Díli,
12 dez (Lusa) - A Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin),
segundo partido timorense em termos de representação parlamentar, apresentou
hoje o seu presidente, Francisco Guterres Lu'Olo, como candidato, pela terceira
vez, às eleições presidenciais de 2017.
"A
Comissão Política Nacional reunida na sua sede nacional delibera apresentar o
camarada presidente Francisco Guterres Lu-olo para candidato do partido nas
eleições presidenciais de 2017", refere uma resolução da Fretilin.
O
texto foi aprovado numa reunião da Comissão Politica Nacional do passado dia 08
de dezembro e foi lido hoje numa conferência de imprensa em Díli por José Reis,
secretário-geral adjunto do partido.
ASP
// JMR
Lu-Olo
candidata-se à presidência timorense numa "conjuntura política
diferente"
Díli,
12 dez (Lusa) - O presidente da Fretilin, Francisco Guterres Lu-Olo, disse hoje
que se apresenta às eleições presidenciais timorenses de 2017 numa
"conjuntura política diferente" do passado, destacando a
"relação de amizade" com o líder histórico Xanana Gusmão.
"Sou
candidato do meu partido, mas todos os outros apoios serão bem-vindos",
disse, na sede do partido em Díli, onde foi hoje apresentado como candidato
presidencial da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente).
Lu-Olo
reagiu assim a questões da agência Lusa sobre se gostaria de contar com o apoio
político e eleitoral de Xanana Gusmão, ex-chefe de Estado e atual presidente do
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
"Há
uma relação de amizade entre nós, não só de amizade, mas de trabalho, de boa
preparação entre nós, entre o partido, entre a liderança. Temos uma ótima
relação com Xanana Gusmão", disse.
"Portanto,
só devemos concluir que estou a navegar, avançando numa conjuntura política
muito diferente do que foram aquelas conjunturas anteriores", sublinhou.
Apesar
de rivalidades no passado, a relação entre o CNRT e a Fretilin e entre Xanana
Gusmão e o presidente e secretário-geral da Fretilin, Lu-Olo e Mari Alkatiri, é
hoje mais próxima do que nunca, com militantes dos dois partidos a integrarem o
executivo timorense.
Uma
situação diferente de 2012, quando Lu-Olo perdeu na sua segunda candidatura a
Presidente da República para o atual chefe de Estado, Taur Matan Ruak, que
contou na altura com o apoio de Xanana Gusmão na segunda volta das eleições.
Nos
últimos dois anos, porém, a relação entre Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak
tem-se deteriorado, especialmente depois de críticas do chefe de Estado à
governação liderada ou integrada pelo líder histórico da resistência timorense.
Num
discurso no Parlamento Nacional, Taur Matan Ruak acusou Xanana Gusmão e Mari
Alkatiri de nepotismo e corrupção. O Presidente comparou os benefícios que
dirigentes do país como Xanana Gusmão e Alkatiri têm dado a "familiares e
amigos" com práticas do ex-ditador indonésio Suharto.
Xanana
Gusmão - que na resistência à ocupação indonésia foi comandante de Taur Matan
Ruak - acabou por devolver a condecoração com que foi agraciado a 20 de maio de
2014 pelo chefe de Estado, descontente com os comentários que este proferiu no
Parlamento.
Questionado
pela Lusa sobre se está mais confiante nesta terceira candidatura à
Presidência, Lu-Olo recordou outros líderes, como François Miterrand e Lula da
Silva, que também perderam várias eleições antes de serem eleitos.
"Havendo
essas experiências não vacilo em avançar como candidato do meu partido, da
Fretilin, respeitando também a vontade dos militantes e quadros da Fretilin que
sempre me deram apoio", disse.
Lu-Olo
candidatou-se em 2007 e 2012 ao cargo e ganhou sempre na primeira volta, mas
acabou derrotado na segunda volta.
Presente
na conferência de imprensa de hoje estava também Mari Alkatiri que em resposta
a perguntas da Lusa sobre o apoio eleitoral ao partido, apontou, entre outros
aspetos, as recentes eleições de suco (locais), em que apesar de não haver
candidaturas partidárias foram eleitos quadros e militantes da Fretilin.
"Quadros
e militantes da Fretilin venceram em todo o país. E se formos ao nível daas
aldeias não há dúvida de que dominamos. Quem está organizado está. Quem não
está organizado, que se organize", afirmou.
Questionado
sobre eventuais perdas de apoio em zonas de tradicional forte implementação da
Fretilin por Mari Alkatiri estar a liderar a autoridade regional do enclave de
Oecusse, o secretário-geral do partido rejeitou que isso esteja a ocorrer.
"Oecusse
faz parte da República Democrática de Timor-Leste. Se há um partido político
que não discrimina nenhuma região é a Fretilin, se há um partido político que
não quer dividir o país é a Fretilin. Fazer primeiro em Oecusse, como poderia
ter sido em Manatuto ou Ermera, não é uma negação deste princípio, é um reforço
deste princípio", disse.
Observadores
políticos falam de mal-estar em algumas regiões por o orçamento que está a ser
canalizado para a região autónoma de Oecusse Ambeno ser muito superior ao
destinado a outras regiões.
"Na
verdade, quem mais tem compreendido o que estamos a fazer são quem tradicional
apoia a Fretilin, em Baucau, Viqueque ou Latem [ponta leste]. Compreendem que
se tivéssemos feito isto em Baucau ou Lautem daríamos mais munições aos que
acusam a Fretilin de ser da ponta leste", afirmou Alkatiri.
Um
dos temas que deverá marcar o debate político em 2017, em que além de eleições
presidenciais há também legislativas, é a negociação com a Austrália sobre
fronteiras marítimas.
Questionado
sobre esta matéria, Lu-Olo disse que o Estado "não tem interrupções
políticas" em algumas matérias onde sucessivos chefes de Estado e governantes
devem continuar a implementar políticas em curso.
"A
questão das fronteiras marítimas é uma questão de interesse nacional. Estamos
preparados com ideias no sentido de defender a nossa própria soberania. As
coisas estão a andar e o governo que vier, com o novo Presidente que vier, terá
de apenas assumir a continuidade dos trabalhos feitos", disse.
ASP
// MP
Lu-Olo
honrado com candidatura pela Fretilin à Presidência de Timor-Leste
Díli,
12 dez (Lusa) - O presidente da Fretilin, Francisco Guterres Lu-Olo,
declarou-se hoje "bastante honrado" pela confiança dos quadros e
militantes do partido, que decidiram apoiar a sua candidatura às eleições
presidenciais de 2017 em Timor-Leste.
"Desde
o início do ano que tenho recebido mensagens e declarações de apoio de
camaradas de todas as regiões do país, de veteranos e de conterrâneos que
embora não sejam militantes da Fretilin acreditam na minha capacidade para
liderar o país como Presidente para todos os timorenses", disse hoje, numa
conferência de imprensa em Díli.
"Sinto-me
bastante honrado pela confiança que os quadros e militantes da Fretilin e
outros cidadãos depositaram em mim. É com muita honra que aceito mais este
desafio que tenho a certeza que iremos todos juntos vencer", afirmou
Lu-Olo.
A
conferência de imprensa foi convocada para a sede do partido em Díli para ser
apresentada a candidatura de Lu-Olo às eleições presidenciais, que deverão
decorrer em março de 2017.
O
encontro foi ainda acompanhado pelos membros do Governo que são militantes e
dirigentes do partido, por deputados e outros elementos da Fretilin (Frente
Revolucionária de Timor-Leste Independente), tendo José Reis, secretário-geral
adjunto, lido a resolução aprovada na Comissão Politica Nacional que formalizou
a candidatura de Lu-Olo.
"A
Comissão Política Nacional, reunida na sua sede nacional, delibera apresentar o
camarada presidente Francisco Guterres Lu-Olo para candidato do partido nas
eleições presidenciais de 2017", refere a resolução.
O
texto reconhece as "aspirações" dos congressistas que participaram no
Congresso Nacional do partido em outubro, a "vontade unânime expressa em
todas as conferência subnacionais" e que Lu-Olo tem "todas as
qualidades para exercer o cargo" de chefe de Estado.
O
atual Presidente, Taur Matan Ruak, começa hoje a ouvir os partidos para definir
o calendário eleitoral, que terminará com a tomada de posse do seu sucessor a
20 de maio de 2017.
Lu-Olo
é o terceiro candidato a anunciar formalmente a sua candidatura, depois de
António Maher Lopes (Fatuk Mutin), apoiado pelo Partido Socialista de Timor
(PST), e José Neves, ex-vice-comissário da Comissão Anticorrupção (CAC), que se
apresenta como independente.
Esta
será a terceira vez que Francisco Guterres, 61 anos, se candidata a Presidente,
tendo sido derrotado em 2007 e 2012.
Na
primeira volta das eleições em 2007, Lu-Olo foi o mais votado de entre oito
candidatos, com 28% dos votos, mas perdeu na segunda-volta para José
Ramos-Horta, que obteve 69,13% dos votos, depois de ter sido apoiado por quase
todos os outros candidatos.
Em
2012, Lu-olo foi um dos 12 candidatos que se apresentou às eleições e voltou a
vencer na primeira volta, acabando derrotado na segunda volta, com 39,15% dos
votos contra os 60,85% obtidos por Taur Matan Ruak, atual chefe de Estado.
Taur
Matan Ruak contou com o apoio na campanha do antigo Presidente Xanana Gusmão.
Hoje
a dinâmica mudou e evidencia-se uma relação de proximidade entre a liderança da
Fretilin e Xanana Gusmão, presidente do CNRT (Congresso Nacional para a
Reconstrução de Timor-Leste), não tendo este partido avançado ainda com
qualquer candidato.
Taur
Matan Ruak confirmou à Lusa em 2015 que não se vai recandidatar a um segundo
mandato na Presidência, podendo vir a apresentar-se nas legislativas com o novo
Partido de Libertação do Povo (PLP).
ASP
// MP