Uma
professora portuguesa em Díli à espera de transporte (avião) ou da morte, que é
o que pode infelizmente acontecer. A situação persiste há vários dias, lê-se na
notícia em título a seguir. A docente foi vítima de um AVC. O hospital de Díli
sofre de carências gritantes, todos sabemos. O setor da saúde em Timor-Leste é
extremamente deficitário das condições técnicas e médicas ideais e recomendadas
para estes casos e muitos outros.
É
sempre a mesma coisa.
É
evidente que se no lugar da professora o mesmo acontecesse a alguém do governo
português em visita a Timor-Leste já teria voado pelo menos para os cuidados de
saúde adequados em Singapura e seguidamente voaria para Portugal nas
devidas condições que o caso clínico merecesse. Mas afinal a paciente é só uma
professora… Se fosse um servente da construção civil ou algo ainda mais “rasca”
até já teria morrido por falta de cuidados clínicos…
É
sempre a mesma coisa…
A
companhia de seguros, a Ageas, não age. De desculpa em desculpa lá vai deixando
a paciente naquele mundo hospitalar deficitário, talvez à espera que o Maromac (Deus)
dos timorenses interceda e opere um teletransporte para a professora doente. A
justificação é a falta de um relatório clínico do hospital de Díli que ainda não
chegou à seguradora… Entretanto a professora pode sofrer e até morrer à vontade
da burocracia.
É
sempre a mesma coisa…
A
notícia está a ser mitigada pela comunicação social de Portugal e veiculada por
fontes sindicais e familiares em Portugal, não pela Lusa no terreno do país do
Sol Nascente que quando nasce não é para todos. Provavelmente a Lusa destinou férias
neste mês aos profissionais que supostamente ali devia de ter. Acontece
bastante. E nem se dá ao “luxo” de substituir um jornalista por outro, que lhe
faça esse tempo de férias. A Lusa, em Timor-Leste, é como os pisca-pisca. Ora
tem lá um jornalista, ora não tem. Ora há notícias em português sobre a
atualidade timorense, ora não há. Muito tem acontecido em Timor-Leste que a
Lusa devia cobrir e informar, mas não. Férias são férias e substituir um
jornalista sai muito caro. Assim, a Lusa opta por não informar, assumindo-se
como uma Agência Pisca-Pisca de Notícias. E a responsabilidade desta bagunça não
é dos jornalistas mas sim daqueles que decidem, têm vencimentos e mordomias dantescas… e nada produzem.
A
atualidade timorense está em polvorosa. Portugueses foram condenados a prisão
pelo tribunal de Díli. Após eleições em 22 de Julho as negociações para formar
governo já duram há seis semanas e ainda não existem certezas, ainda não existe
governo, os estudantes universitários timorenses protestaram contra uma
mordomia dos deputados que recebem uma viatura no início dos seus mandatos. As
viaturas anteriores são leiloadas num convite à corrupção (segundo afirmam
especialistas). Mais de uma dezena de estudantes foram presos, o ministro da
Administração Interna ordenou à polícia que usasse a força, e a polícia usou…
exageradamente, submissa às ordens superiores (nem que fosse preciso). Mais
casos seriam motivo para informação da Lusa em Timor-Leste, em português…
Principalmente num país em que a informação que existe pela comunicação social
doméstica é expressa em tétum – sua língua Pátria.
Em
português a avultada maioria da atualidade timorense não existe. Talvez a Lusa
possa recomendar e subsidiar na totalidade cursos em tétum para portugueses em
Portugal e pelo mundo. Àqueles que queiram saber sobre a atualidade timorense,
como a de Cabo Verde, Angola, São Tomé, etc. – países da lusofonia – que se
atualizam lendo em tétum nos jornais online timorenses que abundam e estão a
ficar cada vez melhores, ao contrário da Lusa em Timor-Leste.
E
diz a Lusa ser um veículo em defesa da lusofonia… Exceto nas férias e em outras
ocasiões. A Lusa também sofre sistemáticos AVCs, quando será que fenece ou se cura?
E
o SAPO TL em português e em tétum? Ora, nasceu experiência e continua experiência.
Uma experiência limitadíssima, em velocidade pára-arranca, pisca-pisca, como a
Lusa. Em férias e em fim-de-semana “lahia”, que o mesmo é dizer: não há.
Deviam
ter o aviso no cabeçalho: “Pedimos desculpa pelas interrupções, a experiência
pisca-pisca segue dentro de alguns dias ou semanas”. Assim, ao menos, davam uma
de honestidade para com os leitores.
É
sempre a mesma coisa… Até quando?
MM
= AV | TA