A capital de Timor-Leste teve nesta manhã de segunda-feira, durante muitas horas a contestação e a repressão policial para além das normas como prova de que afinal a democracia em Timor-Leste é aparente em muitos aspectos da vida dos timorenses. A brutalidade com que a PNTL caiu sobre estudantes universitários que se manifestava contra o "negócio" dos Prado - viaturas de luxo que são compradas para uso e abuso de deputados - foi retumbante e inequívoca, como provam algumas imagens que aqui trazemos tendo por fonte, na maioria, o Facebook, mais precisamente na página do Grupo de Timor Agora, onde se podem inteirar da realidade timorense sobre este assunto e os acontecimentos desta manhã em Díli, no espaço universitário completamente desrespeitado pela Polícia Nacional de Timor-Leste e pela chamada "melhor democracia do sudeste asiático", atualmente em vigor.
Curiosamente, ou talvez não, após pesquisa, até este momento não existe um palavra sobre os acontecimentos em português. Ou seja: este assunto é uma não notícia para os portugueses. Não se compreende. Mas há muita coisa que não se compreende na mídia de Portugal, como noutras.
A REPRESSÃO POLICIAL E A ARROGÂNCIA DE DEPUTADOS E DO PRESIDENTE DO PARLAMENTO SOBRE O PRIVILÉGIO PRADO
É perfeitamente visível na primeira foto que apresentamos, no topo, a gana com que o elemento da PNTL brame e dispara o cassete.
Nesta foto à esquerda vimos a marca de um cassetete na agressão infligida à estudante. Repare-se que, no caso, o agressor policial usou o cassetete ao contrário, com o intuito patente de agredir com o cabo, a parte metálica, e assim infligir maiores danos.
A estas provas de agressões que são manifestamente proibidas, mais que useiras nas práticas policiais em Timor-Leste, como nos é reportado por timorenses, os responsáveis da polícia e o ministro das polícias, Longuinhos Monteiro, fazem-se cegos, mudos e surdos. Assim é fácil dizer-se que Timor-Leste vive numa democracia exemplar... Mas não é verdade. Há muito a corrigir, como se vê.
A INVASÃO DO
EDIFÍCIO DA UNIVERSIDADE ERA O OBJETIVO?
Em algumas fotos é declaradamente perceptível que a polícia timorense tem por objetivo a invasão do interior do edifício universitário. Não cremos que o tenha feito, desta vez, mas vontade não lhe faltava, sem respeito por uma norma prática que deve pervalecer nos campus universitários.
Polícia dessa existia nos tempos coloniais portugueses, no salazarismo fascista. Mas em Timor-Leste ainda não existia universidades. Depois da invasão indonésia os timorenses conheceram todo o tipo de repressões e de mortandades emanados das polícias de Shuarto. Atualmente nada justifica aquele tipo de comportamento da polícia timorense. Não por acaso vimos timorenses a perguntar em tétum (a sua língua nacional) se a Polícia Nacional de TL é indonésia. Ou em indonésio: "Polisia Nasional Timor-Leste ka polisi Republik Indonesi?)". Tal, comparativamente, é semelhante aos procedimentos de um corpo policial que nada tem que ver com as regras democráticas nem com o respeito devido ao campus universitário, aos cidadãos.
São estes comportamentos de excesso de autoridade e de força desproporcional que mancham os louváveis e bons desempenhos de outros elementos da instituição. É a estes elementos políciais que o próprio ministro da pasta do Interior, Longuinhos Monteiro, não deve desculpar nem louvar, falando em não admissão da anarquia imposta por parte dos estudantes quando afinal são as forças que ele superintende que manifestam o uso dessa mesma anarquia e selvajaria. Democracia?
MOMENTOS E IMAGENS AVULSO ! SER DEPUTADO NÃO É SER SENHOR E DONO DE TIMOR-LESTE, A FUNÇÃO É SERVIR OS QUE OS ELEGERAM E NÃO SERVIREM-SE COM MORDOMIAS IMORAIS, INADMISSÍVEIS
Fotos em TATOLI e Facebook |
ESTUDANTES ESTÃO DETIDOS, VESTEM DE LARANJA COMO EM GUANTANAMO
Estudantes detidos esta manhã no Campus Universitário, numa ação de contestação organizada pelo MUTL (Foto em Tafara) |
Imagens dos estudantes detidos pela polícia timorense foi passada para o exterior, o novel Tafara, orgão de comunicação social recente, publicou. É impressionante a côr laranja com que os vestiram e que na atualidade parece ter recolhido o consenso de muitos países em ação repressora, seja justa ou injusta. É uma côr à moda de Guantanamo e de cujos procedimentos muitos se recordam certamente. É a cor dos prisioneiros alegadamente terroristas que os EUA raptaram ilegalmente dos seus países de origem e os transportaram ilegalmente e à socapa para a sua base em Cuba, Guantanamo. É esta vestimenta que reservam aos estudantes timorenses, futuros líderes do país, futuras mentes que podem assegurar o desenvolvimento do país. Prisão foi o que conheceram muitos timorenses (agora na elite, no poder) nos tempos da ocupação indonésia, que lutavam pela libertação da Pátria. Eis a prova de que o poder corrompe e transporta alguns dos que lideram para um absolutismo desmedido.
Viver em paz não é isto. Muito menos viver em democracia. Os Prado são um elemento de corrupção, já alguém o declarou na comunicação social timorense. Parece que sim, considerando os que defendem tal mordomia e excesso de gastos dos recursos timorenses.
Libertem os manifestantes! Libertem o futuro de Timor-Leste!
Mário Motta = António Veríssimo | Timor Agora