OS
EUA QUEREM A BASE DE BORLA
Já
é do domínio público em Portugal que a China vai instalar-se na Base das Lajes,
nos Açores, se os EUA a abandonarem por desinteresse estratégico e para
seguirem o plano de cortes orçamentais em vigor pela administração
norte-americana. Os EUA continuariam naquela base militar se Portugal a
oferecessem ou não lhes exigissem as devidas contrapartidas. Como dizem os
açoreanos: “os ianques querem a base de borla porque já consideram que é deles.”
Após
a liberalização razoável do regime da República Popular da China e o
crescimento constante da zona asiática, assim como a expansão da influência da
China no mar daquela sua região, os EUA tiveram por preocupação desviar o seu
centro de atenções e atividades económicas, políticas e militares para aquela
região do mundo a fim de manter o controlo e as influências praticamente exclusivas
de antes da abertura da China ao mundo. Pouco tempo depois constatou que a
tarefa é quase impossível. A China avança e as suas influências continuam a
consolidar-se a vários níveis. Contudo os EUA não desarmam e continuam a
perseguir os seus objetivos de controlo da região. Perseguem-nos mas estão a
perdê-los para a China.
Considerando
as politicas de deslocalização do Oceano Atlântico para o Mar da China e Sudeste
da Ásia por parte dos EUA foi delineado nas suas políticas abandonar a Base dos
Açores, território de Portugal e ilhas estratégicas no meio do Atlântico, o que
provocou o manifesto interesse da China na Base das Lajes, que por muitas
décadas foi como que um gigantesco porta-aviões da apoio às forças militares
norte-americanas.
Na
visita de António Costa, PM de Portugal, à China, ocorrida há poucos dias, a
abordagem ao tema da Base das Lajes foi profundo, ficando-se a saber que se os
EUA abandonarem o interesse na referida base e a abandonarem, denunciando o
contratado, a China irá certamente, com toda a facilidade, firmar acordo para a
usar em vez dos EUA, passando assim a poder usufruir do gigantesco porta-aviões
que os EUA abandonarão.
“Rei
morto, rei posto”, é um velho adágio usado em Portugal. Ou “não faças aos
outros o que não queres que te façam a ti”, outro adágio que podemos aplicar à
ganância dos EUA no controlo e ocupação dos mares à beira do território chinês.
Assim sendo por que não pode a China ocupar parte importante do Atlântico? Também
a legitimidade de Portugal dar uso e rendibilizar a Base das Lajes é inquestionável.
Além do mais, as excecionais relações de Portugal e China são evidentes. Muito
mais e melhores do que com os EUA, apesar de assim não serem reconhecidas pelos
que produzem os jogos de alienação e manipulação das mentes ocidentais.
António
Costa, primeiro-ministro do governo de Portugal, fez declarações sobre a Base
das Lajes e do interesse manifestado pela China na recente visita que realizou à
China. Leia em seguida e tome em consideração a postura das palavras diplomáticas
que ocultam boa parte da realidade naquele processo com a administração dos EUA
e a indubitável harmonia no entendimento com os dirigentes chineses.
Beatriz
Gamboa, TL
Costa
admite que China pode vir a usar base das Lajes
António
Costa admitiu esta quarta-feira em Macau que a base aérea das Lajes pode ser
usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade,
mas apenas para fins científicos.
O
primeiro-ministro português, António Costa, admitiu esta quarta-feira em Macau
que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não
renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não
militares.
“Temos
um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas
respeitamos a decisão” dos norte-americanos, disse António Costa numa
entrevista difundida hoje pela agência de informação financeira Bloomberg.
“A
base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de
logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações
climáticas”, disse António Costa.
Perante
a insistência do jornalista da Bloomberg sobre a utilização da base aérea pela
China, Costa admitiu: “Claro que é uma boa oportunidade para criar uma
plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os
parceiros, incluindo a China”.
O
primeiro-ministro, na entrevista que concedeu à Bloomberg em Macau, vincou, no
entanto, que “o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em
cima da mesa é reutilizar a infraestrutura para fins de pesquisa”.
“Seria
uma enorme pena não usar a infraestrutura, e se não para fins militares, porque
não para pesquisa científica”, questionou o chefe do Executivo no final da
entrevista.
Esta
possibilidade já tinha sido admitida pelo
congressista lusodescendente Devin Nunes, no final de setembro, como contava a
agência Lusa. “Como muitos no Congresso avisaram no passado, vários
altos-representantes chineses visitaram os Açores em anos recentes. Sei agora
que a China enviou uma delegação de cerca de 20 representantes, todos fluentes
em português, numa viagem de pesquisa que durou semanas e que culmina com a
visita do primeiro-ministro, Li Keqiang”, revelava Devin Nunes numa carta
enviada a Ashton Carter, secretário da Defesa dos Estados Unidos.
Ainda
no final de setembro, o órgão de comunicação Politico dava destaque a esta aproximação entre Portugal e
China, falando da ameaça que a utilização da Base das Lajes por Pequim poderia
representar para os Estados Unidos. O título era paradigmático: “Escala chinesa
no Atlântico preocupa Washington”.
O
jornal Público recorda, esta quarta-feira, as sucessivas viagens de
comitivas chinesas à Base das Lajes. De 2012 até este ano, foram já três as
visitas de altos representantes do Estado chinês à ilha Terceira. Primeiro, em
2012, o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e uma comitiva de mais de cem
pessoas fez uma escala de cinco horas nas Lajes. O mesmo aconteceu em 2014,
desta vez com o presidente chinês Xi Jinping, que se reuniu com o então
vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas.
Este
mês foi a vez de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros,
receber na ilha Terceira Li Keqiang, primeiro-ministro chinês, que ali fez uma escala
de dois dias.
Augusto
Santos Silva nunca se pronunciou concretamente sobre o suposto interesse
da China nas Lajes. “Eu não sei se há interesse chinês nas Lajes. O que sei é
que o único interesse português é que ela seja aproveitada plenamente no quadro
do acordo de cooperação e defesa que temos com os Estados Unidos”, disse o
ministro, em declarações à Lusa.
Timor
Agora com Observador - Miguel Santos / Lusa com foto de Carmo Correia