Relatório é divulgado anualmente pela Organização Não Governamental Repórteres Sem Fronteiras. Estudo cita violência policial, difamação dos média por políticos, processos judiciais, intimidação e influência da Igreja Católica como obstáculos ao trabalho dos jornalistas no país.
Timor-Leste caiu dez posições no ranking mundial que avalia a liberdade de imprensa e agora ocupa o 20º lugar (78,92 pontos) entre 180 países. Divulgado esta sexta-feira (3.05), data em que se celebra o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o relatório é elaborado pela Organização Não Governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que publica o documento anualmente.
A pontuação de Timor-Leste está entre o que pode ser considerada uma “situação relativamente boa”, que varia entre os 70 e 85 pontos, indica o documento. A metodologia consiste num levantamento de abusos cometidos contra jornalistas nos diferentes países e avalia cinco critérios (político, jurídico, económico, sociocultural e segurança), através de questionários dirigidos a profissionais ou académicos: quanto mais próximo de 100, melhor é a condição.
Entre os países lusófonos, Timor-Leste é o segundo mais bem colocado, atrás apenas de Portugal, que aparece em sétimo lugar (85,9 pontos).
“A liberdade de imprensa é a possibilidade efetiva dos jornalistas, como indivíduos e como coletivos, selecionarem, produzirem e divulgarem informações de interesse geral, independentemente de interferências políticas, económicas, jurídicas e sociais, e sem ameaça à sua segurança física e mental”, considera os RSF no relatório.
Segundo os RSF, uma cultura de deferência e respeito pela hierarquia continua a permear o jornalismo em Timor-Leste, a ponto de alguns editores se contentarem em reproduzir as atas das conferências de imprensa.
“Há casos em que os jornalistas são pagos para participar nessas conferências. O peso da Igreja Católica, seguida por mais de 95% da população, pode desencorajar os jornalistas a cobrir certos assuntos delicados, como a emancipação da mulher, o direito ao aborto ou a pedofilia no clero”, consta no documento.