Díli, 24 abr 2019 (Lusa) --
Diplomatas de vários países, incluindo Timor-Leste, defenderam hoje a
importância de reforçar mecanismos de diplomacia preventiva e de sistemas de
aviso precoce como instrumento para prevenir ou evitar conflitos.
"Diplomacia preventiva e
alerta prévios são importantes instrumentos nos esforços de reduzir
conflito", disse num seminário em Díli, o ministro dos Negócios
Estrangeiros timorense, Dionísio Babo.
"Numa região estratégica e
tão diversa como a nossa temos que desenvolver um adequado sistema de aviso
prévio. Para nós, trata-se de um instrumento de reforço de capacidades tanto
para a comunidade como para o Governo, ajudando a identificar os principais
agentes de conflito", destacou.
Dionísio Babo falava em Díli na
abertura de um encontro do Fórum Regional da Associação de Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN)sobre o papel da diplomacia preventiva e de alertas prévios na
resolução de conflitos, copresidido por Timor-Leste, Indonésia, Estados Unidos
e Nova Zelândia.
Timor-Leste, sustentou o ministro
timorense, "simboliza os esforços de promover paz depois de uma longa
história de conflito" em que a luta pela independência "foi
caracterizada por muita violência e a perda de muitas vidas".
Considerando essencial trabalhar
para "promover a paz, a reconciliação e o diálogo", Babo disse que o
o Fórum Regional da ASEAN é um espaço crucial para responder aos desafios neste
campo na região, considerando essencial trabalhar em parcerias entre Estados
para responder a conflitos que, por vezes, começam com uma dimensão nacional,
mas que depois alastram para outros Estados.
Babo considerou primordial o
envolvimento da sociedade civil, destacando o "alto nível de inclusividade
e participação de todos os setores da sociedade no diálogo e nos esforços de
construção da paz".
O embaixador indonésio em Díli,
Sahat Sitorus, sublinhou o papel da ASEAN como "ponte para reunir todos na
mesa de negociação", com registos positivos na "manutenção de paz e
segurança na região" e intervenção, para reduzir tensões, em conflitos.
O diplomata declarou que
construir um sistema de democracia preventiva e aviso prévio, são necessárias
"ações sistemáticas", com o fortalecimento da "confiança entre
os países, o diálogo continuo e o reforço das capacidades em responder rapidamente
para evitar a escalada de conflitos".
"O poder destes mecanismos
depende também da cooperação e diálogo entre a sociedade civil e estruturas
oficiais", disse.
já a embaixadora dos Estados
Unidos em Díli, Kathleen Fitzpatrick, saudou o "valioso contributo"
que Timor-Leste tem tido no fórum, mais uma prova do "porquê dos Estados
Unidos apoiarem os esforços de Timor-Leste se tornar membro da ASEAN".
Por sua vez, a embaixadora da
Nova Zelândia em Díli, Vicki Poole, insistiu que na prevenção do conflito há
muito que os países não podem fazer sozinhos e "a que só podem responder
efetivamente de forma coletiva".
"Este é o modelo essencial
da diplomacia preventiva. Este é o valor de trabalhar em conjunto para alcançar
paz e estabilidade", frisou.
O encontro de três dias tem como
objetivo "aprofundar e melhorar a compreensão dos princípios da diplomacia
preventiva" e "explorar formas sobre como a ASEAN pode reforçar a
capacidade de impedir a escalada dos conflitos regionais através da implantação
de mecanismos de alerta precoce e de resposta antecipada".
Na reunião participam
representantes dos membros do Fórum Regional da ASEAN, nomeadamente a Austrália,
Bangladesh, Brunei, Camboja, Canadá, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte,
Estados Unidos, Índia, Indonésia, Japão, Laos, Malásia, Mongólia, Myanmar, Nova
Zelândia, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas, Rússia, Singapura, Sri Lanka,
Tailândia, Timor-Leste, União Europeia e Vietname.
O encontro conta ainda com
representantes do Instituto da ASEAN para a Paz e Reconciliação e do Grupo de
Pessoas Eminentes, instituições e organizações nacionais e regionais envolvidas
no alerta precoce e na paz e segurança, bem como aquelas que trabalham com
mulheres, jovens e populações minoritárias.
ASP // JMC