Mário
Motta, Lisboa
Dias
Loureiro, um ex-ministro de Cavaco Silva e ex-conselheiro de estado que se viu
forçado a demitir-se devido a afetação negativa da sua reputação, tem estado a
procurar negócios em Timor-Leste. Supostamente na qualidade de investidor. No
historial de Dias Loureiro existem muitas “sombras”, muitas dúvidas e, talvez,
muitas ilegalidades. Assim deixam interpretar as ocorrências que envolvem Dias
Loureiro e, por exemplo, o BPN (banco que os portugueses associam a Cavaco Silva). As histórias são de "milhões desaparecidos" e o que é inscrito pela comunicação social é que
eles “desapareceram”. Os portugueses ainda estão a pagar os "desaires" do BPN.
Dias
Loureiro em Timor-Leste é "causa de preocupação", disse-o a eurodeputada Ana
Gomes à TSF em pequena entrevista onde enaltecia as capacidades dos timorenses
em organizar exemplarmente as primeiras eleições com cem por cento das suas
responsabilidades, já que todas as anteriores foram organizadas pela ONU e/ou
tiveram o seu forte apoio organizativo e logístico. O o justificado orgulho e
admiração de Ana Gomes por Timor e pelos timorenses representa todos aqueles
que do mesmo modo vêm acompanhando e evolução do país. Decerto que
relativamente à presença e aos “negócios” que Dias Loureiro procura estabelecer
em Timor-Leste também imensos portugueses partilham da mesma preocupação. Tanto
quanto se sabe em Portugal a opacidade dos “negócios” de Loureiro, relatados
publicamente e motivo de bastantes manchetes, são vastos e quase permanentes.
Dias
Loureiro andava a ser investigado pela justiça portuguesa, ainda Cavaco Silva
era presidente da República e seu protetor do costume (assim foi interpretado). Era então Dias Loureiro
conselheiro de estado nomeado por Cavaco Silva. Apesar das resistências iniciais
o conselheiro teve de se demitir por via das inconveniências em continuar no
cargo e ter caído nas malhas da justiça com fortes indícios de
irregularidades e ilícitos. Demitiu-se, portanto.
Certo
é que passado algum tempo foi ordenado “por alguém com poderes” para que a investigação
a Dias Loureiro na justiça “fosse anulada”. A referência sobre “alguém com
poderes” foi de responsável do órgão de justiça, que acrescentou desconhecer a
identidade desse “alguém com poderes”. Evidentemente que os portugueses
associaram o “alguém” a Cavaco Silva, então presidente da República. Certo foi
que o relativo a Dias Loureiro na justiça foi “abafado”. E assim vimos
manchetes que o afirmaram.
A
preocupação de anunciados “investimentos” e “negócios” de Dias Loureiro em
Timor-Leste causa arrepios a quem sabe destas histórias de milhões e milhões de
euros, de bancos e afins. É evidente que todos têm direito ao seu bom nome,
Dias Loureiro também tem esse direito, obviamente. Acontece que o seu passado é
demasiado complicado e obscuro para que não causa preocupação quando aparece a
querer envolver-se em negócios. Seja em Timor-Leste ou no pólo norte, com os
esquimós.
Para
que em Timor-Leste exista uma melhor consciência sobre aquele “investidor” foi
decidido apresentar no Timor Agora extratos e fotos sobre o personagem. Como
diria o outro: “depois não digam que não estavam avisados”.