Díli, 11 mar (Lusa) - Milhares de
pessoas receberam em festa o líder histórico timorense Xanana Gusmão que
regressou hoje a Timor-Leste depois de uma ausência de seis meses e após a
assinatura do novo tratado de fronteiras marítimas com a Austrália.
Negociador principal do tratado,
Xanana Gusmão chegou a Díli num voo proveniente de Bali, na Indonésia,
aterrando no aeroporto da capital timorense, onde era esperado por vários
membros do Governo, deputados e dirigentes partidários.
Entre os muitos dirigentes
nacionais, destaque para o presidente do Partido Libertação Popular (PLP), Taur
Matan Ruak, e para o fundador do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO), José Naimori.
Esses dois partidos, mais o
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), presidido por Xanana
Gusmão, criaram uma coligação pré-eleitoral que se vai apresentar às eleições
legislativas antecipadas de 12 de maio.
Apesar da presença de muitos
dirigentes dos três partidos não havia quaisquer símbolos partidários presentes
nem no aeroporto nem ao longo da caravana na cidade, notando-se apenas
bandeiras timorenses e algumas de estruturas da resistência à ocupação de
Timor-Leste pela Indonésia, incluindo a organização juvenil Renetil e
associações de veteranos.
O CNRT tinha anunciado a chegada
de Xanana Gusmão no sábado e hoje "por motivos de segurança" deixou o
apelo aos seus militantes para não utilizarem símbolos político-partidários.
Depois, com Xanana com uma grande
bandeira timorense na mão, em pé, num dos carros - fez todo o percurso com a
parte superior do corpo a sair pelo tejadilho do jipe em que viajava - a
caravana percorreu o centro da cidade.
Além do som das motas, eram
ouvidas muitas vivas ao homem que nos últimos anos passou de 'maun boot'
(grande irmão) para 'avô Nana' (o diminutivo do seu nome) mas que é reconhecido
como o pai da nação e agora da fronteira marítima.
Maioritariamente montados em motas,
algumas com toda a família - três ou quatro ocupantes - os timorenses
percorreram a Avenida Nicolau Lobato, a principal de Díli, numa ruidosa
celebração que terminou na sede do CNRT.
Remetendo explicações mais detalhadas sobre o histórico tratado para "mais tarde", dada a complexidade do que foi negociado com a Austrália - e do que ainda falta negociar os termos do desenvolvimento dos poços de Greater Sunrise - Xanana Gusmão preferiu deixar vários agradecimentos e recados.
Mensagens em que saudou a forma pacífica como os timorenses encararam os últimos meses de grande tensão política, agradeceu a todos os que rezaram para que Timor-Leste concluísse o tratado, e deixou alguns recados a pensar nas eleições de maio.
Sem entrar em mensagens diretas à população - "as direções dos partidos vão agora reunir-se" - Xanana Gusmão pediu que as redes sociais fossem usadas de forma "mais construtiva" no processo de "construção do Estado e de consolidação democrática" que está em curso.
O líder partidário agradeceu o trabalho dos dirigentes e quadros dos três partidos para encontrar "plataformas comuns" e avançar com a AMP e disse que agora é preciso "trabalhar, trabalhar, trabalhar" para as eleições.
Os partidos, disse, "devem aprender com os erros" e devem "atuar sempre em defesa do interesse do povo".
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