajudaram a mobilizar ainda mais a
solidariedade portuguesa, declarando-se honrado por ser "porta-voz e
comunicador" dessa "vontade de juntar esforços".
"É
um reconhecimento que partilho com os portugueses todos. Não me esqueço que foi
a única vez que eu vi o meu país inteiro unido, da esquerda à direita,
transversalmente nas classes sociais, credos, completamente unido em torno de
uma causa", disse.
ASP
// VM