Xanana Gusmão referia-se em
particular à decisão do Governo, com base no decreto de declaração do estado de
emergência, de exigir o uso de máscaras, higienização de mãos e distanciamento
social nos recintos públicos.
“Penso que a medida é
desadequada. As medidas relativas à fronteira são as mais adequadas a
Timor-Leste e não agora estarmos outra vez todos de máscara”, disse Xanana
Gusmão, em declarações à Lusa.
“Se é para começar outra vez a
fazer isto, é uma medida desadequadíssima. Vamos é continuar a prestar toda a
atenção a quem chega de barco e avião e sobretudo nas fronteiras terrestres”,
defendeu.
Recorde-se que o Governo aprovou
na quarta-feira as novas medidas a aplicar durante o estado de emergência – o
sétimo período de 30 dias e o quinto consecutivo -, obrigando ao uso de
máscaras em recintos públicos e higienização de mãos na entrada de locais
comerciais e serviços públicos.
As medidas, que se aplicam a
partir do próximo dia 04 de novembro e até 03 de dezembro, determinam, segundo
comunicado do Governo, que “passa a ser obrigatório manter uma distância de,
pelo menos, um metro e meio entre cada pessoa, desde que não vivam em economia
comum”.
É ainda obrigatório “utilizar
máscara facial que cubra o nariz e a boca quando se tenha de aceder ou
permanecer em recintos públicos ou privados de utilização coletiva, e
higienizar as mãos quando pretendam entrar em estabelecimentos comerciais,
industriais ou de prestação de serviços ou em edifícios onde funcionem serviços
da administração pública”.
O Governo defendeu as medidas,
notando que essa possibilidade estava prevista no decreto do Presidente da
República, Francisco Guterres Lú-Olo, e são necessárias para evitar o contágio
do vírus.
“O uso de máscara foi recomendado
pelo próprio Presidente da República no decreto do estado de emergência. O
senhor Presidente destacou a necessidade de retomar algumas medidas para
prevenir a proliferação do contágio do vírus cá em Timor, considerando que o
mundo está a registar um aumento enorme de casos e vários países estão numa
nova vaga”, disse à Lusa Fidelis Magalhães, ministro da Presidência do Conselho
de Ministros.
“Ainda não temos casos, mas, como
sabe, o aumento está a ser registado na Indonésia. É melhor prevenir e esta é a
única solução que temos. Para que o Governo não esqueça a gravidade da situação
e para que a população não esqueça a gravidade do vírus, mantendo a
vigilância”, afirmou.
O endurecimento de medidas ocorre
apesar de a situação em Timor-Leste não se ter alterado nos últimos meses, com
entre zero e um caso por mês – atualmente há apenas um ativo -, detetados entre
pessoas que entram no país e enquanto estão ainda de quarentena.
Desde o arranque da pandemia, não
houve em Timor-Leste qualquer caso de transmissão comunitária do vírus e o país
está praticamente fechado, com entradas controladas na fronteira.
Apesar da preocupação com o
distanciamento social, as novas regras não aplicam qualquer medida restritiva
no que toca a escolas ou cerimónias de culto, onde já foi retomada há vários
meses uma quase normalidade.
Magalhães disse que, no que se
refere ao distanciamento social, as medidas devem ser aplicadas “principalmente
nos lugares fechados e nas reuniões” ou nas “atividades coletivas que contam
com a presença de multidão”.
O novo período vigora entre as
00:00 de 04 de novembro (15:00 de 03 de novembro em Lisboa) e as 23:59 de 03 de
dezembro (14:59 hora de Lisboa).
As novas medidas somam-se às
restrições nas entradas e quarentena obrigatória a quem entra no país, devendo
ser publicado um diploma ministerial em que a ministra da Saúde definirá “as
regras de isolamento profilático obrigatório aplicadas aos trabalhadores do
setor petrolífero”.
As regras abrangem ainda “os
membros de tripulação de aeronaves que assegurem o transporte internacional de
passageiros ou de mercadorias e dos motoristas de veículos pesados de
transporte internacional terrestre de mercadorias”.
O Conselho de Ministros reiterou
que se mantém em vigor “a obrigatoriedade de que todos os indivíduos que
pretendam entrar ou sair do território nacional se sujeitarem a controlo
sanitário e à obrigatoriamente de isolamento profilático (quarentena) com a
duração mínima de catorze dias”.
Timor-Leste tem atualmente um
caso ativo de covid-19, com 29 pacientes recuperados desde o início da
pandemia.
A pandemia de covid-19 já
provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44,5 milhões de casos de
infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um
novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do
centro da China.
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