sábado, 21 de abril de 2018

Ramos-Horta veste camisola da Fretilin e viaja pelo país em campanha


Madabeno, Timor-Leste, 21 abr (Lusa) - O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta é um dos fundadores da Fretilin, mas há décadas que não vestia, nem literal nem politicamente, a camisola do partido, mantendo-se apartidário ou dando apoio, nos bastidores, a outras forças políticas.

O regresso à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), evidente na campanha em curso para as eleições antecipadas de 12 de maio em Timor-Leste, é tão 'fresco' que Ramos-Horta tem uma única camisola.

"Tenho que a estar sempre a lavar", confessou à Lusa, já vestido com a camisola vermelha, do lado esquerdo do peito a bandeira do partido, do direito, a branco, o seu nome e o título "Fundador".

A conversa decorre no pequeno suco de Madabeno, nas montanhas do município de Aileu, a sul de Díli. A poucos quilómetros, no Remexio, também num mini-comício, está o maior rival da Fretilin, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).

Formada pelos três partidos da oposição maioritária, a AMP é liderada por Xanana Gusmão - que saiu hoje em viagem para Nova Iorque - e por Taur Matan Ruak, ambos, como Ramos-Horta, ex-Presidentes da República.

A Fretilin, que bateu por uma margem mínima o CNRT de Xanana Gusmão nas eleições de julho de 2017, está no Governo apenas desde outubro, momento a partir do qual a tensão política em Timor-Leste aumentou, com a oposição a travar o programa e o orçamento e o país a entrar num impasse que foi resolvido com a decisão do atual chefe de Estado de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas.

Em entrevista à Lusa, o atual ministro de Estado - Ramos-Horta foi convidado, como independente, para se juntar ao Governo liderado por Mari Alkatiri (secretário-geral da Fretilin) - explica o porquê do regresso ao partido.

Continuar o que foi feito bem nos últimos 10 anos, corrigir as "muitas coisas que têm sido mal feitas" e dar um "novo rumo à política económica e de desenvolvimento", explica.

Por outro lado, garante, "há apenas dois partidos que se enraizaram em Timor-Leste: um é a Fretilin, o outro o PD [Partido Democrático", já que, afirma, "o CNRT é Xanana Gusmão, é a sua personalidade e o PLP é um partido novo, que ainda não provou rigorosamente nada e está também ele centrado na figura de Taur Matan Ruak".

Convicto de que se Xanana se afastar do CNRT, o partido desaparece, com "muitas divisões e desconfianças internas", Horta diz-se preocupado com "o futuro do sistema político partidário de Timor porque daí vem a democracia".

"Quero que a Fretilin ganhe, que o PD ganhe, sem claro menosprezar Xanana Gusmão. Acredito numa vitória da Fretilin, juntamente com o PD [parceiro no atual Governo] e que vão convidar Xanana para ver em que papel quer contribuir nos próximos anos", afirmou.

A 'caravana' partidária é o mais pequena possível: Ramos-Horta, um condutor e a sua assistente, num único carro, seguido pelo da reportagem da Lusa.

"A minha contribuição à campanha da Fretilin tem sido ir encontrar-me com pequenos grupos em aldeias remotas, por estradas infernais e perigosas", conta, explicando que nos últimos dias tem conduzido o seu próprio jipe, mas que hoje preferiu vir 'à boleia'.

Praticamente a chegar a Madabeno, juntou-se ao grupo um outro carro, para mostrar o caminho, e mais adiante três motas com jovens com bandeiras da Fretilin, que sobem e baixam e ziguezagueiam na estrada ao ritmo dos muitos buracos que fazem demorar o curto percurso.

De Díli a Madabeno são cerca de 25 quilómetros, para sul, quase todos montanha acima, até tocar as nuvens. Mais de metade do percurso é feito em estradas cheias de buracos, enlameadas, com zonas onde há pedaços caídos para o penhasco.

Como todos os atos de campanha em Timor-Leste, também este tem a presença de observadores da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que de imediato apontam um problema: há cartazes colados nas paredes do edifício escolar que rodeia o recinto.

Isso não é permitido pela lei eleitoral e por isso muda-se a mesa de honra e o equipamento para outro lado: um retângulo de cimento onde ainda se notam as marcas quase apagadas do que seria um campo de jogos.

Este é um encontro pequeno. Habitantes da zona, duas ou três camionetas que transportam os que vivem mais longe. Uma oportunidade, explica o apresentador, para "falar do programa da Fretilin".

E que começa com Horta de punho erguido e o hino do partido.

ASP // FPA

Ramos-Horta rejeita debater o seu papel na história do país


Madabeno, Timor-Leste, 21 abr (Lusa) - O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta recusou hoje responder às críticas recentes de que tem sido alvo sobre o seu papel na luta pela libertação de Timor-Leste, afirmando que só está preocupado com o futuro do país.

"Eu não fiz mais do que ninguém. Talvez fiz o mínimo, o menos de todos. Os que, do outro lado, têm falado na história, devem-se acalmar porque não reclamo rigorosamente nada", afirmou à Lusa, à margem de uma ação de campanha para as legislativas antecipadas de 12 de maio em Madabeno, a 25 quilómetros a sul de Díli.

"Se acham que a frente diplomática representada por mim, Mari Alkatiri e outros não fez nada, que fique assim. O debate terminou. Eu não tenho problema nenhum. Não estou nesta campanha para vir a ser ministro ou presidente ou primeiro-ministro. O que me preocupa é o curso e a trajetória do pais. Há muito a corrigir", sustentou.

Fundador da Fretilin, José Ramos-Horta foi durante décadas o rosto internacional da luta contra a ocupação indonésia, papel pelo qual recebeu em 1996 - e conjuntamente com o então administrador apostólico de Díli - o Prémio Nobel da Paz.

Desde o inicio da campanha, em que pela primeira vez em décadas voltou a vestir, literal e politicamente, a camisola da Fretilin - está no atual Governo como ministro de Estado - Ramos-Horta tem sido alvo de críticas dos dirigentes e militantes da oposição.

Os líderes e militantes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), incluindo Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, têm marcado parte do seu discurso por duras críticas à Fretilin, a Ramos-Horta e a Mari Alkatiri, secretário-geral do partido.

Muitos dos comentários referem-se ao passado da luta contra a ocupação indonésia e pela independência de Timor-Leste, com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes braços da resistência: armada, clandestina e diplomática.

"Aqueles que usam linguagem muito agreste, já com ataques pessoais, talvez estejam muito nervosos com a possibilidade real de perderem. Provavelmente é isso. E isso não os ajuda", considerou.

"O povo observa quem são os líderes que agem com serenidade, elegância, sem ataques pessoas. Esse povo não gosta de líderes que usam linguagem de confrontação e ataques", considerou.

Os timorenses podem gostar mais de um líder ou de outro, mas respeitam todos, "sem hostilidade a nenhum" e "quando um ou outro faz ataques pessoais, negando o papel de um outro, isso não cai bem no eleitorado, sobretudo no eleitorado jovem".

"Perante ataques pessoais, batem-me numa face, dou a outra. Continuo a respeitar imenso Xanana Gusmão e não podemos negar o seu imenso contributo para a luta e para os últimos 15 anos", afirmou.

"Temos diferenças de abordagem em relação à governação e ao futuro do país, e acredito no futuro do país. Não sou anti-CNRT ou anti-Xanana. Continuarei, mesmo sendo alvo de ataques, a falar com todo o respeito e admiração por Xanana Gusmão", afirmou.

Sem comentar em concreto as acusações, Ramos-Horta lamenta os comentários que considera "pouco pedagógicos", considerando que "supostamente os líderes devem dar o exemplo", ensinando os mais jovens".

Jovens que, garante, "querem programas, querem ver esperanças de melhorar as suas vidas, de ver o seu futuro melhor" ou, então, nas zonas mais isoladas do país, que "querem água limpa para a aldeia, eletricidade onde não há, escolas mais perto, investimento na agricultura para poder ter mais comida para as crianças".

"Só pedem isso. Não estão muito preocupados com o gasoduto, se vem para Timor ou não. Não participam nesse debate, não estão muito preocupados com grandes visões. Pedem coisas simples", afirmou.

Ramos-Horta rejeita ainda as críticas da AMP à Fretilin "como se o partido tivesse governado" quando foi o CNRT, agora na coligação, que liderou o executivo nos últimos 10 anos, com a Fretilin a dar apoio para "viabilizar" o executivo.

"Mostrou sentido de Estado. Foi o que fez. Agora de repente fazem esse ataque feroz à Fretilin, como se tivesse a governar estes 10 anos. Mas afinal quem governou 10 anos?", questiona.

ASP // FPA

Primeiru-ministru aseita debate kona-ba fronteira hafoin votu


Primeiru-ministru timoroan, Mari Alkatiri, afirma iha loron-sesta ne'e katak prontu halo debate kona-ba fronteira tasi nian ho líder hosi opozisaun, Xanana Gusmão, maibé hafoin de'it eleisaun loron 12 Maiu.

Xanana Gusmão, líder hosi Aliansa Mudansa ba Progresu (AMP) - ne'ebé halibur partidu opozisaun maioritáriu tolu - ne'ebé durante kampaña halo referénsia regular ba asuntu, liuliu hodi esplika akordu ne'ebé nia negosia ho Austrália.

Tratadu ne'e asina ona iha loron 06 Marsu liubá, iha Nova Iorke, iha serimónia ne'ebé maka Xanana Gusmão la asisti. Dokumentu ne'e agora iha prosesu ratifikasaun parlamentar, sei ko'alia hela kona-ba akordu ba modelu esplorasaun hosi kampu sira Greater Sunrise nian.

Durante kampaña, Xanana Gusmão, ne'ebé esplika ona prosesu negosial tomak ba ema atus resin, dezafia Mari Alkatiri ho ministru Estadu, José Ramos-Horta, ne'ebé partisipa iha kampaña hosi Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), ba debate ida iha televizaun kona-ba asuntu.

Hatán kona-ba aseita ka la'e dezafiu ne'e, Mari Alkatiri, ne'ebé hanesan mós sekretáriu-jeral Fretilin nian, hatete katak prontu ba debate maibé halo de'it hafoin eleisaun sira, tanba konsidera katak asuntu ne'e hanesan kestaun ida Estadu nian no labele halo parte hosi kampaña.

"Ha'u prontu ba debate maibé hafoin de'it eleisaun sira. Ha'u lakohi atu fronteira tasi nian sai hanesan problema eleitoral. Bainhira halo antes debate, ha'u halo jogu Xanana Gusmão nian ne'ebé tau asuntu ne'e iha kampaña", nia afirma.

"Labele halo parte iha kampaña", nia hatutan.

Iha komísiu sira ne'ebé maka nia partisipa, Xanana Gusmão afirma katak nia ekipa negosial konsege ona, ho tratadu foun, rezultadu ida pozitivu liu ba Timor-Leste, bainhira hatama iha bee timoroan nian posu sira ne'ebé hetan ona esplorasaun, duké tratadu anterior ne'ebé maka negosia hosi Mari Alkatiri.

Militante sira AMP nian tenta promove mós argumentu katak Mari Alkatiri ho Fretilin la apoia atu gazodutu ida hosi Greater Sunrise ba Timor-Leste, kestaun kompleksu ida iha negosiasaun sira ne'ebé sei hala'o hela ho Austrália no petrolíferu sira.

Mari Alkatiri rekorda katak akordu anterior sira entre Timor-Leste ho Austrália kona-ba rekursu sira hosi tasi Timor nian permiti ona Díli hetan liután reseita hamutuk biliaun 30 ne'ebé selu ona Estadu iha tinan 10 ikus ne'e.

Tanba ne'e, iha entrevista foin lalais ne'e ba Lusa, primeiru-ministru defende katak lahó akordu sira ne'e sei laiha posibilidade hodi iha kondisaun hodi hetan akordu istóriku ne'ebé defini ba dala uluk liña permanente hosi fronteira entre nasaun rua no ne'ebé asina ona iha fulan-Marsu liubá.

Hatán kona-ba debate ba kestaun ne'e, liuliu kona-ba opsaun sira kona-ba dezenvolvimentu hosi Greater Sunrise, Mari Alkatiri hatete katak nia pozisaun la muda ida.

"Bainhira ema sira hakarak hamosu espetativa hodi hetan de'it votu, entaun bele kria. Ha'u defende nafatin gazodutu ba Timor. Maibé agora halo hela negosiasaun. No bainhira asina akordu ne'e ohin, sei akontese de'it iha tinan 15 oinmai. La'ós fulan 15", nia afirma.

Kampaña eleitoral halo to'o loron 09 Maiu. Iha votu, hodi hili deputadu na'in 65 ba lejislatura dalima, partisipa partidu ho koligasaun ualu, númeru ne'ebé ki'ik tebes maibé iha númeru eleitoral ne'ebé aas tebes.

SAPO TL ho Lusa

Ministru Defeza timoroan hakarak investiga saída hosi dokumentu sira


Ministru Defeza ho Seguransa timoroan nian hatete, iha loron-sesta, katak husu ona investigasaun ida ba Komisaun Funsaun Públika no ba Polísia Investigasaun Kriminal kona-ba uzu ne'ebé opozisaun halo ba dokumentu sira hosi nia gabinete.

"Ha'u komunika ona kazu ba prezidente hosi Komisaun Funsaun Públika nian, tanba dokumentu sira karik selesiona hosi funsionáriu sira. Informasaun dahuluk ne'ebé maka fó mai ha'u maka ne'e hanesan krimi no bainhira konsege komprova entaun sei hasai hosi funsaun públika", José Somotxo hatete ba Lusa.

"Ha'u husu mós ba Polísia hosi Investigasaun Kriminal hodi hatene sé maka divulga dokumentu sira ne'e", nia hatutan mós.

José Somotxo hatete katak senti "preokupadu" ho divulgasaun hosi dokumentu sira iha pájina Aliansa Mudansa ba Progresu (AMP) iha Facebook, ne'ebé akuza governante uza laloos osan Estadu nian hodi halo kampaña partidáriu, asaun ne'ebé nia nega.

"Halo ona komentáriu oioin kona-ba asaun ne'ebé ha'u laiha preokupasaun ida. Maibé agora akuza ha'u uza osan Estadu nian hodi halo kampaña. Ne'e hanesan bosok. Ha'u halo orden ida serbisu hodi akompaña kampaña nu'udar ministru", nia esplika.

"Ha'u marka prezensa iha asaun balun maibé ha'u la halo komísiu sira tanba ha'u nia kompeténsia sira nu'udar ministru la adekua hodi mosu iha komísiu sira hodi hakilar", nia insisti.

Tuir Aliansa Mudansa ba Progresu (AMP), ne'ebé halibur partidu opozisaun maioria tolu iha Timor-Leste, katak ministru José Somotxo halo pedidu ida hodi uza karreta sira Estadu nian hodi karik halo "vizita traballu sira", maibé partisipa ativu nafatin iha kampaña sira hosi partidu Governu nian, Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

AMP nia pájina ofisial iha Facebook divulga dokumentu rua ho fotografia ida ne'ebé, konsidera, hatudu katak ministru José Somotxo "uza laloos osan Estadu nian ba atividade partidáriu ida" hodi uza "kortina hosi membru Estadu nian" hodi halo kampaña.

Iha konkretu, AMP refere katak iha ajenda ofisial, ministru iha previzaun halo "observasaun kampaña nian" maibé mosu ho kamizola ida Fretilin nian iha tribuna onra nian iha komísiu ne'ebé partidu halo iha loron-sesta ne'e iha Baucau, sidade daruak timoroan nian.

Dokumentu ida hanesan despaxu ida hosi "movimentu hosi orden pesoal" asina hodi Somotxo nu'udar ministru no nu'udar "viajante" no ne'ebé refere ba "vizita serbisu ida" ba munisípiu hamutuk 12 no mós ba rejiaun administrativu espesial Oecusse-Ambeno entre loron 10 Abril no 10 Maiu, períudu ne'ebé koinside ho kampaña eleitoral.

Dokumentu daruak hanesan "orden serbisu" ida ne'ebé nomeia grupu ida ho elementu na'in 11, inklui xefe gabinete armamentu nian, ajudante ida iha kampu, eskolta sira ho motorista ne'ebé maka sei akompaña ministru.

"Ha'u la hatene karik ema ruma ba ha'u nia gabinete ka iha Ministériu Finansa hodi husu kona-ba destinu hosi pedidu fundu sira nian. Tezouro aprova ona orden serbisu nian. Dokumentu ne'e aprova ona hosi Tezouro hanesan dokumentu ne'ebé maka mosu iha Facebook", nia esplika.

"Ha'u la hatene karik iha rede ruma ne'ebé fó informasaun ba AMP iha Ministériu Defeza ho Seguransa nia laran. Maibé dokumentu ne'e la liu hosi liman barak, liu de'it hosi diretor-jeral no diretor Finansa nian", Somotxo hatutan mós.

Governante insisti katak akuzasaun "laiha sentidu" no uzu hosi karreta sira no seguransa nian hanesan de'it "hodi hala'o knaar sira" nu'udar ministru hodi "akompaña kampaña".

Somotxo ho primeiru-ministru no sekretáriu-jeral Fretilin nian, Mari Alkatiri, hanesan membru úniku sira hosi ezekutivu atual ne'ebé halo parte iha lista hosi kandidatu sira ba deputadu sira ne'ebé maka partidu aprezenta ona ba eleisaun lejislativu antesipadu iha loron 12 Maiu.

Kampaña ba eleisaun loron 12 Maiu hotu iha loron 09 Maiu oinmai.

SAPO TL ho Lusa | Foto Tatoli