A
Fretilin aumentou o seu apoio eleitoral em Timor-Leste e reunia em novembro a
maioria das preferências dos timorenses, segundo uma sondagem que revela uma
queda do número de indecisos e de eleitores sem simpatias partidárias.
O
estudo, a que a Agência Lusa teve acesso, indica que 44% dos inquiridos se
declaram associados ou simpatizantes da Fretilin - atual segundo maior partido
timorense - mais do dobro dos que declaram essa preferência em outubro de 2013,
quando foi feita a sondagem anterior.
A
força política mais votada em 2012, o Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT), surge agora como segunda força política, mantendo o mesmo
nível de apoio da sondagem equivalente de 2013, ou seja, 19%.
A
sondagem foi realizada pela Insight Lda sob supervisão da Chesapeake Beach
Consulting e do Instituto Republicano Internacional (IRI) entre 07 e 24 de
novembro e envolveu 1.200 entrevistas em todos os 13 municípios de Timor-Leste.
O
estudo analisa perceções económicas, políticas e sociais sobre Timor-Leste e a
relação do país com o estrangeiro, entre outros aspetos, e é divulgada num
momento em que já se debatem em Timor-Leste as eleições presidenciais e
legislativas do próximo ano.
Instados
a indicar que partido apoiam ou com o qual simpatizam, 3% identificaram o
Partido Democrático (eram 4% em 2013) e 2% o Partido de Libertação do Povo
(PLP), nova força política.
As
zonas de maior apoio do CNRT são os municípios de Díli e Ermera, da Fretilin
são Díli e Baucau, do PD Ermera e Lautem, do PLP Baucau e Díli e do Khunto
Bobonaro e Ainaro.
Segundo
a sondagem, a percentagem de pessoas que não se identifica com qualquer partido
caiu de 28 para 15 por cento e o número de indecisos desceu seis pontos
percentuais, para 13%, em comparação com 2013.
Uma
maioria de 81% diz que não considera votar por outro partido e dois terços
mostra-se "fortemente a favor" do partido que apoiam se unir em
coligação com outra força política.
Questionados
sobre porque são simpatizantes de um determinado partido, 27% diz que é por ser
o melhor para o país, 17% porque a família está associada àquela força
partidária ou porque lutou pelo partido e 15% por serem fundadores da nação.
Na
avaliação dos três maiores partidos nota-se um aumento dos que têm opinião
"muito favorável" da Fretilin - passam de 63% em 2013 para 75% este
ano -, com quedas na mesma avaliação ao CNRT (passa de 74 para 57 por cento) e
para o PD, que passa de 48 para 26 por cento.
O
PD é o partido que tem a maior percentagem de avaliação "muito
desfavorável", 20%, quase o dobro do CNRT (11%) e quatro vezes mais do que
a Fretilin.
Para
mais de metade dos inquiridos, a Fretilin é o partido em que mais confiam
(58%), o que tem as melhores políticas (55%), os maiores apoiantes de reformas
democráticas (54%), a liderança mais forte (56%) e mais empenhada em combater
corrupção (56%) e aquele que tem mais líderes jovens (54%).
O
mesmo partido é considerado o que tem as melhores políticas económicas, de
segurança, educativas e de saúde, o que mais apoia as mulheres e o "mais
religioso".
Há
elementos da sondagem que contrastam com os resultados das eleições de 2012,
que foram ganhas pelo CNRT, com 36,66% do voto, contra os 28,87% obtidos pela
Fretilin.
Esta
sondagem indica que 44% dos inquiridos dizem ter votado na Fretilin contra 29%
dos que dizem ter votado no CNRT.
Outra
diferença refere-se ao índice de participação, que em 2012 foi de 74,78%,
quando nesta sondagem 86% dos inquiridos diz ter votado.
Dimitar
Stojkov, diretor do IRI em Timor-Leste, disse que é normal a diferença nos
números da participação porque, como ocorre noutros países, há sempre pessoas
que não votaram mas dizem que votaram.
Sobre
o apoio partidário, disse que esta sondagem não deve ser vista como uma
"verificação das eleições de 2012" e que para essa comparação deve
ser usada a sondagem de 2013, que "deu resultados muito idênticos"
aos do voto do ano anterior.
A
sondagem deste ano tem uma margem de erro que não excede 2,9% no intervalo
médio e um nível de confiança de 95%.
Para
comparação foi utilizada uma sondagem idêntica de 2013, mas feita num momento
diferente, mais de um ano depois das eleições, ao contrário da atual, realizada
antes das presidenciais e legislativas de 2017.
SAPO
TL com Lusa