Díli, 05 mai (Lusa) - A estreante
Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD), uma das quatro coligações
candidatas às legislativas antecipadas de 12 de maio em Timor-Leste, teve hoje
o maior comício da campanha, com um sinal de força na capital timorense, Díli.
Ainda que aquém da dimensão de
comícios das duas maiores forças políticas, a Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) e a Aliança de Mudança para o Progresso
(AMP), o encontro em Tasi Tolo, na zona ocidental de Díli, mostrou o peso que a
FDD tem no cenário político timorense.
Agostinho Gomes, presidente da
Comissão Política Nacional da FDD, disse à Lusa que o voto de 2017 "foi
muito claro", com o eleitorado a "mandar uma mensagem de que quer
mudança", que a sua coligação surgiu por isso mesmo e que vai ter,
"pelo menos, oito lugares" no parlamento.
"Estamos convictos que de
nenhum partido vai ganhar a maioria absoluta, portanto o VIII Governo vai ser
um Governo de coligação e a FDD está pronta para qualquer partido. Temos que
pôr o programa à frente. Se concordarem com o nosso programa estaremos com
qualquer partido", disse.
"Já visitámos mais de 100
aldeias e os problemas são os mesmos: água potável, estradas e energia. São
três problemas mais comuns e mais urgentes para o país", explicou.
Gilman Santos, coordenador para
Assuntos Relevantes, insiste na agenda de mudança, afirmando que ao contrário
do que tem ocorrido em parte da campanha de outras forças políticas,
"agora não é tempo de contar a história, mas de ver qual é o melhor método
para o desenvolvimento" do país.
"Porque esta nação precisa
de desenvolvimento. Tem muito povo ainda a viver na pobreza e nós estamos só a
contar histórias e muitas vezes até histórias falsas. Um diz que fez mais, o
outro diz que foi fundador, mas até hoje ainda não tiveram a responsabilidade
de fundadores da nação", considerou.
"O desenvolvimento está a
andar, não nego, mas temos que ver a realidade de que o povo é que mais merece
este desenvolvimento. Se o povo ainda vive na pobreza, para que serve este
desenvolvimento", questiona.
A FDD reúne alguns dos maiores
partidos que não elegeram deputados em 2017, em concreto o Partido de Unidade e
Desenvolvimento Democrático (PUDD), a União Democrática Timorense (UDT), a
Frente Mudança (FM) e o Partido Desenvolvimento Nacional (PDN).
Um grupo que já foi maior, mas
que ficou mais reduzido na véspera da campanha.
No final do ano passado, quando
Timor-Leste já vivia momentos de grande tensão política e se começa a especular
sobre a possibilidade de eleições antecipadas, um grupo de nove forças
políticas decidiram criar uma coligação, a Frente de Desenvolvimento Nacional
(FDN).
Os nove partidos, incluindo o
6.º, 7.º e 8.º mais votados em 2017, obtiveram em conjunto 60.130 votos o que
os colocaria, se a coligação tivesse avançado, como terceira força política, à
frente do Partido Libertação Popular (PLP) que conseguiu eleger oito deputados
com os seus 60.098 votos.
Mas a FDN durou pouco e dela
nasceram, na prática, três coligações que se apresentam, por separado, às
eleições de 12 de maio, sendo a FDD a única que - pelo menos tendo em conta os
votos de 2017 - terá alguma hipótese de eleger deputados.
O caminho da FDD não tem sido
fácil. Na véspera da FDD formalizar a candidatura, um dos membros iniciais do
grupo, o Partido Republicano (PR) decidiu afastar-se por considerar não ver
representados os seus interesses no projeto de coligação pré-eleitoral.
Depois, a meio da campanha, o
líder da Frente Mudança (FM), José Luís Guterres, demitiu-se do partido e
declarou apoiar a coligação AMP, liderada por Xanana Gusmão. Além da saída de
José Luís Guterres, o futuro eleitoral da FDD pode ser afetado por algumas
divisões internas na UDT, com militantes do partido a declarar publicamente o
seu apoio à Fretilin.
"Cada cidadão tem o seu
direto político e a FDD respeita. Vai a pessoa, mas não vai o partido, a
direção da FM está connosco, nós estamos sólidos. A FDD está sólida. Sai um e
entram 20", afirmou Agostinho Gomes.
Gilman dos Santos nega que haja
divisões na UDT. "Quero dizer aos nossos duetistas que estão lá fora: a
UDT está unidade e a UDT está comprometida na coligação da FDD e só depois das
eleições é que vamos decidir se vamos ou não ao Governo, mas isto vai ser uma
decisão coletiva da FDD".
A campanha eleitoral para as
legislativas antecipadas em Timor-Leste termina em 09 de maio. A votação
realiza-se em 12 de maio.
ASP // MSF