Díli, 20 mai (Lusa) - O
Presidente da República timorense considerou hoje que a maioria absoluta saída
das eleições legislativas de 12 de maio "não é um cheque em branco"
para o Governo que deve honrar as promessas e compromissos feitos na campanha.
"Os cidadãos deram ao país
uma maioria clara para governar. Mas maioria clara não é um cheque em branco
para um governo, qualquer que seja o governo, fazer o que quer. Não. Governar é
escolher políticas adequadas, é implementar medidas equilibradas para responder
às necessidades do povo. Governar é promover os superiores interesses do povo e
do país" disse hoje Francisco Guterres Lu-Olo.
"A maioria clara que
resultou da eleição antecipada torna mais fácil o trabalho de governar, mas
para reforçar a confiança na democracia, os políticos têm de honrar as
promessas que fazem durante as campanhas eleitorais", sublinhou.
Lu-Olo falava perante as
principais figuras do Estado numa cerimónia em frente ao Palácio do Governo em
Díli que assinalou o 16.º aniversário da restauração da independência de
Timor-Leste.
Foi o primeiro discurso do chefe
de Estado depois das eleições de 12 de maio, que ocorreram depois de um período
de tensão política em que, como destacou hoje o Presidente, os cidadãos deram
um "alto exemplo de maturidade, reforçando a paz, a estabilidade e a
democracia" do país.
Referindo-se ao seu próprio
papel, Lu-olo disse que tudo fará no âmbito das suas competências para "ajudar
a unir o país, promover a participação dos cidadãos no desenvolvimento nacional
e cooperar com todos os órgãos de soberania para facilitar a definição e a
aplicação das políticas de desenvolvimento nacional, a todos os níveis.
Ainda que seja salutar para o
país uma "oposição forte e competente", Lu-Olo considera que "há
interesses nacionais" que devem unir todos os timorenses e que
"requerem o concurso da oposição e a capacidade do governo ouvir e
dialogar, para ter êxito".
"Podem continuar a contar comigo
para ser o Presidente de todos e para todos os timorenses e ser fator de
unidade, diálogo e inclusão da sociedade. Juntos, alcançaremos mais
rapidamente, as metas de desenvolvimento do país e de melhoria do bem-estar dos
timorenses todos, sem excluir ninguém", disse.
Para Lu-Olo a prioridade do
Estado continua a ser o "desenvolvimento das melhores condições possíveis
para o reforço da soberania nacional" o que obriga a "desenvolver
rapidamente esta terra e melhorar as condições de vida e bem-estar dos cidadãos
todos".
"Governar com sucesso é
alcançar resultados positivos: Desenvolver o país e melhorar as condições de
vida de todos é que será governar com êxito. Aqui reside o fulcro da reflexão
que proponho a todos nós", sublinhou.
Para o chefe de Estado, o dia que
hoje se comemora, "evoca e prova a capacidade da nação timorense para se
unir, resistir e vencer", transformando "os valores, as tradições e a
cultura em instrumentos de realização do nosso sonho, e do dos antepassados, de
construir um futuro melhor, num país melhor".
Francisco Guterres Lu-Olo
recordou que o primeiro ano do seu mandato, cumprido hoje, "foi um ano
recheado de desafios" para todos, com o país a cair num "impasse
político, que criava obstáculos à aprovação de leis e de outros instrumentos
constitucionais fundamentais para a governação".
Defendendo a sua decisão de
convocar eleições antecipadas para resolver o impasse, apesar do potencial
risco, Lu-Olo disse que "os cidadãos responderam ao desafio, com
extraordinária maturidade, espírito de tolerância e vontade de dar as mãos, em
nome da paz".
"Na preparação e realização
das eleições antecipadas o comportamento sereno, maduro e tranquilo dos
cidadãos, em todo o país, elevou o nome de Timor-Leste, na região e no
mundo", disse.
"Os cidadãos timorenses
tornaram-se um exemplo digno de ser seguido por todos, incluindo pelos líderes
- agora e no futuro", sublinhou.
Para o chefe de Estado a crise
recente mostrou que o sistema constitucional do país funciona e o
"processo político exemplar" em curso "é o melhor presente de
aniversário que a nação pode desejar".
Lu-Olo deixou ainda apelos para
que se consiga fomentar a crescente participação dos eleições na vida pública,
além das eleições e na "definição e implementação das prioridades de desenvolvimento,
a nível nacional e no desenvolvimento local".
"Com as condições de paz,
estabilidade e clareza política que o país revela, neste momento, os cinco anos
da 5.ª Legislatura que, dentro de pouco tempo, se vai iniciar com a abertura do
novo parlamento Nacional, têm de ser anos em que Timor-Leste dê novos passos
decisivos: na qualidade da nossa economia; e na qualidade do nosso
desenvolvimento, para realizarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
a que nos comprometemos, nas Nações Unidas, juntamente com a comunidade
internacional", defendeu.
"Os objetivos estratégicos
de desenvolvimento nacional não mudam só porque um governo muda. A defesa e
promoção do interesse nacional exige diálogo, concertação, e participação ativa
dos cidadãos", frisou.
Entre as prioridades destacou a
educação, a saúde e fortalecimento da economia nacional, aspetos que continuará
a acompanhar com particular atenção.
"Como afirmei no momento em
que tomei posse, no exercício do meu mandato usarei os instrumentos que a Constituição
confere ao Presidente da República", disse.
Entre outros aspetos, para
"defender a inclusão social e económica de todos os timorenses, homens e
mulheres sem exceção, através da defesa e promoção de políticas públicas de
Educação, formação profissional, saúde, habitação, acesso a água limpa,
saneamento básico e criação de empregos" e "ser um fator de
estabilidade política, paz e desenvolvimento".
ASP // ALU