Jacarta, 27 abr 2019 (Lusa) -- O
embaixador português em Jacarta considerou que a evolução económica de Portugal
e a atual realidade do país são ainda praticamente desconhecidas na Indonésia,
que oferece grandes oportunidades a empresários portugueses.
"Estamos a trabalhar no
sentido de tornar a realidade portuguesa conhecida na Indonésia porque há ainda
uma perceção vaga da evolução que Portugal conheceu nos últimos anos e no seu
desenvolvimento económico, científico e cultural", disse Rui Carmo, em
entrevista à Lusa em Jacarta.
"No mesmo sentido, temos
incentivado os agentes económicos portugueses a tomarem contacto com a
realidade indonésia a fim de avaliarem das possibilidades de estabelecerem
contactos económicos", disse.
Rui Carmo, o quinto embaixador de
Portugal em Jacarta, conversou com a Lusa numa altura de normalização das
relações entre os dois países, que viveram 24 anos de relações diplomáticas
cortadas, na sequência da invasão indonésia de Timor-Leste, com os laços
bilaterais a começarem a reatar-se em 1999, com a abertura de secções de
interesses.
O posterior restabelecimento de
relações diplomáticas e a reabertura da embaixada, recorda Rui Carmo,
"abriu um novo capítulo nas relações diplomáticas entre os dois
países" que, desde aí, "têm conhecido uma evolução muito
positiva".
O diplomata considera o ponto
alto a visita em 2012 que o então Presidente Cavaco Silva efetuou à Indonésia
e, dois anos depois, a deslocação a Portugal do chefe de Estado indonésio,
Susilo Bambang Yudhoyono.
"Quando apresentei
credenciais ao Presidente Joko Widodo (...) reafirmei o empenho de Portugal em
contribuir para um aprofundamento do relacionamento bilateral, quer no plano
político, isto é um aumento dos contactos a nível político, quer a nível
cultural, dados os laços históricos e culturais que unem os dois países, quer
no plano económico, com a criação de condições para que os agentes económicos
portugueses e indonésios possam intensificar os seus contactos e fazer
negócios", disse.
Hoje, referiu, em parte também
pela distância física, "há ainda um desconhecimento em relação à
realidade, quer económica, quer social e cultural da Indonésia".
Apesar da dimensão do país --
mais de 260 milhões de habitantes, espalhados por mais de 17 mil ilhas -- e da
sua forte economia, um dos poderes do continente asiático, a comunidade
portuguesa na Indonésia é ainda reduzida.
Rui Carmo falou em cerca de 200
pessoas, uma grande parte na ilha de Bali e outra em Jacarta, onde muitos são
"quadros de empresas estrangeiras" e onde ainda é reduzida a presença
de empresários.
No outro sentido, disse, tem-se
evidenciado nos últimos anos "um aumento no número de indonésios que mostram
interesse em visitar
Portugal", em particular desde 2017, por ocasião do
centenário das aparições de Fátima.
Ainda que seja maioritariamente
muçulmana, a Indonésia tem uma vasta população católica.
"Há um interesse acrescido
que gostaríamos que pudesse vir a ser reforçado e da nossa parte tudo faremos
para facilitar que o número de turistas seja crescente nos próximos
tempos", disse o diplomata.
Deixando uma "avaliação
francamente positiva" do relacionamento bilateral, Rui Carmo disse que
espera, num futuro próximo, que possa haver novas visitas dos chefes de Estado
dos dois países.
Os próximos anos podem igualmente
ser frutíferos nos laços entre os dois povos e entre os agentes económicos, com
um "universo cultural a explorar", em particular em 2020 e 2021
quando também na Indonésia se assinalarão os 500 anos da viagem de
circum-navegação.
"No mesmo sentido,
continuaremos a envidar todos os esforços para encorajar os nossos agentes
económicos a explorar oportunidades de negócios na indonésia e, junto dos
agentes económicos indonésios a mostrar a nova realidade portuguesa",
disse.
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